O editorial do Jornal Extra contrário ao apelido do goleiro Alex Muralha caiu como uma bomba nos bastidores do Flamengo. A insatisfação foi geral no Ninho do Urubu e gerou uma mobilização do clube antes das finais da Copa do Brasil contra o Cruzeiro, dias 7 e 27 de setembro. A publicação foi tratada como uma espécie de “combustível” para os jogos que podem dar ao rubro-negro o tetracampeonato da competição e a vaga antecipada na Copa Libertadores de 2018.
Assim que tomou conhecimento do editorial na última sexta-feira (1), o elenco do Flamengo se fechou por Alex Muralha. Segundo apuração do UOL Esporte, os jogadores ficaram transtornados com o fato e logo manifestaram apoio ao companheiro. No centro de treinamento, o camisa 38 foi abraçado pelos atletas.
Houve uma conversa entre o elenco sobre o episódio. Muralha não escondeu o descontentamento, mas se manteve firme enquanto ouvia dos jogadores que uma nota conjunta seria divulgada para manifestar apoio público. Foi questionado se daria o aval para a iniciativa. Agradeceu e o comunicado foi divulgado.
Alex Muralha ouviu algumas vezes dos companheiros: “Estamos juntos. Continue trabalhando, o que importa é aqui. Confiamos em você”. Apesar do momento desfavorável do goleiro, que enfrenta má fase e críticas da torcida, o fato atingiu em cheio o aspecto motivacional do Flamengo.
Para integrantes do departamento de futebol ouvidos pela reportagem, o caso foi extremamente desagradável, mas pode ter um efeito positivo. Boa parte do grupo cultiva uma amizade fora do clube e organiza eventos frequentes com a presença de familiares. Alex Muralha e a mulher Tayrine estão sempre presentes.
O episódio envolvendo o goleiro será utilizado como fator motivacional, mas a preocupação interna é dar apoio psicológico ao jogador. O técnico Reinaldo Rueda não pode contar com Diego Alves e terá de escolher entre Muralha e Thiago para as finais da Copa do Brasil. Independentemente disso, o eleito terá o respaldo necessário para ajudar o Flamengo a tentar sair com o título. O desafio existe, mas a confiança no Ninho do Urubu aumentou de forma considerável para as decisões mesmo em um momento desfavorável.
A medida do Jornal Extra, divulgada em um editorial, causou reações em cadeia entre os torcedores nas redes sociais e posicionamentos dos envolvidos. Muralha disse que se sentiu “fichado” e considerou uma “humilhação” o que foi feito. O presidente Eduardo Bandeira de Mello definiu o editorial do veículo como “desrespeito inadmissível”.
Já o Extra tentou explicar a brincadeira e sustentou que não chamará o goleiro do Flamengo pelo tradicional apelido. A reportagem apurou que o rubro-negro entrou em contato com as assessorias de imprensa dos jogadores informando que nenhuma solicitação do periódico será atendida até que um pedido de desculpas seja feito. O Saferj (Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) emitiu nota de repúdio e acionará judicialmente o jornal. Além disso, pedirá aos jogadores dos demais clubes cariocas que suspendam as entrevistas ao Extra até que o pedido de desculpas chegue ao atleta Muralha.
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