23 de novembro de 2024
Esportes

Finanças do Goiás em 2020 em sua pior crise

Uma das equipes de futebol mais tradicionais da região Centro-Oeste do Brasil, o Goiás, tem passado por um dos períodos mais difíceis de sua história. Com somente dois meses de mandato, o presidente Paulo Rogério Pinheiro acabou revelando a atual situação do time, que tem suas finanças em um estado crítico. O mandatário relatou à imprensa que, ainda no ano passado quando a equipe disputava a Série A do Brasileirão, eles quase perderam partidas por W.O., por conta dos problemas financeiros.

“O Goiás está passando pela maior crise da história do clube. Peguei essa “batata quente” sabendo disso, não estou reclamando. […]. O que eu fiz até agora nesses dois meses foi apagar incêndio dia a dia. Corremos risco de perder duas partidas por W.O. na Série A. Foram coisas absurdas, falta de dinheiro, dívidas e tudo mais”, afirmou Paulo Rogério.

Essa situação, no entanto, não combina nem um pouco com o clube esmeraldino. O Goiás, apesar de ter disputado a segunda divisão algumas vezes, sempre teve uma frequente presença na elite do futebol brasileiro, ao menos após a implementação do sistema de pontos corridos, a partir de 2003. O bom desempenho do time nesses últimos anos foi resultado de ótimas gestões tanto fora quanto dentro de campo, que deixaram o Goiás com uma boa base de torcedores, que além de acompanharem o time de perto, costumavam aproveitar as promoções oferecidas pelas plataformas com as melhores apostas esportivas para dar palpites nos jogos do Esmeraldino.

Mas, neste artigo iremos destrinchar alguns números referentes a 2020 que ajudam a explicar o que deu errado na última temporada e quais os problemas que podem estar por vir.

Cenário

No ano passado, o clube perdeu uma parcela importante da sua receita. Sendo que uma parte ocorreu por conta dos direitos de transmissão, já que não vinha apresentando um bom desempenho em campo, e outra parte com as bilheterias, que foram fechadas por conta da crise sanitária. Ainda assim, esse não foi o maior problema dos esmeraldinos.

Na verdade, a pior parte são as dívidas acumuladas. Sendo que em 2020 elas praticamente dobraram em relação ao ano anterior. Até o ano passado, o time tinha uma poupança boa, montada no período em que recebia luvas por direitos de transmissão. Porém, essas economias foram torradas – em 2019, o faturamento do Goiás alcançou os R$ 99 milhões, e as dívidas estavam na casa dos R$ 42 milhões. Já em 2020, esse faturamento caiu para R$ 90 milhões, enquanto as dívidas somaram R$83 milhões.

Arrecadação prejudicada

Boa parte da arrecadação do Esmeraldino através da mídia acabou sendo prejudicada. Por exemplo, algumas receitas não foram contabilizadas no ano de 2020, como os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, que foi adiado por conta da crise sanitária, deixando o balanço para 2021. Ademais, as premiações também foram menores para a equipe, pois na Copa do Brasil o time caiu ainda na terceira fase da competição, ficando longe das fases em que o pagamento é mais generoso. 

E para 2021, a situação não melhora nem um pouco, já que a receita que anteriormente não era tão alta na Série A, ficará menor ainda na Série B. Isso porque a cota fixa da segunda divisão é R$ 8 milhões, ficando ainda menor após as deduções, como direito de arena e INSS. Sendo que esta seria a principal fonte de receita do time.

Dessa forma, a situação do clube é ruim, talvez não tão desesperadora quanto a de outros times da Série B, mas sim se comparado ao retrospecto recente do próprio Goiás. Com isso em mente, nos próximos meses o Esmeraldino deve focar em recuperar suas receitas; e o retorno público aos estádios deve ajudar bastante neste ponto. Além disso, é importante que o clube consiga o acesso à elite do futebol brasileiro de volta, já que os direitos de transmissão dependem inteiramente disso. E daqui para frente, resta ao time continuar com uma gestão modesta e eficiente, passando essencialmente por uma reestruturação financeira.


Leia mais sobre: Esportes