05 de outubro de 2024
ELEIÇÃO MUNICIPAL

Filhas de médico que assina laudo que difama Boulos mostram tatuagem para provar falsificação

Uma médica e uma analista de sistemas, filhas do médico cuja assinatura foi falsificada em documento divulgado por Marçal estão indignadas com o caso
Grafia da tatuagem que se baseou na assinatura diverge do documento que Marçal divulgou Fotomontagem Tv Globo portal G1
Grafia da tatuagem que se baseou na assinatura diverge do documento que Marçal divulgou Fotomontagem Tv Globo portal G1

As filhas do médico que assina o laudo divulgado por Pablo Marçal (PRTB), ex-influenciador digital goiano que disputa a prefeitura de São Paulo, em que consta uso de drogas pelo também candidato, o professor Guilherme Boulos (PSOL), dizem que o documento é “mais falso do que ele (Marçal)”, e que o ex-coach é um “mentiroso patológico”, apresentando como prova de falsificação até uma tatuagem com a assinatura original do pai, o hematologista José Roberto de Souza, falecido em 2022, aos 82 anos. As declarações foram publicadas em primeira mão pelo jornal O Globo e Tv Globo neste sábado (5).

Em seu perfil no Instagram, o ex-coach compartilhou na sexta-feira (4) o que seria um laudo de encaminhamento médico de Boulos assinado por Souza para uma emergência psiquiátrica, em 2021, quando o hematologista já nem clinicava porque estava muito doente, segundo a família. O documento difama o candidato do PSOL dizendo que ele apresentava “um quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas”. O registro também mente ao informar que o paciente havia feito uso de cocaína.

PF investiga e juiz manda excluir vídeos

Boulos reagiu denunciando o adversário. A Polícia Federal está investigando o caso. Neste sábado, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo determinou que os vídeos em que Marçal divulga o documento falsificado sejam excluídos das redes sociais. O juiz negou a suspensão total das redes de Marçal, mas destacou a “falsidade do documento”, além da proximidade do dono da Mais Consultas, de onde teria saído o documento com assinatura falsa, com o próprio Marçal. Esse mesmo amigo, chamado Luiz Teixeira Júnior, já teria sido condenado por falsificação de diploma médico.

A decisão foi dada em resposta a uma representação ao TRE da campanha de Guilherme Boulos.

Uma das filhas, a oftamologista Aline Garcia Souza, contou à Tv Globo que o pai atendia apenas em Campinas e cidades da região, entre elas Hortolândia, apenas como hematologista.

Mesma assinatura para tudo, virou tatuagem na filha médica

“Eu era muito ligada ao meu pai e ele sempre fez a mesma assinatura para tudo. Sempre era assinatura, e nunca fazia visto. Sempre assinou igual nos documentos dele, a vida inteira. E eu sempre gostei muito da assinatura, tanto que com a perda dele eu quis registrar essa assinatura em uma tatuagem na região da costela. Fiz ano passado, um ano após a morte. A assinatura [usada no documento divulgado por Marçal] é completamente diferente da dele”, afirmou a filha.

Ainda conforme Aline, a família está assustada com a situação. A irmã dela, Carla, moradora de Valinhos, no interior de São Paulo, soube que o nome, registro médico e assinatura do pai dela aparecem em laudo falso divulgado por Marçal nas redes sociais, na madrugada deste sábado.

“Ele só fala mentira, é um mentiroso patológico. Um criminoso, na verdade. Essa assinatura é mais falsa do que ele próprio”, afirmou Carla ao Globo. “Se alguém achava que o Bolsonaro era ruim, essa criatura abjeta é muito pior”, completou.

Oficial de Justiça deu a notícia sobre assinatura em documento falso de madrugada

Analista de sistemas, a mulher foi diagnosticada há mais de 30 anos com esclerose múltipla, e disse que foi acordada às 3h30 deste sábado por um oficial de justiça que pedia que ela conferisse se a assinatura do documento era verdadeira.

Como estava acamada, ela não conseguiu receber o oficial, mas recebeu o documento depois e verificou que a assinatura do pai era falsificada. À colunista do GLOBO, Malu Gaspar, Carla afirmou que vai processar Marçal e o dono da clínica Mais Consultas, onde teria sido expedido o laudo. Ela reforçou que Souza atuava em Campinas e nunca atendeu em São Paulo.

O jornal localizou também uma ex-funcionária de José Roberto de Souza que afirmou  não reconhecer a assinatura que consta no papel. Iolanda Rodrigues trabalhou com o médico por 31 anos no Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Campinas (IHHC).


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