19 de novembro de 2024
Mundo

Fifa é acusada como cúmplice nos maus tratos a operários no Qatar

Com a eleição marcada, a questão que se abre é sobre as candidaturas. (Foto: Agência Brasil)
Com a eleição marcada, a questão que se abre é sobre as candidaturas. (Foto: Agência Brasil)

A Fifa está diante de um iminente processo na justiça suíça por cumplicidade aos maus tratos recebidos por operários migrantes que trabalham nas construções da Copa do Mundo de 2022 no Qatar. O caso foi revelado pelo jornal “The Guardian” nesta segunda-feira (10).

O procedimento legal em questão foi levantado pela Confederação de Sindicatos da Holanda (FNV) em defesa de Nadim Sharaful Alam, um migrante de Bangladesh que foi trabalhar nas obras qatarianas. O caso é o primeiro no qual a Fifa é colocada como “responsável direta” na corte suíça.

Advogados de Alam e da FNV entraram em contato com a entidade na noite de domingo e deram três semanas para que Gianni Infantino, presidente da federação, admita a cumplicidade e pague os danos ao trabalhador antes que ele vá à justiça.

Na carta enviada à Fifa, o grupo pede que a ela “admita que agiu de maneira equivocada ao dar a Copa de 2022 no Catar sem cobrar a garantia de que o país se atente aos direitos humanos e de trabalho fundamentais aos operários migrantes cujo trabalho é ligado ao Mundial.”

Desde que o Qatar foi eleito como sede da Copa do Mundo de 2022, cerca de 1,7 milhão de migrantes entrou no país para trabalhar nas construções dos estádios e estruturas do evento.

A compensação financeira pedida por Alam é “modesta”, segundo o “Guardian”, que alerta que o caso do bengalês abre portas a milhares de outros casos semelhantes, o que pode significar em indenizações milionárias a serem pagas pela Fifa.

Condições escravas

A Copa do Mundo colocou em holofote internacional o sistema de trabalho que os imigrantes são submetidos no Qatar, chamado “kafala”. Comum nos países do golfo Pérsico, como o Qatar, ele prende o empregado estrangeiro, migrante, ao empregador e levanta comparações com a escravidão.

No sistema, os empregadores podem proibir a mobilidade dos seus funcionários. Ou seja, o empregado não tem a liberdade de trocar de emprego sem a permissão de seu chefe anterior, nem de reclamar das condições de trabalho, pois isso pode resultar em deportação.

A Fifa tem argumentado que faz o que pode no seu relacionamento com o governo do Qatar no que diz respeito a trazer condições satisfatórias de trabalho nas obras da Copa do Mundo. Já a acusação feita por Alam e seus representantes defende que a entidade deveria ter exigido que o país reformulasse seu sistema trabalhista, permitindo que os migrantes trocassem de emprego, tivessem a liberdade de deixar o país livremente e o direito de formar sindicatos.

(Folhapress)


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