O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, no início da noite desta quarta-feira (16), o aumento, pela terceira vez consecutiva, da taxa básica de juros da economia em 0,75 ponto porcentual. Com isso, a Selic será elevada para 4,25% ao ano. Esse é o maior nível do indicador desde o final de 2019.
A decisão, entretanto, foi recebida com preocupação pelo setor industrial. Na avaliação da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), o aumento da taxa básica de juros, que tem efeito cascata em todo sistema financeiro, vai dificultar ainda mais o acesso ao crédito, limitando investimentos e trazendo ainda mais dificuldades para a retomada consistente da atividade produtiva.
“Como reflexo, temos taxas bancárias e juros mais altos e crédito mais caro. Na prática, aumenta o custo financeiro da produção. As empresas estão sufocadas pela pandemia e recessão. Aumentar juros nesse momento é trazer ainda mais adversidades em um cenário em que o empresário luta para manter empregos e portas abertas”, afirma o presidente da Fieg, Sandro Mabel.
De acordo com dados da FGV Social, o poder aquisitivo do brasileiro teve redução de 10,89% no primeiro trimestre de 2021, comparado com mesmo período do ano passado. “Considerando o atual quadro de nossa economia, é possível que esses aumentos sucessivos da Selic não tragam o efeito desejado”, questiona Sandro Mabel.
A alta da inflação é apontada como principal fator para o reajuste da Selic. Em maio, o indicador no País ficou em 0,83%, resultado mais expressivo para o mês desde 1996. O incremento elevou a taxa anualizada da inflação para 8,06%, muito acima do teto da meta definida pelo governo, de 5,25%.
“Para 2021, o governo traçou meta de 3,75% para inflação, podendo variar 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Como o resultado do primeiro semestre já mostra uma dificuldade em se manter dentro dessa meta, o Copom tem optado por aumentar a taxa de juros na tentativa de controlar essa inflação”, explica a assessora econômica da Fieg Januária Guedes.
Entretanto, na opinião da economista, a estratégia do governo de adotar política monetária contracionista, com aumento dos juros para reduzir a demanda por crédito e reduzir a circulação de moeda na economia, não condiz com a realidade do mercado interno. “A inflação que o Brasil tem experimentado nos últimos meses é reflexo do aumento no valor das commodities, combustíveis, energia elétrica e do dólar, e não por um aumento efetivo da demanda por produtos”, observa Januária.
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