05 de dezembro de 2025
ANTI-DIPLOMACIA PREJUDICOU

Haddad acusa Eduardo Bolsonaro de atrapalhar reunião com Tesouro dos EUA sobre tarifaço

Ministro da Fazenda afirma que encontro foi cancelado após articulação da extrema-direita; governo prepara MP para ajudar exportadores
Fernando Haddad disse que articulação da extrema-direita minou agenda de negociação - Foto: arquivo / Agência Brasil
Fernando Haddad disse que articulação da extrema-direita minou agenda de negociação - Foto: arquivo / Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lamentou que uma reunião com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos Scott Bessent, que estava marcada para quarta-feira (13) foi cancelada após articulação da extrema-direita brasileira. O esforço do governo com esta conversa visava mitigar o tarifaço imposto ao Brasil pelos EUA, mas, segundo ele, Eduardo Bolsonaro prejudicou o diálogo.

Durante entrevista ao programa Estúdio I, da Globonews o ministro reclamou: “A militância anti-diplomática tomou conhecimento e agiu junto a alguns assessores”, disse.

Haddad disse que a reunião foi desmarcada após uma entrevista de Eduardo Bolsonaro, em que o filho do ex-presidente disse que agiria para que o encontro não ocorresse.

“Aqui há uma força política que tem expressão na vida pública que está fazendo uma espécie de antidiplomacia a cada ação diplomática do governo. Recebemos essa informação dois dias depois do anúncio que eu fiz, em que o Eduardo publicamente deu uma entrevista que ia procurar inibir esse tipo de contato entre os dois governos”, afirmou o ministro.

Ele contou que a reunião foi desmarcada por e-mail, e que não foi marcada uma nova data. Segundo Haddad, a justificativa foi falta de agenda. “Tentamos junto à assessoria do Secretário do Tesouro remarcar a reunião, mas logo percebemos que não era o caso”, detalhou.

Para Fernando Haddad, como muitos que apontam fatores geopolíticos relacionados por exemplo ao Brics, a falta de interesse de negociar com o Brasil sinaliza que os EUA estão mudando sua relação com o mundo e que não se trata de uma questão meramente ideológica.

Não é uma questão ideológica, governos mais amigos ou menos amigos. O que ele está fazendo com a Índia mostra que é uma mudança de postura geopolítica” – Fernando Haddad

Expectativa por Medida Provisória

O ministro da Fazenda citou por alto algumas das medidas previstas na Medida Provisória que será apresentada pelo governo para ajudar os setores atingidos pelo tarifaço. A expectativa é de que a MP seja anunciada nesta terça-feira (12), segundo previu o vice-presidente Geraldo Alckmin nos últimos dias, embora, nos bastidores, também houvesse uma esperança de que o assunto fosse tratado somente após a reunião que Haddad teria com Scott Bessent.

“Tem linhas de financiamento, questão tributária e tem compras governamentais. Estamos autorizando o poder público a fazer determinadas aquisições quando cabe”.

Empregos

Haddad contou ainda que a MP prevê a manutenção dos empregos para as empresas auxiliadas, mas o governo entende que nem todas conseguirão atender a demanda.

“A manutenção de empregos está previsto na MP, obviamente teremos empresas que não poderão garantir, e a MP flexibiliza em alguns casos, com outros tipos de contrapartida. A MP tem que ter certa flexibilidade. São mais de 10 mil empresas, não vamos conseguir colocar todo mundo na mesma moldura.”

Na entrevista o ministro disse ainda que dentre as medidas apresentadas ao presidente Lula para ajudar os exportadores afetados pela tarifa de Trump há medidas estruturais que vão beneficiar as exportações brasileiras. Segundo ele, para atender o exportador, foram incluídas na MP duas mudanças que envolvem o Fundo de Garantia para Exportações.

Estamos fazendo uma reestruturação no FGE para garantir que toda empresa brasileira que tiver vocação de exportar vai ter instrumentos modernos para fomentar a exportação para o mundo inteiro, porque muitas empresa vão ter que mudar de destinos” – Fernando Haddad


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