Ele é o terceiro youtuber brasileiro que mais tem inscritos em seu canal (cerca de 13 milhões), mas odeia preparar o ambiente para gravar seus vídeos. Tem 1,80m, mas muita gente pensa que ele é baixinho. É super parceiro do irmão, mas já ficou quatro meses sem falar com ele por causa de uma briga. Faz caras e bocas em seus vídeos, mas se recusa a falar com voz de neném com a namorada. Tem depressão. Faliu quatro negócios antes de fazer sucesso.
Essas e outras curiosidades sobre Felipe Neto, 29, estão reunidas no livro “Felipe Neto – A trajetória de um dos maiores youtubers do Brasil”, que será lançado oficialmente neste domingo (10), na Bienal do Livro do Rio.
“Decidimos chamar de livrão porque é mais que uma revista e menos que um livro. É uma espécie de almanaque, atrativo para todas as faixas etárias. Tenho atualmente um público muito abrangente, que inclui crianças, adolescentes e adultos”, diz.
A obra une textos de Felipe, reportagens, fotos, pôsteres, brincadeiras e jogos relacionados ao youtuber. Tudo inédito. “Tem também uma grande surpresa dentro do livro que não posso revelar. Quem achar, vai poder baixar”, revela ele, em entrevista exclusiva à reportagem.
ORIGEM HUMILDE
Antes de estourar como youtuber, Neto morou com a mãe, com a avó e com o irmão numa casa no Engenho de Dentro. No livro, ele compartilha memórias da época em que vivia na zona norte da capital fluminense.
“Cresci vendo a minha mãe administrando dívida atrás de dívida e, mesmo assim, nos deu uma educação exemplar, sempre reforçando a importância dos bons valores. Falávamos muito que não tem problema ser pobre, o problema é ser mau-caráter. Ela nunca nos deu a visão de que o dinheiro é a coisa mais importante da vida”, relata, em uma passagem do livrão, que conta com mais detalhes sua trajetória de sucesso.
Depois, o youtuber morou por cinco anos em um apartamento no Flamengo, zona sul do Rio. Há um mês, mudou-se para a atual casa, localizada em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, onde recebeu a reportagem.
DA REVOLTA AOS CABELOS COLORIDOS
O sucesso repentino de Felipe Neto veio quando ele tinha 22 anos e criou o canal “Não Faz Sentido”, em 2010. Com óculos escuros, ele fazia críticas agressivas sobre diversos assuntos em seus vídeos.
Depois, fundou a produtora de vídeos on-line “Parafernalha”, que acabou lhe afastando da produção de conteúdo do canal por três anos. Em 2015, vendeu a produtora e quis voltar com o canal, mas ele já não fazia mais sucesso como antes. Era hora de mudar.
Em 2017, resolveu fazer um reposicionamento de imagem e se despedir de vez do personagem revoltado que encarnava em seu antigo canal.
“Bethany Mota foi a maior influenciadora do YouTube durante muito tempo, até que decidiu sumir um pouco e, ao retornar, nunca mais conseguiu se reestabelecer. Como ela, todos os outros youtubers NO MUNDO que tentaram voltar depois do sucesso, falharam”, diz Neto, em seu livro.
À reportagem Felipe Neto conta que não havia mais espaço em sua vida para um conteúdo de crítica e revolta. A nova fase do youtuber girava em torno de paz, amor e tranquilidade. “Queria mostrar isso para as pessoas.”
Atualmente, o canal de Neto é o sétimo mais assistido no mundo e o primeiro no Brasil -ambos na categoria humor-, com 160 milhões de visualizações por mês. A cada um milhão de inscritos, ele muda a cor do cabelo, que já foi platinado, azul, rosa, multicolorido, verde e vermelho.
DEPRESSÃO
O sucesso repentino do youtuber fez com que ele desenvolvesse depressão em 2010. “Não tive um sucesso gradativo. Fiquei com medo de perder aquilo que conquistei, de fazer vídeo ruim, de não ser bom o suficiente. Imagina: um dia você está ‘de boa’ na casa da sua mãe, sendo designer gráfico, e dois meses depois você é expulso de um shopping pelos seguranças, por causa da muvuca que causou.”
Neto contou com a ajuda do pai, que é psicólogo, para lhe ajudar. Atualmente, convive bem com a depressão, mas ressalta a importância de colocar o assunto em discussão, para desestigmatizá-lo.
LEITOR COMPULSIVO
Felipe Neto é apaixonado por livros. Não cursou faculdade, mas é autodidata. Ele conta que, atualmente, está apaixonado por literatura do século 19, mas lê sobre diversos assuntos, como marketing, negócios e games.
“Eu sou um péssimo aluno. Sempre funcionei muito mal tendo que aprender com alguém me ensinando, e isso me fez buscar alternativas para aprender sozinho. Sou autodidata, mas não no sentido ‘gênio’ da palavra. Eu aprendo com literatura. Não tenho faculdade mas leio compulsivamente.”
Seu horário preferido para ler é durante a madrugada. Este é o horário em que ele está mais “ligado”. Não é à toa que acorda ao meio-dia e dorme por volta das 4h30. No dia do bate-papo com a reportagem, o youtuber teve que levantar às 9h30. Rindo, disse que “estava um caco”.
A entrevista foi finalizada e a equipe de um site já estava em sua sala para gravar um vídeo institucional. Neto subiu para ajeitar o visual. Mesmo cansado, parecia estar de bom humor. Ao se despedir e subir as escadas para o segundo andar, entoou despretensiosamente uma música de Djavan:
“Pai e mãe, ouro de mina? Coração, desejo e sina? Tudo maaais?”
Lançado pelo selo Coquetel, do grupo Ediouro, o livro de Felipe Neto teve pré-venda de aproximadamente 25 mil exemplares.
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