22 de novembro de 2024
Brasil

Fator Temer isola MDB em articulações para o Planalto

Reunião da FECOMERCIO-SP (Brasília – DF, 26/03/2018) Presidente Michel Temer acompanhado do Presidente da FECOMERCIO-SP, Abram Szajman. Foto: Marcos Corrêa/PR
Reunião da FECOMERCIO-SP (Brasília – DF, 26/03/2018) Presidente Michel Temer acompanhado do Presidente da FECOMERCIO-SP, Abram Szajman. Foto: Marcos Corrêa/PR

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com o presidente da República mais impopular da história nas fileiras do partido, o MDB tornou-se “radioativo” nas conversas iniciais para a formação de alianças na disputa pelo Planalto, nacionalizando o isolamento que já era visto nos estados.

Apesar de ativos eleitorais valiosos, como o comando da máquina federal por Michel Temer, 86 segundos de tempo de TV, capilaridade nacional e dinheiro dos fundos eleitoral e partidário, o MDB é hoje alvo do pragmatismo de aliados, que tentam, pelo menos por enquanto, se desvincilhar da imagem do presidente e de seu governo.
O raciocínio começou a valer também para o principal fiador da gestão Temer, o PSDB. Como a Folha de S.Paulo mostrou no domingo (24), tucanos e emedebistas só devem caminhar juntos no Espírito Santo e em Roraima.
Assim que assumiu a coordenação política da campanha presidencial do tucano Geraldo Alckmin (SP), há duas semanas, o ex-governador Marconi Perillo (GO) incluiu o MDB na lista de partidos que seriam procurados em busca de aliança.
Ao longo da semana passada, no entanto, os tucanos decidiram mudar o discurso e passaram a tratar como inoportuna uma aproximação.
A avaliação é que, mesmo com o PSDB atingido pela Lava Jato, a situação do MDB é pior e poderia dificultar ainda mais a já pouco empolgante candidatura de Alckmin.
Além disso, os tucanos não veem disposição de Henrique Meirelles, candidato do partido, de desistir da corrida pela sucessão de Michel Temer.
Alckmin foi aconselhado por assessores a subir o tom e adotar uma postura mais hostil a MDB e Temer.
Com personalidade pacata, o tucano resistia mas, pressionado pela dificuldade em crescer nas pesquisas e ampliar seu arco de alianças, decidiu ir para o ataque, mesmo que de forma gradual e reativa.
O ex-governador de São Paulo não costuma sair às ruas com discurso belicoso contra adversários, mas entendeu que, sempre que perguntado sobre Temer, deve responder de forma dura, marcando distanciamento.
Em suas entrevistas recentes, Alckmin tem repetido que quem escolheu o MDB como parceiro nos últimos anos foi o PT, e que uma aliança com a legenda de Temer não está em discussão. A postura mais beligerante do tucano, intensificada nos últimos dias, irritou Meirelles e o Planalto.
Auxiliares do presidente afirmam que a alteração de postura tem pouca autenticidade e pode, inclusive, descaracterizar o ex-governador como candidato.
Isso porque, avaliam, o tom agressivo não combina com o estilo de Alckmin e pode assustar seu eleitorado cativo, passando a imagem de que ele está “desesperado”.
Essa resistência inicial ao MDB se alastra por outros partidos da base no plano nacional. DEM, PP, SD e PRB se uniram no chamado “centrão” e iniciaram conversas com pré-candidatos, inclusive com Ciro Gomes (PDT).
Para um parlamentar do DEM, a má vontade com o MDB poderá diminuir depois que o partido de Temer conseguir unir os três grupos que o integram hoje: aquele que defende a candidatura de Meirelles, o que quer o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim na disputa, e a ala mais prática, que quer a manutenção do partido no poder, independente de quem vença as eleições.


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