19 de dezembro de 2025
Educação estadual

Fátima Gavioli destaca avanços e desafios da educação em Goiás em balanço anual

Em entrevista à Rádio Difusora de Goiânia, secretária aponta melhorias na infraestrutura, foco pedagógico, investimentos bilionários e desafios como contratos temporários e energia nas escolas
Secretária estadual de Educação, Fátima Gavioli, durante entrevista à Rádio Difusora de Goiânia, nesta sexta-feira (19). Foto: Diário de Goiás.
Secretária estadual de Educação, Fátima Gavioli, durante entrevista à Rádio Difusora de Goiânia, nesta sexta-feira (19). Foto: Diário de Goiás.

A secretária de Estado da Educação de Goiás, Fátima Gavioli, fez nesta sexta-feira (19) um amplo balanço das políticas educacionais desenvolvidas ao longo de 2025, durante entrevista ao programa da Rádio Difusora de Goiânia. Em conversa com os jornalistas Jordevá Rosa, Altair Tavares, Vassil Oliveira e Isadora Pícolo, a gestora destacou avanços estruturais, pedagógicos e de equidade, além de comentar temas sensíveis como valorização dos professores, concursos públicos, contratos temporários e desafios ainda presentes na rede estadual de ensino.

Logo no início da entrevista, Gavioli afirmou que o momento é de fechamento do ano letivo e de prestação de contas à sociedade. “É uma alegria estar aqui novamente, poder falar desse fechamento do ano. Saio daqui e vou direto para o Conselho Estadual de Educação para fazer um balanço e falar sobre os avanços da educação”, afirmou.

Infraestrutura, aprendizagem e equidade

Ao ser questionada sobre os principais destaques da educação goiana em 2025, a secretária apontou melhorias em três frentes centrais: infraestrutura, aprendizagem e relações humanas. “Do ponto de vista estrutural, eu destaco a melhoria da rede física. Do ponto de vista pedagógico, a melhoria da proficiência. Os nossos alunos, a cada ano que passa, estão aprendendo mais português e matemática”, disse.

Segundo Gavioli, os resultados mais consolidados sobre aprendizagem devem aparecer a partir de meados de 2026, mas o trabalho já vem sendo feito de forma contínua. Ela ressaltou que o foco no ensino da matemática é uma tendência mundial e que Goiás tem acompanhado esse movimento.

Na área social, a secretária enfatizou a implantação de políticas de equidade, especialmente racial. “Há três anos nós estamos batendo na tecla da equidade. O censo escolar mostrava uma população quase toda branca, o que não condizia com a realidade. Hoje temos um retrato muito mais fiel, com população parda, preta e branca devidamente declaradas”, explicou.

Valorização dos professores e relação com o sindicato

Durante a entrevista, a secretária comentou o anúncio feito pelo governador Ronaldo Caiado sobre o pagamento de um bônus de fim de ano aos professores, frequentemente chamado pela categoria de “14º salário”. Questionada sobre as reivindicações do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Gavioli afirmou que respeita o papel da entidade, embora discorde de algumas posições.

“A posição do sindicato é confortável. Eles reivindicam mais, e isso faz parte do processo democrático. Eu respeito. Eles são eleitos para isso”, declarou. Ao mesmo tempo, destacou que a gestão precisa agir com responsabilidade fiscal. “Minhas conversas são sempre propositivas e firmes. Não posso trabalhar com orçamento que não existe.”

Mudança na carga horária e impacto financeiro

Outro ponto abordado foi a alteração na carga horária dos professores. De acordo com Gavioli, a mudança foi possível após a organização das contas públicas e a saída de Goiás do Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

“A lei federal do piso permite até dois terços da carga horária em sala de aula. Nós reduzimos de 32 para 30 aulas de 50 minutos”, explicou. Segundo a secretária, a medida gera impacto direto nas finanças do Estado. “Essas duas aulas a menos representam 1.382 professores a mais e um impacto de R$ 138 milhões por ano. Parece pouco, mas a dimensão é enorme”, alertou.

Ela reforçou que a decisão foi tomada com responsabilidade. “Eu não pretendo deixar a secretaria tão endividada quanto eu recebi”, afirmou.

Concursos públicos e contratos temporários

A secretária também comentou o encerramento do chamamento do último concurso da educação, considerado um dos maiores já realizados em Goiás. Ao todo, 5.050 profissionais foram aprovados. Ainda assim, Gavioli destacou que é impossível manter a rede estadual sem contratos temporários.

“A educação é dinâmica. Um professor pode faltar por doença ou por questões familiares. O contrato é uma necessidade constante”, explicou. Segundo ela, Goiás hoje possui cerca de 33% de professores contratados e o restante efetivo, percentual próximo ao praticado nacionalmente. “Não tem como abolir o contrato”, reforçou.

Desafios estruturais e energia nas escolas

Apesar dos avanços, a secretária reconheceu que ainda há desafios importantes. Entre eles, a necessidade de construção de novas escolas em regiões que tiveram crescimento populacional acelerado e problemas relacionados à rede elétrica.

“A dificuldade com energia elétrica em Goiás é histórica. Não é mais a subestação da Seduc, é a falta de energia para abastecer”, disse. Como alternativa, a secretaria tem investido em energia solar, embora nem todas as unidades tenham sido contempladas.

Aposentados e contribuição previdenciária

Questionada por ouvintes sobre a contribuição previdenciária dos aposentados, Gavioli esclareceu que a cobrança de 14% é prevista em lei federal e vale em todo o país. “Eu também sou aposentada e pago essa contribuição”, afirmou.

Segundo ela, há estudos em andamento para ampliar a faixa de isenção, hoje fixada em R$ 3 mil. “A intenção é chegar a R$ 5 mil, mas isso depende do orçamento, da arrecadação e do caixa do Estado. É uma responsabilidade muito grande”, ponderou.

Bons resultados e foco pedagógico

Ao final da entrevista, a secretária explicou os motivos que, em sua avaliação, levam Goiás a apresentar bons indicadores educacionais e alta aprovação da rede estadual. Para ela, o principal fator é o investimento consistente no pedagógico.

“Eu atribuo isso, em primeiro lugar, à formação de professores. Em segundo, à produção de material estruturado feita pelos próprios docentes”, afirmou. Gavioli destacou ainda que o Estado já investiu mais de R$ 10 bilhões na educação nos últimos anos. “É uma rede de apoio, uma junção de muitos fatores. Sem dúvida, o alinhamento pedagógico fez toda a diferença”, concluiu.


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