22 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:01

Família de menina morta dentro de escola no Rio vai processar o Estado

Família vai processar governo do RJ (Foto: Folha Press)
Família vai processar governo do RJ (Foto: Folha Press)

A família da menina Maria Eduarda, 13, morta na última quinta-feira (30) dentro de uma escola municipal em Acari, zona norte do Rio, pretende processar o Estado.

A menina fazia aula de educação física quando foi atingida por tiros. A perícia identificou quatro perfurações no corpo da estudante.

A polícia afirma que no momento em que a jovem foi baleada nenhuma operação ocorria na região, cercada por favelas conhecida pelos constantes confrontos entre polícia e traficantes.

No mesmo dia, um vídeo circulou na internet onde é possível ver dois policiais executando dois suspeitos com tiros de fuzil a queima roupa. A PM não esclareceu a dinâmica dos fatos que começou com a morte da menina e terminou nas execuções.

Os dois PMs que aparecem nas imagens executando os suspeitos tiveram prisão decretada pela Justiça.

O corpo da menina foi sepultado neste sábado (1), no cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, município da Baixada Fluminense.

Na sexta, parentes da vítima disseram que os tiros que atingiram a jovem partiram da polícia, que atirou em direção à escola ao avistar movimentação suspeita no local.

O tio da menina, Anderson Rodrigues Pereira, refuta a tese de bala perdida. Diz que a jovem foi alvejada na nádega e na cabeça.

“Bala perdida é um tiro só. Me explica como três tiros são bala perdida”, disse ele, em fala registrada pelo portal Uol.

A mãe da menina contou que a filha dizia estudar para dar uma vida melhor para a família, que mora na região.

“Mataram meu bebê. Estou com o coração partido”, disse a auxiliar de serviços gerais Rosilene Alves, 52.

Maria Eduarda, ou Duda, como era chamada, estava no sétimo ano do ensino fundamental. Ela tinha o sonho de virar esportista e gostava de praticar basquete.

A família está sendo orientada judicialmente pelo advogado João Tancredo, conhecido no Rio por atuar em causas sociais, quase sempre em ações relativos a abuso de autoridade e violência policial.

Tancredo é o advogado da família do pedreiro Amarildo de Souza, sequestrado e morto, segundo a Justiça, por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, em 2013.

Tancredo disse à reportagem que na próxima segunda-feira (3) ingressará na Justiça com ação contra o Estado, responsabilizando agentes pela morta da menina e pedindo indenização para a família.

“A família está lidando com isso de maneira muito lúcida e forte. Eles entendem que o Estado é culpado da morte da Maria Eduarda. Vamos lutar para que isso não fique impune”, disse ele.

(FOLHA PRESS)

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