O ex-prefeito e pré-candidato ao Executivo municipal de Bela Vista de Goiás, Marcos Teles (PT), afirmou, em entrevista ao Diário de Goiás, nesta segunda-feira (20), não existir necessidade da venda de imóveis públicos do município para a construção do novo cemitério da cidade. De acordo com o político, existem outras viabilidades para solucionar o problema.
“A venda de imóveis públicos deve ser a última alternativa a ser tomada por uma gestão”, enfatizou. “Na minha gestão, que era uma situação muito mais difícil que está hoje, nós fizemos uma ampliação no atual cemitério sem vender nenhum imóvel, nenhuma agulha do patrimônio público. Então eu penso que está faltando um pouco mais de gestão para resolver essa situação”, salientou.
O pré-candidato à Prefeitura de Bela Vista apontou outras possibilidades e projetos viáveis para os imóveis que encontram-se à venda. Na entrevista, ele também evidenciou o impacto político da situação no processo eleitoral e avaliou o cenário para o pleito no município, que, segundo Teles, segue parecido com a disputa do ano de 2004, na qual foi eleito.
Confira abaixo, em áudio e texto, a entrevista concedida ao jornalista e editor-chefe do Diário de Goiás, Altair Tavares, em sua íntegra:
Altair Tavares: Como pré-candidato, como o senhor analisa a venda de imóveis na cidade com o objetivo de construir o novo cemitério de Bela Vista?
Marcos Teles: Em primeiro lugar, eu penso que a venda de imóveis públicos deve ser a última alternativa a ser tomada por uma gestão. Acho que existem outras possibilidades. Na minha gestão, que era uma situação muito mais difícil que está hoje, nós fizemos uma ampliação no atual cemitério sem vender nenhum imóvel, nenhuma agulha do patrimônio público. Então eu penso que está faltando um pouco mais de gestão para resolver essa situação. Eu entendo que há a possibilidade de adquirir esse imóvel para a instalação desse novo cemitério, sem vender patrimônio público.
Altair Tavares: Entre os nomes à venda, quais especificamente o senhor contesta e por qual objetivo?
Marcos Teles: São quatro imóveis que estão à venda. Um prédio que serviu inicialmente para juízes, promotores, delegados e polícias, e está desocupado. Ao lado desse prédio, tem o prédio da antiga Câmara Municipal, que hoje está funcionando a biblioteca pública municipal. Vendendo esse prédio, não tem outro espaço público para instalar essa biblioteca. Ou vai fechar a biblioteca, ou vai ter que pagar aluguel. O outro prédio é a antiga Delegacia de Polícia que, no meu entendimento , seria um ótimo local para instalar o Conselho Tutelar do Município. E o pior de todos, que é o que eu mais estou sentindo como falta de bom senso é a venda do antigo Hospital Municipal. O prédio antigo, mas que tem plenas condições de ser recuperado, ser readaptado, e eu penso que lá eu tenho eu inclusive eu já estava discutindo o meu plano de governo para fazer lá um centro de especialidades clínicas. Além do centro de especialidades clínica, colocar lá uma clínica de hemodiálise. Porque aqui tem várias pessoas que necessitam, saem daqui todos os dias de madrugada, de van, pra ir pra Goiânia, e a gente sabe como ficam debilitadas essas pessoas quando termina o processo de hemodiálise. Então nós temos esse projeto de instalar ali no antigo prédio do hospital esse centro de especialidade e essa clínica para hemodiálise. Então, nós temos projetos para aquele espaço, que vai atender a população e eu entendo que aquele prédio jamais poderia ser vendido.
Altair Tavares: Bela Vista não tem recurso para a instalação do novo cemitério ou não poderia ter outras fontes para essa obra?
Marcos Teles: Então, eu acho interessante o seguinte: tem algumas cidades do tamanho de Bela Vista, com o porte Bela Vista, nós temos aqui em torno de 35 mil habitantes. Não necessita ainda de ter as chamadas marginais como a marginal Botafogo. E a prefeita (Nárcia Kelly) que chegou, conseguiu aprovar aqui na Câmara Municipal, – eu não quis saber o porquê, e ainda não efetivou -, um empréstimo de R$ 30 milhões para fazer uma marginal junto ao córrego. Uma intervenção numa área de preservação ambiental. Não há necessidade pra isso. Mas para esse projeto dessa marginal junto ao Córrego Sussuapara, ela conseguiu o empréstimo. Por que não fazer o empréstimo para indicar a aquisição da área e instalação do cemitério, se é que não tem recurso e provas. Pela arrecadação que tem hoje, eu imagino que um pequeno esforço e uma certa economia, o município tem plenas condições de adquirir essa área e instalar esse novo cemitério.
Altair Tavares: Qual é o impacto político que esse processo está tendo na cidade considerando o ambiente pré-eleitoral?
Marcos Teles: Olha, o que existe na cidade é justamente o questionamento que você fez inicialmente. A prefeita já está no final do seu segundo mandato, há praticamente sete anos e meio de mandato, e porque só agora, às vésperas das eleições é que vai vender esses imóveis? É no mínimo paira alguma dúvida no ar, soa muito estranho fazer esse processo de leilão nesse momento, até porque as exigências do órgão que faz a liberação da instalação de cemitérios exige que se faça uma série de de procedimentos que não foram feitos. Por exemplo, na época que eu fiz a ampliação do cemitério exigiram que eu fizesse uma sondagem no solo no mês de março, porque o mês de março aqui na nossa região é um período que das chuvas que o lençol freático está mais superficial. Então é necessário que faça essa sondagem. Eu não sei nem se foi feita essa sondagem e se foi feita essa sondagem, em qual área, se a prefeitura não adquiriu ainda essa área. Então, foi uma série de interrogações considerando que é no mínimo estranho essa situação agora nesse momento.
Altair Tavares: Como o senhor está formatando sua equipe e seu plano de governo, considerando sua agenda eleitoral?
Marcos Teles: Neste momento só a equipe de pré-campanha. Depois da equipe de campanha e futuro a equipe de governo, só depois de vencidas as eleições. Estamos discutindo com outros partidos a possibilidade de coligações, mas isso é um um processo que só vai definir mesmo lá pro mês de julho, no período das convenções oficiais.
Altair Tavares: Dessa eleição, o senhor traz uma experiência de gestão, e também de disputa eleitoral, qual tem sido a diferença dessa eleição com a anterior, na sua opinião?
Marcos Teles: Olha, é interessante. A gente sabe que cada eleição é uma história, cada eleição tem suas especificidades. Mas eu estou achando essa eleição muito parecida, em muitos aspectos, com aquela eleição que nós ganhamos em 2004. Até o número de candidatos pelo jeito vai ser o mesmo. Foram seis candidatos a prefeito e agora nós temos seis pré-candidatos a prefeito, novamente. Confirmadas todas elas, teremos o mesmo número. E a forma como eu estou sendo recebido nos lugares onde eu tenho ido, no meio rural, na cidade, a forma com que as pessoas me abordam e vêm falar comigo. Eu não preciso nem falar que sou candidato ou que eu quero conversar sobre política. As pessoas já me abordam e já falam: ‘olha, você é candidato mesmo? se você for, conta comigo, estamos com você’. Então, eu estou muito feliz com o trabalho que nós estamos fazendo. Sei que cada eleição os candidatos são outros, a realidade é outra, mas todas as circunstâncias da pré-campanha me levam a acreditar que nós podemos, com toda a certeza, repetir 2004.
Altair Tavares: Quais as alianças políticas que o senhor já consolidou apoio partidário?
Marcos Teles: Até agora nós não consolidamos nenhuma aliança. Estamos em conversações com muitos pré-candidatos a prefeito e existe uma possibilidade de lá na frente abrirem mão de suas candidaturas e nos apoiar. Agora, isso vai depender da evolução das pré-candidaturas daqui até lá. Acho que seria deselegante da minha parte se eu citasse os nomes e os candidatos, porque eu estaria, talvez, tentando diminuí-los e não é essa a nossa intenção. Nós queremos que eles se fortaleçam e que termos uma discussão, um debate, para o bem da nossa cidade. Que a gente consiga trazer essa união lá no mês de julho. Mas isso vai depender do debate. É interessante, que temos conversado, todos os meses fazemos reuniões, e vamos amadurecendo esse processo. Mas se caso todos confirmarem as candidaturas, nós vamos entrar na disputa como entramos em 2004, em candidatura solo. Na época, nem chapa completa para candidatos a vereadores nós tínhamos. Nós podíamos lançar, na época, 13 candidatos, tínhamos nove e fomos vencedores. Esse ano nós estamos com chapa completa e acreditamos que temos grandes chances de sairmos vitoriosos nesse processo eleitoral.
Altair Tavares: Uma das questões que se trata em algumas localidades é de polarização política. Em Bela Vista isso está presente ou é uma realidade diferente?
Marcos Teles: Eu acho uma realidade diferente. A prefeita está jogando muito pesado e não poderia ser diferente, puxando para o seu pré-candidato, quando o vice-prefeito também está fazendo uma boa campanha. Tem o ex-prefeito, Eurípedes, que tem sua força, e tem o nosso nome, além de mais duas candidaturas, que é a do Antônio Miguel e a do Arthur. Mas eu imagino que dificilmente essa disputa saia desses quatro primeiros nomes. Acho que vai ser uma disputa acirrada e que o processo eleitoral e a forma de fazer campanha é que vai decidir quem vai sair vitorioso nessa eleição.
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