O nível de água disponível no solo está muito baixo na maior parte de Goiás, por conta da falta de chuvas. Esta é uma situação muito ruim para a agricultura, pois a falta de água no solo prejudica o desenvolvimento das plantações. Este fator tem gerado dor de cabeça para os produtores rurais. De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, hoje há uma média na ordem de 10% na queda da produção agrícola.
Produtores rurais discutiram nesta sexta-feira (23) uma forma de tentar minimizar o problema. O presidente da Faeg se diz assustado com o problema e entende que algo precisar ser feito. “Jamais foi visto no Estado de Goiás dois anos com clima atípico. Precisamos resolver o quadro atual e dar mais segurança aos produtores no futuro”, afirma.
Segundo Schreiner, em algumas regiões do estado há perdas localizadas cima de 50% da produção, mas de forma geral pode estar em 10 % ou mais. As culturas mais prejudicadas são soja, milho e feijão.
De acordo com o assessor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) para a área de cereais, fibras e oleaginosas, Cristiano Palavro, a única região que choveu de forma regular foi o norte goiano. As demais sofreram com a estiagem.
Moacir José Rodrigues Júnior é produtor de soja em Santa Helena de Goiás, no sudoeste do Estado. Ele avalia que a queda na produção devido à falta de chuvas trará duras consequências para as próximas safras.
– “Em nossa região, 80 % dos produtores são arrendatários. Com a incapacidade de pagamentos, o produtor vai perder a terra dele para a cana-de-açúcar. Nós estamos muito preocupados com a monocultura na nossa região. Esse produtor ficará incapacitado por alguns anos de honrar os compromissos que ele fez de investimentos. Isso vai trazer uma situação para o comércio local. É um prejuízo em cadeia”, analisa.
José Mário Schreiner também avalia que se trata de um prejuízo em cadeia. “Um produto que deixa de ser colhido, ele já não é transportado, não é transformado, não gera empregos, não gera em impostos, e pode chegar às prateleiras mais caro”, destaca.
Seguro rural
Uma reclamação dos produtores rurais é de que apenas 15% das áreas plantadas em Goiás são seguradas. E mesmo assim os agricultores e pecuaristas, ao recorrer ao seguro, nem sempre recebem o socorro.
Um exemplo apresentado foi de uma máquina agrícola: ao apresentar um pequeno dano, o produtor tem dificuldades de arcar com o reparo, devido aos valores elevados da franquia. Desta forma, o produtor precisará desembolsar recursos, mesmo tendo contratado um seguro.
Elevação no Custo
A Faeg estima que a falta de chuvas possa resultar em elevação de preços na agricultura e na pecuária. Neste último caso, como não há uma boa formação de pastagens, o gado será obrigado a se alimentar de silagens e ração, à base de grãos de milho e soja.
– “Aumento também para o consumidor na produção de leite e na pecuária de corte, pois o pecuarista terá que lançar alimentos mais caros por conta da falta de pastagens adequadas para o gado”, destaca o presidente.
Outro problema é a possibilidade de racionamento de energia elétrica. A falta de eletricidade é outro fator que pode resultar no aumento dos custos da produção, já que agricultores e pecuaristas precisam adquirir grupos geradores.
Recuperação das lavouras e pastagens
A tendência é que chova de forma regular até o mês de maio. Algumas lavouras e pastagens ainda podem se recuperar, mas o cenário não é o mais animador.
– “Como a gente teve um grande atraso também no período de chuvas de outubro, isso atrasou bastante nosso plantio. Então as lavouras foram plantadas tarde e essa seca chegou num momento muito crucial que é o florescimento, o início do enchimento de grãos, a formação das vagens. Mesmo que caia chuvas regulares até março não será possível recuperar parte dos prejuízos” descreve Cristiano Palavro.
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