Uma reportagem especial da BBC viralizou na internet após relembrar que o presidente Jair Bolsonaro (PL), já defendeu as urnas eletrônicas no anos 90. Exatos 29 anos atrás o político dizia: “Esse Congresso está mais do que podre […] Estamos votando uma lei eleitoral que não muda nada. Não querem informatizar as apurações. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão 30 mil votos, e só serão contados 3 mil”.
Bolsonaro, já deputado federal na época, era filiado ao Partido Progressista Reformador (PPR) de Paulo Maluf, discursava para coronéis e generais da reserva na sede do Clube Militar do Rio de Janeiro em um evento sobre a “salvação do Brasil”. Na ocasião, ele fez uma defesa sobre as ainda inexistentes urnas eletrônicas, que só começariam a funcionar em 1996, como um antídoto contra fraudes que ocorriam no voto impresso.
Na época, o Jornal do Brasil, segundo a BBC, foi quem divulgou a reunião, mas que ocorreu sob sigilo em grande parte. Era claro, porém, que naquele lugar, uns defendiam o lançamento de candidaturas para as eleições de 1994 e, outros, como Bolsonaro, sustentavam que a via democrática era um “sistema viciado”.
Hoje, o discurso de Bolsonaro mudou. Suas declarações vão contra o que ele já acreditou um dia. Em 2018, enquanto candidato a Presidência pelo PSL, ele disse: “Lamentavelmente, o sistema derrotou o voto impresso […] Se tivéssemos confiança no voto eletrônico, já teríamos o nome do futuro presidente da República decidido no dia de hoje”.
Já recentemente, em 14 de julho, o próprio Ministério da Defesa, sob comando de Bolsonaro, sugeriu, para as eleições de 2022, uma votação paralela em cédulas de papel, sob a justificativa de testar a confiabilidade do sistema eletrônico.
Em 18 de julho, novamente: em uma reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, Bolsonaro criticou ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-os de sabotar eventuais medidas de transparência.
Por fim, na última quinta-feira (4), repetindo os ataques às urnas eletrônicas enquanto faltam menos de dois meses para as eleições, o presidente sugeriu mais uma vez que fosse adotado um modelo de apuração de votos semelhante ao da Mega Sena. “Temos que nos preocupar” disse o presidente sobre as urnas.
Em reunião com pastores da Assembleia de Deus em São Paulo, Bolsonaro chegou a afirmar que nos próximos dias pretende levar pessoas à Caixa Econômica Federal para mostrar como é a apuração do prêmio, que, na sua opinião, é mais “seguro”.
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