13 de agosto de 2024
Entretenimento

Extensa e detalhista, uma nova biografia de Paul McCartney quebra aura de bom-moço

THALES DE MENEZES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Rancoroso, inseguro, avarento, cruel, medroso.
Assim pode ser definido o Paul McCartney que brota das 856 páginas da mais nova biografia do ex-Beatle, escrita pelo jornalista inglês Philip Norman. Ela sai no Brasil no próximo dia 2 de junho.

Seria injusto com Norman dizer que ele exagera ao destacar defeitos de Paul. Mas é clara sua intenção de mostrar um biografado mais humano, distante do bom-mocismo atribuído pelos admiradores do músico inglês.

Só agora, perto de completar 75 anos no próximo dia 18 de junho, é que Paul tem expostos atritos com Linda (1941-1998), sua mulher por três décadas. A relação entre o músico mais famoso do mundo e a herdeira milionária da Eastman Kodak passava a impressão de felicidade constante, do tipo família em anúncio de margarina.

Os problemas do casal, insinuados em outras biografias, ganham corpo. Ao descobrir que Linda planejava lançar uma autobiografia com um “ghost writer”, Paul interrompeu a preparação. “Só há uma estrela nesta família”, disse, encerrando o caso.

Mas há muitas declarações de Paul, posteriores à morte de Linda, agradecendo o apoio dela na pior fase de sua vida, os anos seguintes à separação dos Beatles.
Paul foi tomado por uma insegurança que o levou a um quadro de depressão. Ele disse se sentir jogado no lixo, acreditando que nunca mais faria sucesso sem a banda. “Não sei como Linda aguentou viver comigo naquele tempo” é a afirmação dele.

Aparecem exemplos pontuais que exprimem rancor de Paul com Yoko Ono, mesmo que nos últimos tempos ele apareça sorridente ao lado da viúva de John Lennon em eventos do legado Beatle. Os fãs do quarteto que insistem em culpar Yoko pela separação da banda ganham alguma munição extra.
mudança radical

Quem conhece as biografias anteriores de Norman focando o universo dos Beatles sentirá uma mudança radical. Em 1981, ele vendeu um milhão de cópias só nos Estados Unidos com “Shout!”, a história da banda que foi lançada poucos meses depois do assassinato de Lennon, em dezembro de 1980

Paul aparece ali como egocêntrico, fútil e supervalorizado no trabalho de composição da banda. Repercutiu muito na época a definição de Norman, dizendo que John Lennon representava 3/4 do talento dos Beatles.

Em 2008, ele lançou “John Lennon: a Life”, com Paul colocado para escanteio, mas de uma maneira um tanto respeitosa, vale ressaltar.

Desta vez, Norman parece querer consertar as coisas com o Beatle canhoto, a ponto de dedicar um bom trecho inicial a um pedido de desculpas a Paul. Provavelmente em agradecimento ao biografado, que concordou em ceder sem restrições informações e fontes de pesquisa

A narrativa é detalhista ao extremo. Isso é bom em algumas passagens, como os tempos de escola, já que Paul chegou aos 16 anos com alguns clássicos dos Beatles escritos, como “When I’m Sixty-four”. Mas cerca de 70 páginas dedicadas ao casamento com Heather Mills, de 2002 a 2008, é um indefensável exagero.

Poderia abrir mais espaço para o Paul músico, genial.


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