De US$ 63 milhões por dia a US$ 74 mil. Essa foi a queda das exportações brasileiras de carne registradas pelo Ministério do Desenvolvimento.
Os números foram apresentados ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira (22).
O valor de US$ 74 mil representa, segundo o ministério, toda a venda de carnes ao exterior nesta terça-feira (21). O valor corresponde a quase zero perto do movimento habitual do setor.
A pasta registra no estudo que a média diária de exportações em dias úteis neste mês de março era de US$ 63 milhões até a deflagração da Operação Carne Fraca, pela Polícia Federal, no fim da última semana.
O dado foi interpretado como um sinal evidente da cautela dos importadores estrangeiros diante da crise no setor, apesar dos esforços do governo para derrubar barreiras à compra do produto nacional.
Há a avaliação de que os compradores aguardam um desfecho para o caso, com medo de comprarem carnes do Brasil e serem obrigados a manter os produtos estocados nos portos de destino, o que implicaria em altos custos de armazenamento.
Na segunda-feira (20), os embarques já haviam ficado levemente abaixo da média, com cerca de US$ 60 milhões enviados ao exterior.
Na avaliação do ministro da Indústria, Marcos Pereira, que pediu aos técnicos da pasta um monitoramento diário das vendas de carne, os exportadores decidiram segurar os embarques neste primeiro momento.
“Nossa análise é que os empresários estão aguardando. Eles estão muito cautelosos. Se eles exportam, correm o risco de ficar com a carga presa nos portos de destino, por exemplo. O custo de armazenagem é muito maior do que se guardar os produtos com ele. Isso segundo as conversas que vemos tendo”, afirmou o ministro à Folha de S.Paulo.
De acordo com Pereira, ainda é cedo para saber com clareza o impacto para a balança comercial. Mas, se a crise se prolongar, há risco de que o resultado do comércio exterior brasileiro seja comprometido.
“Evidentemente, se os embargos se mantiverem por muito tempo, pode ter um resultado negativo para a balança comercial. É um produto muito importante na exportação”, diz.
Prioridade
Nesta terça, ao visitar no Paraná um dos alvos da operação, o ministro Blairo Maggi (Agricultura) afirmou que pretende encerrar em até três semanas as investigações nos 21 frigoríficos investigados pela Polícia Federal.
A prioridade é liberar as seis unidades (dentro do grupo de 21) que realizaram exportações nos últimos 60 dias.
O ministério informou ainda que há três unidades sob investigação que estão proibidas de vender inclusive para o mercado brasileiro -duas no Paraná e uma em Goiás.
Embora só 6 das 21 unidades fizeram exportações nos últimos 60 dias, todas elas estão com as vendas para o exterior suspensas. O ministro afirmou, na terça, que o bloqueio é uma forma de mostrar aos importadores que existe “cautela” e “responsabilidade”.
“Para nós, não há diferença entre consumidores, brasileiros ou estrangeiros. Mas não precisamos suspender as vendas internas, porque não há problemas sanitários”, disse Maggi. (Folhapress)
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