Nos últimos anos, a remoção de próteses de silicone, conhecida como explante, tem se tornado cada vez mais comum entre mulheres brasileiras. Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (Isaps), o número de explantes aumentou significativamente, passando de 14.190 procedimentos em 2016 para 41.314 em 2023. A mudança reflete uma nova percepção em relação ao uso de próteses mamárias, motivada por questões estéticas, de saúde e pelo desejo de um estilo de vida mais natural.
A cirurgiã plástica Dra. Cristiane Gusmão, especialista em procedimentos estéticos e reconstrutivos, acompanha essa tendência em seu consultório. Ela relata que as razões para a busca pelo explante variam. “Algumas mulheres se sentem insatisfeitas com o resultado estético da cirurgia, outras enfrentam complicações como contratura capsular, quando o organismo reage à prótese, e há ainda quem busque o explante por questões de saúde, como a chamada ‘doença do silicone'”, explica.
A “doença do silicone” é um termo popular que engloba sintomas como fadiga, queda de cabelo, insônia e dores corporais, que podem surgir após a colocação das próteses. Embora não exista um consenso médico, muitos casos são referenciados por reumatologistas para a retirada dos implantes, como tentativa de aliviar os sintomas. “Ainda que rara, também há a síndrome Ásia, outra condição relacionada às próteses”, acrescenta a médica.
O aumento dos explantes reflete uma mudança cultural, com mais mulheres optando por corpos naturais e sem intervenções artificiais. “Ainda realizamos mais cirurgias de implante do que de retirada, mas o número de explantes vem crescendo. Isso mostra que há um desejo cada vez maior de simplificar e buscar bem-estar físico e mental”, afirma Dra. Cristiane.
O processo de explante pode envolver diferentes abordagens, dependendo do estado das mamas após a remoção do silicone. Em alguns casos, a paciente pode apresentar flacidez, que pode ser corrigida com a remoção de pele ou com lipofilling, técnica que utiliza gordura do próprio corpo para preencher o volume mamário. “Vai depender muito do grau de flacidez e da expectativa da paciente. Algumas preferem um pequeno volume com gordura, enquanto outras não querem nenhum corpo estranho ou cicatrizes, apenas a retirada da prótese”, esclarece Dra. Cristiane.
Cada caso é único, e a abordagem do cirurgião precisa considerar não apenas os aspectos técnicos, mas também o acolhimento emocional da paciente. “Realizo uma avaliação detalhada desde a primeira consulta, explicando todas as etapas do explante e os resultados esperados. Muitas mulheres relatam alívio e uma maior conexão com seus corpos após o procedimento”, destaca a médica.
Com a crescente busca pelo explante, é evidente que o conceito de beleza está evoluindo. A retirada das próteses, além de oferecer uma alternativa mais natural, contribui para que muitas mulheres se sintam mais confortáveis e alinhadas com suas escolhas estéticas e de saúde. O futuro da cirurgia plástica parece caminhar para opções cada vez mais individualizadas, respeitando as preferências e necessidades de cada paciente.
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