23 de dezembro de 2024
Brasil

Ex-presidente da Colômbia dispara: “O que Bolsonaro faz ao meio-ambiente prejudicará toda a América Latina”

Em entrevista ao Estadão, Juan Manuel Santos criticou a política ambiental de Bolsonaro
Em entrevista ao Estadão, Juan Manuel Santos criticou a política ambiental de Bolsonaro

Em entrevista ao Estadão publicada neste domingo (26/07), o ex-presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos disparou: “O que Bolsonaro faz ao meio-ambiente prejudicará toda a América Latina”. Ele governou a Colômbia por oito anos e encerrou o conflito com a guerrilha das Farc o que lhe rendeu um Nobel da Paz por toda a negociação. De algum tempo para cá, ele tem se engajado em causas ambientais. 

Durante a entrevista citou o engrandecimento da ciência na gestão da pandemia do novo coronavírus e afirmou que há grandes chances de aprendizado para poder tratar de outro problema existente: o aquecimento global. “Essa pandemia, por sorte, está colocando a ciência acima do populismo, da ideologia. Se isso for transferido ao meio ambiente, podemos acelerar as ações para parar o aquecimento global”, afirmou.

Importância à ciência na pandemia e no combate ao aquecimento global

Santos também citou países que têm priorizado as orientações das autoridades de sanitárias no combate ao novo coronavírus em detrimento aquelas que estão adotando políticas populistas. “A ciência volta a ser importante. Líderes e governantes precisam ter em conta a ciência para tomar suas decisões. É um dos efeitos positivos deste momento […] Países liderados por populistas autoritários geram desconfiança. É só olhar a diferença de resultados”, salientou.

Criticou o excesso de fundamentalismo e os efeitos negativos do radicalismo introjetado na direita e até ultra-direita. “Os ambientalistas mais pragmáticos são indispensáveis. Quando alguém é fundamentalista, muitas portas são fechadas a ele. Um ambientalista pragmático é que mais necessitamos, por exemplo, para parar a destruição do Amazonas”, informa.

Populismos não colaboram

Juan que foi ministro de Defesa num governo conservador anterior ao seu, ao chegar no poder converteu-se em um político progressista. Mesmo assim, conseguiu coalizar e chegar a um consenso com o país. Ao longo dos oito anos no poder, Soares apaziguou os ânimos no país na guerra contra as Farc. “O populismo, de esquerda ou de direita, é muito atrativo em determinada conjuntura, mas fatal no médio e longo prazo. A história o comprova. O importante é manter os diálogos para gerar uma massa crítica no centro”, pontua.

Por fim, criticou a política ambiental do Brasil com relação ao aquecimento global e até mesmo o fogo na  Amazônia. “Me preocupa muito, me dói muito como latino-americano o que ocorre no Brasil. O que Bolsonaro faz sobre o meio ambiente e a ordem internacional multilateral, no longo prazo, prejudicará toda a América Latina. A pandemia mostra que falar e atuar só na base da intuição e na ideologia não traz bons resultados”, disparou.


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