Por Fabio Hecico, especial para a AE
O Atlético-MG foi campeão da Copa Libertadores de 2013 com brilho de Victor em decisões de pênaltis naquele ano, inclusive no jogo decisivo. Dono da melhor campanha da atual edição, a equipe se garantiu nas quartas de final com outro goleiro se destacando nas penalidades. Após jogar abaixo do esperado contra o Boca Juniors e não ir além do 0 a 0 no Mineirão, repetindo o placar da Bombonera, o Atlético se garantiu após 3 a 1 nos pênaltis.
Everson, que cometeu falha num gol dos argentinos no tempo normal, anulado após sete minutos de confusão e análise do VAR, se redimiu ao defender duas cobranças dos argentinos e realizar a cobrança decisiva. Agora os mineiros aguardam o vencedor de River Plate e Argentinos Juniors.
Depois de um jogo equilibrado e com poucas chances de gols no Mineirão, a tensão dos pênaltis novamente apareceu no caminho de Cuca, até então invicto na modalidade pelo Atlético-MG. Já saiu ganhando no sorteio. Nacho González levou a melhor e escolheu bater primeiro. O ídolo Hulk foi logo perdendo, ao mandar na trave. Everson tinha de se redimir das falhas no jogo. Nada fez na cobrança precisa de Rojo, mas segurou o chute de Villa logo após Nacho empatar. Alonso virou para os mineiros.
Depois de tanto provocar e até ser advertido pelo árbitro, Everson defendeu a cobrança de Rólon. Bastava, aos brasileiros, não errarem mais. Hyoran, contudo, escorregou antes de bater. Tensão? Izquierdoz devolveu a alegria ao chutar para o alto. Everson assumiu a cobrança para garantir a vaga e saiu de possível vilão para o herói da noite.
Ficou deitado no chão, com mãos no rosto, chorando após mandar no ângulo de Rossi e garantir a vaga e a alegria mineira. Foi cumprimentado por todos. Entre lágrimas e sorriso, saiu de campo aplaudido.
Diante de um rival com pontas rápidos e habilidosos, o técnico Cuca optou por Nathan Silva na zaga ao invés do veterano Réver. Jair não se recuperou de lesão no ombro e deu liga a Allan. Do mais, um ataque rápido para tentar furar a forte marcação.
E a tão buscada vantagem no placar após o 0 a 0 em La Bombonera podia vir logo no primeiro ataque. Zaracho saiu cara a cara e bateu nas mãos do goleiro. Chama e de ouro perdida. O Boca logo equilibrou o goleiro e também assustou Everson, com Villa, Pavón e Briasco, seu trio ofensivo.
Depois de um início forte, de imposição, o Atlético fechou a primeira etapa lamentando o gol perdido no começo e com sentimento que a missão seria muito dura na etapa final após esbarrar num forte e bem postada defesa. O meio-campo com apenas Nacho Fernández na armação era presa fácil para os volantes argentinos.
A volta do intervalo foi com mais movimentação e intensidade, mais briga e, mesmo assim, as dificuldades de sempre. Nacho Fernández chamava os companheiros para marcar sob pressão, sem ser atendido.
O clima deu uma esquentada no campo e as disputas começaram a ser com excesso de força. Hulk parecia um tanto nervoso e o futebol deu lugar às faltas. O amarrado jogo era tenso e sem chances de gol até Everson falhar num cruzamento para a área. Saiu para encaixar e acabou soltando nos pés de Weigandt. O gol seria um duro golpe no até então dono da melhor campanha da Libertadores.
Mas um possível impedimento de González no lance acabou ocasionando a revisão do VAR e uma confusão generalizada com argentinos querendo “acompanhar” análise do lance e os brasileiros impedindo. Foram empurra-empurra e bate boca gigantes. Um jogador do Boca chegou a pegar a caixa do som para usar na confusão. O lance acabou anulado após sete minutos e muita reclamação dos visitantes.
O experiente goleiro Victor acabou expulso, assim como um integrante da comissão técnica argentina. Vendo o rival perdendo a calma, Cuca colocou Sasha na vaga de Tchê Tchê para atacar mais. De cara, o atacante serviu Savarino, que bateu raspando.
Após a falha de Everson no lance do gol anulado, o Boca começou a chutar de todo lugar, enquanto o Atlético-MG, desorganizado e na base da vontade, tentava de todo jeito. Numa cobrança de falta nos acréscimos, Nacho assustou. Nada de gols, porém, repetição do 0 a 0 e decisão nos pênaltis, com classificação mineira após 3 a 1.
FICHA TÉCNICA:
ATLÉTICO-MG 0 (3) x (1) 0 BOCA JUNIORS
ATLÉTICO-MG – Everson; Mariano (Hyoran), Nathan Silva, Júnior Alonso e Dodô; Allan, Tchê Tchê (Eduardo Sasha) e Nacho Fernández; Savarino (Borrero), Zaracho (Franco) e Hulk. Técnico: Cuca.
BOCA JUNIORS – Rossi; Weigandt, Rojo, Izquierdoz e Sández; Rólon, González (Campuzano) e Medina (Molinas); Villa, Pavon e Briasco (Orsini). Técnico: Miguel Ángel Russo.
CARTÕES AMARELOS – Hulk, Nacho Fernández e Nathan Silva (Atlético-MG) e Rojo, Sández e Weigandt (Boca Juniors).
ÁRBITRO – Esteban Ostojich (URU).
RENDA E PÚBLICO – Jogo sem torcida.
LOCAL – Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG).
(Conteúdo Estadão)
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