28 de novembro de 2024
Política

Esvaziados e sob chuva, protestos pedem ‘Fora, Temer’ e ‘Diretas-Já’

(Foto: Junior Lago/UOL/Folhapress)
(Foto: Junior Lago/UOL/Folhapress)

Protestos organizados nas cinco regiões do país pediram “Fora, Temer” e “Diretas-Já” em atos esvaziados que, na maior parte dos casos, reuniram poucas centenas de pessoas. Foram ao menos 16 manifestações pelo país.

Convocadas inicialmente por entidades da esquerda e por grupos da direita, as demonstrações perderam a adesão de movimentos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e foram castigados pelas fortes chuvas do domingo (21).

Na pauta, além da saída de Temer e da instituição de eleições diretas, os manifestantes se contrapunham às propostas de reforma da Previdência e trabalhista.

Em São Paulo, na avenida Paulista, barricadas foram montadas para proteger os prédios da Fiesp e do Shopping Cidade de São Paulo de eventuais atos de vandalismo, mas o ato ficou restrito às proximidades do Masp e teve carros de som de três entidades sindicais: CUT, Força Sindical e Conlutas.

“A chuva atrapalhou um pouco, mas os trabalhadores estão se preparando para ir a Brasília”, disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, sobre a manifestação contrária às reformas da Previdência e trabalhista programada para esta quarta (24). “Lá, serão 100 mil pessoas de diferentes centrais sindicais.”

Guilherme Boulos, coordenador geral do MTST e da Frente Brasil Sem Medo, avaliou que “o governo Temer perdeu qualquer condição política de se manter no poder” e que a saída da crise passa necessariamente por uma transformação radical do sistema político atual. Em discurso, disse que vai “barrar” as eleições indiretas.

“Se amanhã colocarem o Rodrigo Maia, é fora Maia. Se colocarem a Cármen Lúcia, é fora Cármen Lúcia”, disse. “Não adianta mudar o presidente e manter esta agenda antipopular.”

Sobre as manifestações, ele afirmou que, além da chuva, atrapalhou também o fato de que a mobilização para os atos foi de última hora.

“O que houve? Esse ato foi convocado com cinco dias de antecedência. Você consegue trazer artistas, setores que não estão organizados em movimentos sociais, você prepara, você faz interlocução”, disse.

Segundo ele, as próximas manifestações “se Temer insistir em se arrastar no governo” serão “muito maiores”.

Para Vagner Freitas, presidente da CUT, a chuva atrapalhou o ato. “Mas milhares de pessoas no Brasil inteiro estão se manifestando e deixando claro a reivindicação. Não é só o fora Temer, é Diretas-Já e a retirada das propostas de reformas”, disse.

Ele afirmou que os partidos que não abandonaram a base de Temer devem fazer não pelo tamanho de manifestações, mas porque produzem pesquisas que mostram a rejeição do presidente. “Os partidos sairão [do governo] sairão porque sabem Temer é um defunto ruim e ninguém morre abraçado com defunto ruim”.

Lideranças petistas, como Eduardo Suplicy, o deputado Carlos Zarattini e o senador Humberto Costa, também estiveram no ato em São Paulo, onde integrantes da Unidade Popular Socialista (UPS) colhiam assinaturas para a criação do novo partido.

OUTRAS CAPITAIS

No Rio de Janeiro, centenas de manifestantes se dividiram entre a orla de Copacabana e uma vigília em frente ao prédio onde mora o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), em São Conrado (zona sul), onde foi oferecido caldo de feijão aos participantes, uma ironia à feijoada que Temer pretendia oferecer a sua base aliada no Palácio da Alvorada no domingo (21). A baixa resposta ao convite fez o presidente cancelar o jantar.

No ato mineiro de Belo Horizonte, o deputado estadual petista Rogério Correia disse que “é muito bom ver o Aécio desmascarado nacionalmente”. “O verdadeiro tríplex é Aécio, Temer e Eduardo Cunha”, afirmou, em referência à ação que o ex-presidente Lula responde na Justiça Federal de Curitiba.

Na capital paranaense, militantes do PT vendiam camisetas estampadas com o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A candidatura lulista, no entanto, não era consensual entre os presentes. “Acima de apontar nomes, temos que discutir um programa para o país”, disse a advogada Clair da Flora Martins, 70, ex-militante do PT e da Rede.

Houve ainda protestos em Aracaju (SE), Belém (PA), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Goiânia (GO), Juiz de Fora (MG), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE), Salvador (BA), São Luís (MA) e Uberlândia (MG).


Leia mais sobre: Política