07 de agosto de 2024
Variedades

‘Estupro não tem nada a ver com sexo, tem a ver com poder’, diz Mônica Iozzi sobre série ‘Assédio’

Reprodução/Instagram
Reprodução/Instagram

Um elenco de atrizes emocionadas e com vozes embargadas comentou a série “Assédio”, após assistir ao primeiro episódio da produção, que estreia dia 21 de setembro só para assinantes do Globoplay. 

A produção é inspirada na história real do médico Roger Abdelmassih, condenado por violentar mais de 50 mulheres, todas pacientes dele, que era especialista em reprodução assistida.

Com um trailer pesado e um primeiro episódio com uma cena de estupro, as atrizes deixam claro o tom que a série dará à história. “É sobre dor, não é sobre sexo. Não tem peito aparecendo, não tem nada erotizado. É frio, é doloroso, e a Maria e a Amora foram geniais ao retratar isso tão bem”, dispara Paolla Oliveira, que vive a amante do médico.

A autora da série é Maria Camargo e a direção é de Amora Mautner. “As cenas são duras pelo tempo que dura. A imagem dele também nunca é totalmente mostrada, mas a dor do ato é retratada pelo close no rosto da mulher”, explica Amora.

As cenas de estupro não são como vistas na maioria dos filmes, afirma a atriz Monica Iozzi. “A maioria das cenas de estupro em filmes são construídas a partir do olhar do homem e sempre tem uma erotização. Na verdade, estupro não é sexo, mas tem a ver com poder. É um crime de ódio e as essa série retrata muito bem isso”, avalia Iozzi.

Iozzi e todas as atrizes afirmaram ter feito o papel mais difícil e mais importante de suas carreiras. “Minha técnica é entrar na situação e foi bem difícil estar nessa situação, sabendo que era uma história real. A minha personagem é uma das vítimas e também tem uma cena como a primeira cena em que aparece a personagem da Adriana Esteves, e não foi simples. Por tudo isso, é o papel mais difícil e importante de toda a minha vida”, diz a atriz. 

Inspirada no livro “A Clínica: A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih”, de Vicente Vilardarga, a autora Maria afirma que foram criados personagens ficcionais a partir da história real. “Todos os nomes foram trocados, mas também não criamos nada além do que aconteceu. Não poderíamos mostrar que ele enforcou um paciente, se ele nunca fez isso”, afirmou Maria.

“Como ele é condenado, não houve problemas jurídicos em produzir a série, apesar dele estar em casa e acho que vai assistir à série”, lembra Amora. O ator Antonio Calloni foi escolhido para viver Roger. “Foi difícil porque tive que acreditar nele, mas nada que é humano é estranho. Há todas as possibilidades dentro da gente. Tirei perversão, ódio e até amor das gavetas da minha personalidade”.

A atriz Mariana Lima interpreta a mulher de Roger, com o nome de Glória, e Paolla Oliveira viver a amante, sob o nome de Carolina. O terror das atrizes foi ter que amar o grande vilão da história. 

“Eu a Paolla tivemos que amar e respeitar um cara como um Roger. Foi bem difícil, porque nenhuma de nós nos identificava com o amor que essas personagens sentem”, afirma.

No entanto, a atriz diz estar feliz por trazer o assunto do assédio à tona. “A gente tem um candidato à presidência que promove o racismo e o assédio como modo de vida. Dá uma sensação de atualidade terrível. Não dá mais para virar a cara para isso. O assédio faz parte dessa cultura”, conclui a atriz. Ainda não há previsão de estreia na TV Globo.


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