08 de setembro de 2024
Brasil

Estudo mostra queda de efetividade de vacinas em idosos e sugere dose extra

Vacinação contra a covid-19 em Anápolis. (Foto: Divulgação)
Vacinação contra a covid-19 em Anápolis. (Foto: Divulgação)

A efetividade das vacinas CoronaVac e da AstraZeneca contra a covid-19 cai em faixas etárias mais avançadas. É essa a conclusão de um estudo promovido por pesquisadores brasileiros e publicado em formato pré-print na última quarta-feira (25).

Foram analisados dados de 60 milhões de brasileiros vacinados entre janeiro e julho deste ano. O estudo reafirma que as vacinas são efetivas para prevenir casos graves, hospitalizações e mortes. Porém, conforme, em idosos de 90 anos ou mais a proteção tende a um declínio.

De acordo com o levantamento, a AstraZeneca ofereceu aproximadamente 90% de efetividade contra hospitalização, admissão na UTI e morte, enquanto CoronaVac forneceu aproximadamente 75% de proteção após vacinação.

Queda em idosos

Porém, quando há uma discriminação por faixa etária, nota-se a redução da efetividade. No grupo de 80 a 89 anos, a AstraZeneca ainda protegeu 90% das pessoas contra mortes por covid-19. A eficácia da CoronaVac teve leve redução para 67,2%. Contudo, acima dos 90 anos, esses índices ficaram em 65,4% nos vacinados com AstraZeneca e 33,6% com CoronaVac. 

“Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas. O que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio. Essa é também a primeira comparação feita entre vacinas que usam diferentes plataformas”, contou Manoel Barral-Netto, pesquisador da Fiocruz. “A intenção é fornecer dados para embasar decisões dos gestores”, completou.

Segundo o estudo, a redução da efetividade pode estar relacionada à diferença das plataformas tecnológicas utilizadas pelas vacinas e seu impacto sobre a imunogenicidade, bem como a um processo natural de resposta imunológica menor em indivíduos mais idosos, chamado de imunossenescência. Para os pesquisadores envolvidos, em um contexto em que há uma disponibilidade limitada de vacinas, poder identificar com maior precisão os limites de idade em que a proteção imunológica fica comprometida torna-se uma evidência valiosa para implementação de medidas de saúde pública.

“Considerando o atual cenário no Brasil, nossas descobertas demonstram a eventual necessidade de uma dose de reforço vacinal nos indivíduos acima dos 80 anos que receberam CoronaVac e naqueles acima de 90 anos imunizados com a AstraZeneca/Fiocruz”, diz o estudo. 

Veja os indicadores trazidos pela pesquisa (medidos somente em quem tomou as duas doses)

CoronaVac

54,2% apresentaram risco menor de infecção pelo coronavírus;
72,6% menor risco de hospitalização;
74,2% menor risco de admissão na UTI;
74% menor risco de morte

AstraZeneca

70% tiveram menor risco de infecção;
86,8% apresentaram menor risco de internação;
88,1% tiveram menor risco de admissão na UTI;
90,2% menor risco de morte

Dose extra

O Ministério da Saúde anunciou que vai administrar dose extra em idosos a partir do dia 15 de setembro. Em Goiás, o governo disse que o reforço nos mais velhos que vivem em asilos e abrigos começa já na semana que vem, com um público estimado em 24 mil pessoas. A estratégia em âmbito federal é atingir o público a partir dos 70 anos.


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