Um estudo brasileiro publicado nesta quarta-feira (17) no Journal of the American Medical Association (JAMA) afirmou que altas doses de vitamina D não traz melhora na evolução de quadros de pacientes com Covid-19. O ensaio clínico para avaliar a eficácia dos medicamentos foi conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
De acordo com artigo publicado pela Agência Fapesp, o estudo foi realizado com 240 pacientes do Hospital das Clínicas (HC-FM-USP) e do Hospital de Campanha do Ibirapuera, entre os meses de junho e agosto de 2020. Os voluntários, que realizavam tratamento padrão hospitalar, com uso de antibióticos e anti-inflamatórios, foram divididos em dois grupos, sendo que uma parte recebeu uma única dose de 200 mil unidades (UI) de vitamina D3 diluída em óleo de amendoim e, os demais, apenas o óleo de amendoim.
O principal objetivo, conforme a publicação, foi avaliar se a suplementação aguda teria impacto no tempo de internação dos doentes. No entanto, o estudo buscou avaliar também se haveria redução do risco de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), intubação e morte. Em nenhum dos desfechos avaliados foi observada diferença significativa.
Em entrevista à Agência Fapesp, a pesquisadora Rosa Pereira, coordenadora do projeto, afirmou que “estudos anteriores in vitro ou com animais mostraram que a vitamina D e seus metabólitos, em determinadas situações, podem ter efeito anti-inflamatório, antimicrobiano e modulador da resposta imune”.
Por este motivo, foi definida a investigação com o intuito de para avaliar, principalmente, o impacto no tempo de tratamento da doença. “Decidimos então investigar se uma dose alta da substância poderia ter efeito protetor no contexto de uma infecção viral aguda, seja reduzindo a inflamação ou diminuindo a carga viral”, pontua.
No entanto, chegou-se à conclusão de que a administração do suplemento não é eficaz na evolução de pacientes com Covid-19 moderada ou grave “Até este momento, podemos dizer que não há indicação para ministrar vitamina D a pacientes que chegam ao hospital com a forma grave da COVID-19”, afirma a pesquisadora.
Ação benéfica da Vitamina D
De acordo com Bruno Gualano, pesquisador da FM-USP e coautor do artigo publicado pela Agência Fapesp, os achados demonstram que por enquanto não existe ainda uma “bala de prata” para o tratamento doença. No entanto, ressalta que “isso não significa, contudo, que o uso continuado de vitamina D não possa exercer alguma ação benéfica”.
A pesquisadora Rosa Pereira coordena, inclusive, um estudo na FM-USP que tem como objetivo avaliar se indivíduos com níveis suficientes de vitamina D circulantes no sangue lidam melhor com a infecção pelo Covid, do que aqueles com níveis insuficientes do nutriente. Segundo a especialista, o nível ideal de vitamina D no sangue e a dose diária que deve ser suplementada varia de acordo com a idade e as condições de saúde de cada indivíduo. Idosos e pacientes com doenças crônicas, entre elas a osteoporose, por exemplo, devem ter valores circulantes acima de 30 nanogramas por mililitro de sangue (ng/mL). Já adultos saudáveis, valores acima de 20 ng/mL seriam aceitáveis
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