19 de novembro de 2024
Política

Estudo compara as três eleições de Marconi e Iris

A eleição de 2014 para governador de Goiás é analisada por Mário Rodrigues Filho, diretor da Grupom Pesquisas de Mercado, em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás. Para ele, os eleitores esperaram um novo modelo de “fazer política”. Para ele, política não se faz somente em tempos de campanha eleitoral e este pode ter sido um grave erro da oposição, em Goiás. Nesta entrevista, que baseou-se uma tabela comparativa de três disputas eleitorais (veja abaixo), o experiente pesquisador e consultor de marketing político traça uma visão sobre o processo eleitoral que teve Marconi Perillo(PSDB) vitorioso contra Iris Rezende(PMDB).


ENTREVISTA/ MÁRIO RODRIGUES FILHO – DIRETOR DA GRUPOM PESQUISA DE MERCADO

Altair Tavares: O resultado de 2014 mostra que o marconismo cresceu e o irismo diminuiu no interior?  

Mário Rodrigues: Os resultados do segundo turno de 2014 mostram uma supremacia substancial de Marconi sobre Iris. Comparando-se os resultados do segundo turno de 2010 com os de 2014, observa-se o crescimento da votação,  tanto relativa quanto quantitativa, de Marconi em 167, ou seja  67,8%, dos 246 municípios goianos, enquanto que Iris teve sua votação com crescimento comparativo entre as duas eleições em apenas 19, ou seja,  7,7%, destes municípios. Nos 60 demais municípios, 24,4%, não houve variações significativas. (Veja a tabela comparativa com os dados de todos os municípios, abaixo)  

Altair Tavares: Quais seriam as razões do crescimento de Marconi em várias  cidades e da consequente queda de Iris?  

Mário Rodrigues: A identificação destas razões com maior precisão necessitaria de um trabalho de pesquisa exploratória específica para isso. Porém, tomando por base informações levantadas quando da campanha eleitoral, onde as pesquisas da Grupom não se resumiam somente aos percentuais de intenção de voto, observa-se 2 pontos fundamentais: Primeiro: que o modelo de fazer política de Iris Resende tinha vencido. Um estudo de Thomas Davenport aborda o fato de que nenhum modelo dura para sempre. Ele afirma que “se o mundo mudou de alguma maneira relevante, grandes são as chances de que o modelo não mais seja representação adequada da realidade”(*). Não era mais adequado ao momento. O eleitor se modernizou, a possibilidade de acesso às informações cresceu infinitamente, e muitos políticos não acompanharam essa evolução do eleitor. Segundo: As “promessas” de campanha, ou seja os compromissos do pretenso gestor para com a população, não eram transparentes em sua totalidade. A conta na maioria das vezes não fechava. O eleitor percebia que muitas dessas “promessas” eram inexequíveis, não tinham nenhuma credibilidade.  

Altair Tavares: Já havia algum sinal deste crescimento de Marconi e a queda de Iris em pesquisas antes do processo eleitoral?  

Mário Rodrigues: A Grupom realizou, desde meados de 2013, diagnósticos que mostravam que a população esperava por um candidato novo e moderno, uma esperança de quase 70% dos entrevistados. Não tinham Marconi como o candidato ideal, havia muita recusa em optar pelo nome dele. Esperavam aparecesse quem tivesse credibilidade, com modernidade e representasse o novo. Nos diagnósticos de potencialidades, metodologia desenvolvida pela Grupom, tanto Iris como Marconi tinham o mesmo perfil. Esse perfil de respostas permaneceu estável até o mês de abril deste ano. A primeira alteração foi quando Iris declarou que não seria candidato, mas ‘forçou a barra’ para retirar Júnior do Friboi, então pré-candidato pelo PMDB, da disputa. A pesquisa realizada após a declaração de Iris teve objetivo específico, indicando mudança no comportamento da intenção de votar dos entrevistados. Assumia de imediato, na pesquisa, a liderança da oposição o nome de Vanderlan Cardoso, que concorreu pelo PSB ao governo. A instabilidade criada por Iris dentro do PMDB e suas atitudes divulgadas pela imprensa fizeram aumentar “rejeição” dele, ou seja, não votariam nele. O processo metodológico desenvolvido, já citado, implicava também em localizar os pontos fortes e fracos de todos os possíveis candidatos. Neste momento, Marconi começou a apresentar mais pontos fortes do que fracos e, Iris, o inverso, mais fracos do que fortes.  

Altair Tavares: Iris reforçou a ideia de que Marconi continua novo?  

Mário Rodrigues: Cronologicamente, os dois envelheceram. Entretanto, Marconi entendeu os recados das pesquisas de forma rápida e precisa. Suas ações e em seu modo de “ser político” e de “fazer política” cada vez mais se apresentou como moderno, acompanhou a evolução tecnológica, de comunicação, de administrar e de interagir com o eleitorado. Ele teve uma disposição quase que inigualável entre os políticos, Iris não.  

Altair Tavares: Como esta análise da evolução dos dois nomes em três eleições pode orientar a estratégia dos partidos?  

Mário Rodrigues: Em resumo, já comentamos anteriormente, os partidos devem criar indicadores e capacitadores (Vide http://www.escolapsicologia.com/8-regras-para-criar-pensamentos-capacitadores/) para seus filiados com pretensão politica. Devem lembrar que política faz-se no dia-a-dia, e não somente em período eleitoral. O “povo” deve ser ouvido, constantemente, os movimentos sociais devem ser monitorados de forma inteligente. Mais importante do que “fazer política”, é “saber fazer”.  

Altair Tavares: A ampliação das cidades em que Marconi venceu significa que ele e seus apoiadores terão muito mais poder para as eleições municipais?  

Mário Rodrigues: Avaliando o crescimento de Marconi, comparativamente, desde 1998, quando disputou com Iris pela primeira vez, em 2010 e 2014, a propensão de força nos municípios será muito maior. Não só no interior, mas na região Metropolitana de Goiânia e na própria capital, que Marconi poderá fazer seus partidários ou coligados eleitos em 2016. Terão muito mais compromissos. Terão muito mais o que resgatar. Para finalizar, procuremos um “modelo” novo.  

(*)Davenport, Thomas H.,in Keeping Up With the Quants 2013 Harvard Business School Publishing

VEJA O RELATÓRIO COMPARATIVO DAS 3 ELEIÇÕES ENTRE IRIS REZENDE E MARCONI PERILLO

 

 

 


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