Primeiro sobrevivente brasileiro do acidente aéreo com a delegação da Chapecoense a ter alta, o lateral Alan Ruschel concedeu uma entrevista neste sábado (17) em Chapecó e disse que estar andando é um milagre.
Emocionado antes mesmo de começar a fala, o jogador, um dos quatro sobreviventes da tragédia do dia 29 de novembro, conseguiu manter a calma e responder à maioria das perguntas sem pausas. Ele também expressou muita gratidão com o tratamento que recebeu na Colômbia e no Brasil desde que acordou na clínica em Medellín.
“Um momento que caiu aquele avião Deus me pegou no colo e falou que eu tinha mais missão aqui na terra, por isso ele não me levou. A única explicação, são dois milagres: eu estar vivo e o milagre de eu poder estar andando. Os médicos falaram que foi uma lesão grave que eu tive na coluna. Poder estar andando, é milagre de Deus”, afirmou o jogador.
Logo em sua primeira resposta, a emoção por tudo que viveu veio à tona. “Acho que não tem palavras para explicar o que eu estou sentindo. É uma mistura de sentimentos. Uma alegria por poder estar aqui de novo, sentado aqui. Mas ao mesmo tempo um luto por ter perdido vários”, disse, antes de cair no choro.
Ao longo da entrevista, Alan Ruschel voltou a se emocionar, chorou em alguns momentos, mas também mostrou bom humor e fez planos para o futuro.
TRECHOS DA ENTREVISTA
Em honra dos amigos”(Me emocionei) Por ter perdido muitos amigos. Mas como eu postei uma foto esses dias, falando que seguir em frente honrando os que foram morar com Deus. Honrarei seus familiares que ficaram, que hoje estão sentindo a dor, farei de tudo para voltar a jogar, com muita paciência, mas farei de tudo para dar muita alegria para todo mundo que torce para a Chapecoense.”
Lições do acidente”Temos que aprender a viver a vida. Nunca tinha planejado coisas para férias, final de ano. Estava indo para um jogo e simplesmente você não sabe se vai voltar, não sabe o que vai acontecer daqui a dez minutos. O que eu levo de lição é aproveitar a vida e fazer o bem. O que fizeram comigo durante esses dias não tem explicação. O jeito que me trataram lá, aqui, o que os médicos fizeram por mim não tem explicação.”
Lembranças do acidente”Não. Eu lembro de sair de São Paulo, depois a gente chegando em Santa Cruz de La Sierra, depois saindo de lá. Não lembro do voo, do acidente. O que eu lembro depois é da minha esposa Marina falando no hospital.”
Momentos de apreensão”Não sabia o que estava acontecendo e aos poucos foram me contando, e aos poucos a ficha foi caindo. Quando eu a vi eu não sabia o que estava acontecendo, não lembrava do jogo, não lembrava de nada. É uma coisa muito louca, não sei explicar o que aconteceu.”
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