23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 09:31

Esquema entre Petrobras e armadores gregos teria beneficiado PP

Chamada de “Operação Sem Fronteiras”, a 43ª Lava Jato -deflagrada nesta sexta (18) junto com a 44ª, que prendeu o ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT)- investiga propinas pagas por armadores gregos interessados em afretar navios à Petrobras.

O ex-deputado petista não está envolvido nesta investigação. Segundo a PF, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa passava informações privilegiadas ao ex-cônsul da Grécia no Brasil Konstantinos Kotronakis sobre as licitações que a estatal abria para contratar navios de transporte de petróleo.

Com essas informações, Kotronakis teria beneficiado dois conglomerados de armadores, o Grupo Tsakos e o Grupo Aegean, que juntos tiveram 19 contratos no valor total de US$ 794 milhões (R$ 2,51 bilhões no câmbio atual).

Em troca, os empresários teriam pago propina a um grupo formado por Costa, Kotronakis e o lobista Henry Hoyer de Carvalho, apontado como operador de propinas da Petrobras para o PP (Partido Progressista), depois que o doleiro Alberto Youssef abandonou essa função, em 2010.

O acordo previa 3% de propina sobre os contratos. Do montante, 40% eram direcionados a Costa, 20% a Kotronakis, 20% a Hoyer e os 20% restantes cobriam custos com a lavagem do dinheiro.

Após cooperações com a Suíça e com Luxemburgo, o Ministério Público Federal rastreou o depósito de US$ 6,61 milhões (equivalente a R$ 20,1 milhões) a cinco contas ligadas a offshores controladas por Georgios Kotronakis (filho do ex-cônsul da Grécia), Humberto Mesquita (genro de Costa e morto em janeiro deste ano, vítima de câncer) e por Hoyer.

À imprensa, em Curitiba, a força-tarefa se queixou da falta de colaboração das multinacionais com a investigação. “As empresas estrangeiras não têm cumprido seu papel e suas obrigações de também realizar suas investigações internas”, criticou o procurador do MPF Paulo Roberto Galvão.

PP

Há indícios de que as propinas também eram divididas com o PP, que mantinha Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento.

Em um pendrive apreendido na casa de Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro, preso na 16ª fase da Lava Jato, em julho de 2015, há anotações que indicam que o partido acompanhava os contratos dos navios e cobrava providências.

“O PP tem cobrado bastante uma posição e nós temos feito o possível para driblar. Alguma evolução sobre este assunto? Vai-se contemplar o PP com alguma coisa através do cônsul?”, diz uma das anotações, de março de 2009.

“Assim, em juízo preliminar, tem-se que as propinas eram repassadas não só a Paulo Roberto Costa, mas também à referida agremiação política [PP]”, escreveu Moro.

A reportagem ainda não conseguiu contato com as defesas de Hoyer e de Kotronakis e com o PP. (Folhapress)

Leia mais:

 

 

 

 


Leia mais sobre: Brasil