Gestão da água, valorização de resíduos e transição para uma economia circular foram alguns dos temas centrais discutidos nos dois primeiros dias do Congresso Internacional da IFAT Brasil 2025, realizado entre os dias 25 e 27 de junho, no São Paulo Expo. O evento faz parte da maior feira ambiental da América Latina e tem promovido o encontro entre autoridades, especialistas e empresas do setor.
Com programação gratuita, o congresso é dividido em dois palcos temáticos: o Blue Stage, voltado à gestão inteligente da água e esgoto, e o Orange Stage, dedicado à modernização da limpeza urbana, energias renováveis e valorização de resíduos sólidos.
“Formamos um conteúdo técnico de excelência, com nomes de peso e atuação prática no setor. Nosso compromisso é contribuir com a capacitação dos profissionais de hoje para que possam ser protagonistas na construção de um futuro mais sustentável”, destacou Rolf Pickert, CEO da Messe Muenchen do Brasil, organizadora da IFAT.
Universalização do saneamento: urgência e oportunidades
Durante a cerimônia de abertura, realizada na quarta-feira (25), o tema da universalização do saneamento básico dominou os discursos. O CEO da Messe Muenchen reforçou que o desafio é global, mas que a América Latina tem um papel central a desempenhar. “A universalização do saneamento básico deve ser um assunto prioritário em todo o planeta. Precisamos nos unir para promover a melhoria das tecnologias ambientais no Brasil e na América do Sul”, afirmou Rolf Pickert.
O secretário nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros, Eduardo Tavares, lembrou que o Brasil ainda possui um grande déficit estrutural, mas que representa também uma janela de oportunidades para parcerias público-privadas e investimentos sustentáveis. “Precisamos todos entender a urgência da agenda do saneamento básico. A IFAT é estratégica neste momento porque conecta tecnologia com governança e financiamento”, disse Tavares.
A diretora da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Ana Carolina Argolo, pontuou que os avanços são importantes, mas que ainda há ajustes de rota a fazer. “Não podemos deixar de falar e debater esse tema tão essencial. Regular esse setor é um desafio complexo e que exige esforço conjunto de todos os atores envolvidos”, afirmou.
Painéis abordam água, resíduos e transição energética
Os debates no Blue Stage abriram espaço para análises sobre os gargalos e inovações no tratamento de água e esgoto. O painel promovido pela ABES trouxe dados preocupantes: 101 milhões de brasileiros ainda vivem sem acesso à rede de esgoto, e o investimento necessário até 2040 supera R$ 387 bilhões.
Especialistas como Rafael Evaristo, da Andritz Separation, discutiram soluções nacionais para desidratação de lodo municipal, e Paula Nery, da Lutz-Jesco América, apresentou um case de sucesso de tratamento de água com eletrólise em Portugal.
Já no Orange Stage, o foco foi a sustentabilidade econômica dos serviços de resíduos sólidos. O painel mediado por Pedro Maranhão, da Abrema, contou com a participação de representantes da Abrampa e da Prefeitura de São Paulo.
Inovação, premiação e experiências internacionais
A Arena de Demonstração e o Solutions Lounge trouxeram à prática o que foi debatido nos palcos: trituradores de resíduos, soluções em biomassa, compostagem e recuperação energética foram exibidos em tempo real.
A startup ATME | Eco Solutions foi premiada com o Prêmio IFAT Brasil de Tecnologia Inovadora por seu sistema compacto de tratamento de efluentes para pequenas comunidades — capaz de produzir água de reuso com baixo custo operacional.
Painéis promovidos por instituições como AHK Brasil, AESABESP e ABiogás abordaram temas como produção de biometano, tecnologias alemãs aplicadas ao saneamento brasileiro e parcerias internacionais para o avanço da agenda climática até a COP30.
Evento segue com programação até esta sexta
A IFAT Brasil 2025 se encerra nesta sexta-feira (27), com mais apresentações de cases nacionais e internacionais. O congresso termina com o painel promovido pela ABiogás, às 15h15, com foco nas melhores práticas do setor de biogás e biometano, reforçando o papel dos resíduos como insumo energético e vetor de desenvolvimento sustentável.
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