22 de dezembro de 2024
Entrevista

Especialista analisa pesquisas de Goiânia, avalia divergências e aponta prováveis resultados

Ao editor-chefe do Diário de Goiás, o jornalista Altair Tavares, Mário Neto detalhou as mudanças obtidas no cenário eleitoral, ao longo dos últimos meses

O Diário de Goiás entrevistou, na manhã deste domingo (6), o engenheiro de produção e integrante da Grupom Consultoria de Mercado, Mário Neto. Na oportunidade, o especialista fez uma análise dos vários dados obtidos nas diversas pesquisas divulgadas na capital, nos últimos dias, que colocam os candidatos Adriana Accorsi (PT), Sandro Mabel (UB), Vanderlan Cardoso (PSD) e Fred Rodrigues (PL) no protagonismo, com dúvida em relação aos dois nomes que enfrentarão o segundo turno.

O profissional afirmou que as divergências apresentadas se dão em função de diferentes métodos de coleta e modelos de abordagem. “Não existe um método padronizado. Cada empresa tem uma metodologia e é isso o que gera discrepâncias”, explicou.

Ao editor-chefe do Diário de Goiás, o jornalista Altair Tavares, Mário Neto detalhou as mudanças obtidas no cenário eleitoral, ao longo dos últimos meses, e enfatizou que as pesquisas não ditam o resultado das eleições, mas orientam os candidatos para a construção de estratégias que visem à vitória eleitoral.

Confira, abaixo, a entrevista em sua íntegra:

Altair Tavares: O Diário de Goiás, no dia da eleição, conversa sobre pesquisas eleitorais. O meu convidado agora é o Mário Neto, engenheiro de produção, integrante aí da equipe da empresa GRUPOM Consultoria de Mercado, uma das mais importantes do nosso mercado. A Grupom registra-se, não fez pesquisas eleitorais publicadas, mas acompanha o processo com seus dados internos e também com muitas análises. Mário… Bem-vindo aqui a essa entrevista conosco, nesse dia especial. Afinal de contas, primeiro turno em Goiânia, turno único aí pelo Brasil afora. Vamos dialogar sobre o assunto que eleição roda o dia inteiro hoje, não é?

Mário Neto – Grupom: Exatamente. Bom dia, Altair. Bom dia aos ouvintes e telespectadores. A gente não sabe como é que isso vai ser consumido. Nesse dia quente, que é o dia da eleição em Goiânia e no Brasil todo.

Altair Tavares: Mário, essa eleição em Goiânia, de resto do Brasil afora, é uma eleição que tivemos muitas pesquisas registradas, tivemos muitos dados, e dependendo do município, até com uma diversidade de números muito grandes, com discrepâncias, assim, impressionantes. Eu quero saber como é que você, que no dia a dia está com as pesquisas eleitorais, no dia a dia preparando, monitorando, elaborando mais informações sobre metodologias, organizando dados, como é que vocês veem essa situação em que muita gente está contando histórias diferentes?

Mário Neto – Grupom: Bom, Altair, quando a gente pensa em pesquisas registradas para a divulgação em Goiânia, para essa eleição, só no primeiro turno nós tivemos mais de 40 registros de pesquisa na cidade de Goiânia, agora pensando no primeiro turno. E como empresa, a gente tem uma situação onde nós temos um zilhão de novos, de dados aparecendo, e eu acho que isso varia em função de método de coleta, modelos de abordagem, e em função disso a gente tem encontrado o quê? Números que se diferem entre si.Quando a gente fala de pesquisa, parece que é uma coisa que é universal, e na verdade ela não é. Não existe um método padronizado que as empresas utilizam da mesma forma. Cada empresa de pesquisa utiliza um processo metodológico próprio, e isso com certeza gera alguma discrepância entre os resultados que são apresentados.Se essa discrepância está dentro da margem de erro, se ela está dentro dos intervalos de confiança, ok, mesmo porque os resultados de uma pesquisa, eles não estão aqui para acertarem o resultado da eleição. Eles existem para orientar a população e os candidatos, os políticos, as equipes de campanha na construção de estratégias para objetivando lá a vitória eleitoral. Então, considerando que há uma variação possível, isso não é nada espantoso.O que às vezes é estranho é você ter números muito discrepantes, e aí a gente tem que observar o seguinte, quem está certo, quem não está certo. A única maneira, e aí a beleza do processo eleitoral, é que você checa, a gente tem condições de checar quem de fato estava na direção correta. E aí, no dia de hoje, a gente é capaz de observar o que vai acontecer lá depois das 5 horas da tarde, quando os resultados da eleição forem apurados.

Altair Tavares: Esse ambiente de eleição sempre gera esse momento, e naturalmente nós hoje vamos, como você disse, a partir dos dados, hoje ou amanhã, vamos comparar os dados divulgados com os dados que tivemos de eleitores. Esse é o fato que vamos ter que mostrar, quem teve a condição de mostrar a realidade, de fato, quem é que mostrou o que não era a realidade. Na prática, quem acertou e quem errou. Eu posso dizer isso, você talvez…

Mário Neto – Grupom: Eu não gosto dessa lógica de quem acertou e quem errou, de forma alguma.

Altair Tavares: Mas eu gosto.

Mário Neto – Grupom: Eu entendo a parte do viés do jornalista, mas quando a gente olha para o lado do pesquisador, a gente entende que, por exemplo, se hoje eu digo que um candidato A tem 24% da intenção de voto, ele pode ter entre 22% e 26%, e qualquer valor ali dentro faz sentido, considerando margem de erro, etc.

Altair Tavares: E numa margem de erro de 4 pontos, ele pode ter entre 20% e 28%.

Mário Neto – Grupom: Exatamente. Então, quando a gente olha para essa situação, é para dizer, nossa, a pesquisa errou, não, caramba. Às vezes o resultado está exatamente…O resultado da eleição está dentro da margem de erro. Ah, mas então quem acerta mais, quem acerta menos… No fundo, isso não faz tanto sentido.O que era realmente interessante, eu vejo… Eu acho que é o aprendizado que a gente tem que levar para o segundo turno, porque a gente ainda não sabe se vai ter segundo turno, mas provavelmente aqui em Goiânia nós teremos segundo turno, assim como na cidade aparecida em Anápolis. É entender a evolução dos resultados das pesquisas ao longo do tempo, para entender a tendência que ela está trazendo.Então, dito isso, vou tentar traduzir isso de uma outra forma. Quando a gente observa, por exemplo, a Adriana Accorsi aqui em Goiânia, ela sempre apareceu com uma intenção de voto mais ou menos estável. Ela nem cresceu muito e nem diminuiu muito.Se você pegar, por exemplo, o Sandro Mabel, a primeira pesquisa que foi divulgada com o nome do Sandro, ele apareceu com 3.8, 3.8, 3.5. Hoje ele pode estar no segundo turno. Então, quando você observa a tendência, quem é que cresceu? Se essa tendência não atingiu o teto, e aí a gente pode tratar das surpresas que podem acontecer no dia de hoje.Certo? O que pode virar? Eu posso ter os quatro nomes.Qualquer um, nós podemos ter um segundo turno com uma combinação de quatro tomados dois a dois. A gente não tem a menor ideia do que realmente vai acontecer, só lá no final do dia.

Altair Tavares: E já que você trouxe esse assunto das surpresas, esse é o segundo ponto que nós vamos tratar hoje. Então, você já adiantou, agora vamos ter que desenrolar. Quais seriam as surpresas que podem surgir desse processo eleitoral no dia de hoje, considerando a eleição em Goiânia? Depois a gente pode analisar os municípios também.

Mário Neto – Grupom: Quando a gente olha Goiânia, nós temos uma situação que, observando o resultado geral das pesquisas que nós temos, que foram divulgadas, considerando as discrepâncias que foram colocadas, nós temos quatro nomes que podem ocupar, que podem seguir para o segundo turno. O Sandro Mabel, a Adriana Accorsi, o Fred Rodrigues e o Vanderlan Cardoso. Com maior ou menor probabilidade, mas os quatro nomes, se a gente observar a margem de erro ou as incertezas do processo de pesquisa, qualquer um dos quatro pode formar essa característica, essa pode formar o grupo de segundo turno.E aí tem uma coisa muito interessante. Lá atrás, quando a gente começou a observar a eleição de Goiânia, dizia-se o seguinte, olha, eu não sei quem vai, eu sei que a situação mais provável é que seja Adriana Accorsi e algum outro nome no segundo turno, muito provavelmente do Vanderlan Cardoso ou do Sandro Mabel, dado a condição de talvez uma polarização entre direita e esquerda, enfim. Hoje, dado o que a gente tem observado em termos de pesquisa, do que tem sido divulgado, nós podemos ter dois candidatos que conversam com o eleitorado de direita. E aí seria uma grande, seria uma situação nova dentro do panorama eleitoral de Goiânia, algo que nunca aconteceu.

Altair Tavares: E aí, quando você fala isso, é Sandro Mabel contra Fred Rodrigues? Seria essa possibilidade?

Mário Neto – Grupom: Sandro Mabel contra Fred Rodrigues, Sandro Mabel contra Vanderlan Cardoso, Vanderlan Cardoso contra Fred Rodrigues. Qualquer uma dessas opções, ela é possível, com maior ou menor probabilidade.

Altair Tavares: É direita contra direita.

Mário Neto – Grupom: Teoricamente, quando você pega, por exemplo, o perfil do Sandro e o perfil do Vanderlan, eles atraem, eles têm argumentos que são muito próximos. Então, é um eleitorado que está dividido.

Altair Tavares: De fato. Agora, até salvar aqui. Nós estamos, talvez até ofendendo aqui alguns bolsonaristas, porque eles andaram dizendo essa semana aí que o Sandro não é um candidato de direita. E o Fred Rodrigues fez campanha contra ele, fez campanha contra Vanderlan, denunciando que o Vanderlan é aliado do PT no governo federal e aí o Fred denunciando o Sandro porque ele esteve lá no governo de Dilma e Lula e realmente esteve, só que teve um rompimento, né? Ou seja, ele ignora que houve um rompimento quando foi tirado o DNIT das mãos de Sandro Mabel no segundo governo de Dilma Rousseff e, a partir daí, ele passou a articular o impeachment da presidente. Ou seja, houve um rompimento. E o Sandro estava no PL, por coincidência, o partido que hoje é do Fred Rodrigues. Ou seja, o Fred tem que pegar o partido dele e massacrar. PL, você também já foi aliado da esquerda. Ou seja, na prática é isso. É muito engraçado tudo isso.

Mário Neto – Grupom: O que acontece, só complementando isso, o que você está colocando é que quando o candidato constrói uma narrativa de desconstrução de outro candidato, geralmente ele escolhe os argumentos, as afirmações que fazem sentido para aquela narrativa. Nem sempre a história toda é contada. Então esse é um aspecto real.Mas pensando no que você colocou…

Altair Tavares: É o recorte. Que nós usamos na academia, né? Qual é o recorte da sua pesquisa? Agora, recorte virou outra coisa na internet, né?

Mário Neto – Grupom: Virou um… Pega aquela frase e pá! É o que vai realmente ser publicado. Mas o que acontece, né? Apesar de, sim, existir um público bolsonarista na direita, a direita é muito mais ampla do que isso. Como assim? Quando a gente pensa em direita e esquerda, parece que a gente está colocando o mundo dentro de duas grandes caixas. Só que existem variações de cor dentro desse grupo. Existe um grupo mais à direita, mais ao centro, mas que respeitam essa situação. Então, por exemplo, o eleitor, o que a gente tem observado, observando dados de pesquisa, etc. Existe uma quantidade significativa de eleitores do Sandro que também podem ser eleitores do Fred, que também podem ser eleitores do Vanderlan, porque todos eles estão dentro do mesmo espectro político, do mesmo espectro de defesa de ideias. Então, uma coisa é a retórica e o discurso de campanha, as narrativas, piriri pororó, mas não é exatamente isso que acontece do ponto de vista do eleitorado. Bolsonarista, bolsonarista raiz, talvez seja 15%, 18%, 20% eleitorado em Goiânia. O resto, e a gente sai desse espectro, ele tem interesse, ele tem apreço pelas ideias da direita, por exemplo, mas ele não necessariamente se identifica, se identificaria como bolsonarista. E aí entra o mundo das estratégias que a gente viu essa semana. O Fred atirando tanto na Adriana quanto no Sandro Mabel. Por que disso?

Altair Tavares: Ele atirou pra todo lado.

Mário Neto – Grupom: Ele atirou pra todo lado, mas por que disso? Eu fui questionado ao longo da semana também por causa dessa situação. O que que acontece? Ele tem que confrontar a Adriana pra manter o posicionamento dele de direita de anti-PT. Ele tem que conversar com o eleitorado bolsonarista raiz, e esse é um aspecto importante. Mas ele precisa atacar o Sandro, porque se ele tem alguma condição de crescimento, se ele teve alguma condição de evoluir em termos de intenção de voto, e agora, no dia de hoje, em termos de voto, propriamente dito, é capturando o voto de outro candidato. E um candidato que tem uma maior relação de perfil de eleitores, esses são eleitores que são compartilhados, aquele camarada que tem os dois santinhos no bolso, é o Sandro e o Fred. Então, o Fred tem que bater no Sandro pra pegar os eleitores do Sandro, uma vez que, bater na Adriana, ele não vai capturar os eleitores do PT. De forma alguma. Mas ele tá fazendo isso, então aí a gente tá discutindo a estratégia. O que que o camarada faz pra manter o seu posicionamento e ir atrás dos eleitores que lhe faltam.

Altair Tavares: A gente focou aqui nas questões de esquerda e direita na sua fala, e é importante ressaltar, da sua análise, recentemente, numa entrevista, você disse que o eleitor de esquerda que tende a votar na Adriana, vai, se não me engano, de 18% a 20%. Agora, você pôs um número muito parecido também do eleitor de direita. Então, o restante que está navegando, os 60%, está navegando aí por onde?

Mário Neto – Grupom: Na verdade, o que que acontece? Você tem dois perfis de eleitores que se identificam com, é como diz, com essas caixinhas pré-definidas. O resto do eleitorado, ele caminha, seja por questões programáticas, seja por questões ideológicas, seja por questões de conveniência, ele orbita uma área central, do ponto de vista ideológico, e ele pode estar um pouco mais à esquerda, um pouco mais à direita. No limite, é exatamente esse público que define a eleição, principalmente no segundo turno. Então, vamos supor uma situação de segundo turno entre Fred e Adriana. Vamos supor que, no dia de hoje, isso seja resolvido dessa forma. Os dois, a partir de amanhã, vão ter que estar lutando por quê? Por capturar a atenção do pessoal do centro. E aí, essa turma não compra as ideias tão conservadoras ou tão radicais de um lado ou do outro. Então, é importante entender isso, que o eleitorado não é, quando a gente fala de direita e esquerda, ele não é uma linha que divide e separa. A gente tem grupos mais ao extremo, mas o grande, se a gente pensasse numa curva, a grande maioria dos eleitores se concentra numa região central. E essa turma precisa ser convencida.

Altair Tavares: Do ponto de vista de estratégia e também de organização das campanhas, eu observo com muita atenção as diferenças de religião no voto e também de classe social. Porque Goiânia é uma cidade desigual, que tem uma massa, que tem uma renda muito alta, mas a maior parte dessa massa de eleitores está aí, entre os eleitores, até um salário mínimo, dois até, no máximo, três salários mínimos. Ou seja, essa é a grande massa. Ou seja, esse é o eleitor que, inclusive, considerando as questões principalmente da direita em Goiânia, a direita em Goiânia tem muito mais presença, e eu não sei se você tem estudos sobre isso, muito mais presença na classe média e no segmento evangélico. E pode, evidentemente, abarcar os mais pobres também da cidade. Ou seja, esquerda e direita não definem muito bem essa situação. Ou seja, precisa considerar todos esses componentes?

Mário Neto – Grupom: Sim, com certeza. Mesmo porque a divisão de direita e esquerda, se a gente fosse olhar bem do ponto de vista conceitual, é uma grande confusão, e a gente não sabe exatamente separar o eleitor dessa forma. Enfim, não vamos entrar nessa seara. O que acontece? Se você pegar elementos de avaliação, de caracterização do eleitor, que são tradicionais, sexo, idade, grau de instrução, renda, religião, região onde mora, a gente percebe que existem alguns elementos que realmente se destacam indo mais para um lado do que para o outro. O que a gente percebe é que, por exemplo, os candidatos que têm um discurso mais conservador, e aí entra a pauta de costumes, etc, eles tendem a capturar mais os votos dos evangélicos do que de qualquer outro grupo religioso. Não quer dizer que não haja eleitores dos outros grupos religiosos para este público, mas é significativamente maior nessa situação. Quando a gente imagina, por exemplo, a direita abarcaria a classe média, a classe alta, mas quando a gente olha a distribuição, você tem eleitores de todas as camadas e praticamente com a mesma distribuição independente da situação. Então, é aquela história, né? A gente tem que olhar às vezes mais a demografia, mais a região, mais um aspecto, por exemplo. Católicos que moram na região leste de Goiânia. Como é que esses camaradas vão votar? Como é que esses camaradas pensam? Quais são as demandas desse sujeito? Só para imaginar um grupo específico. E aí você consegue, pensando do ponto de vista estratégico, você vai gerar comunicação para aquele grupo naquela região. Ainda mais hoje, com o advento da internet, das redes sociais, onde você consegue fazer um processo muito regionalizado, isso se tornou um instrumento de campanha que quem não usou, perdeu. Quem não soube usar, perdeu.

Altair Tavares: Você fala regionalizado, na verdade, a internet consegue ser localizada. Isso, isso. Dentro da lógica.

Mário Neto – Grupom: Você coloca um ponto lá e naquele raio eu quero mandar essa mensagem. Então, isso funciona muito bem.

Altair Tavares: De fato. Agora, Mário, quando é que a gente imaginava que também em Aparecida de Goiânia tivesse, agora chegamos a uma situação em que o professor Alcides e Leandro Vivela estão na iminência do segundo turno. E uma troca surpreendente de candidatura no município, na retirada de Vilmar Mariana, a colocação de Leandro Vilela, pudesse chegar a essa disputa tão acirrada. Ou seja, Aparecida foi um município que deu um cavalo de pau na candidatura, literalmente.

Mário Neto – Grupom: Mudou tudo a 60 dias da eleição.

Altair Tavares: Exato. Isso é um desafio do ponto de vista de pesquisa, de estratégia, do ponto de vista de marketing, de organização de campanha. E, evidentemente, isso leva a muitas ideias. Está se consolidando, então, em Aparecida, a ideia de que o grupo Gustavo Mendanha, Caiado e Daniel Vilela é realmente um grande puxador de votos, tendo, evidentemente, um nome Vilela na candidatura. E, naturalmente, tendo aí uma perspectiva também de que o professor Alcides, mesmo com Bolsonaro puxando, mesmo com 22 puxando, tem aí uma grande dificuldade, mas também uma possibilidade de vitória. Ou seja, o município de Aparecida traz para a gente uma grande dúvida no dia de hoje. E vai para o segundo turno ou não vai para o segundo turno? E o que é mais seguro mesmo, mais provável, como você disse, é o segundo turno entre Leandro e também o professor Alcides?

Mário Neto – Grupom: Quando houve o cavalo de pau, como você mesmo falou, em estudos da época, era evidente de que não haveria segundo turno, certo? Quando o nome foi lançado, a situação parecia muito clara de que não ia chegar a lugar nenhum. O esforço empreendido tanto pelo governador, quanto pelo vice-governador, quanto pelo Gustavo Mendanha em Aparecida foi surpreendente e isso trouxe o Leandro a uma condição de se tornar um candidato competitivo, e hoje com a possibilidade de forçar um segundo turno, o que era impensado há duas semanas atrás, certo?Então, a gente tem uma condição que é muito sui generis em Aparecida. O que vai acontecer no frigir dos ovos aqui no dia de hoje ainda é um mistério, por quê? É possível que a gente chegue ao final do dia com um vencedor em Aparecida, certo?Essa pode ser a condição.

Altair Tavares: Também é provável, né?

Mário Neto – Grupom: É provável, porque existe uma condição de pesquisa que a gente não conseguiu… É uma hipótese que a gente ainda não conseguiu capturar e a gente não conseguiu fazer isso de forma… Eu não consegui ver leitura razoável em nenhuma pesquisa que foi divulgada em Aparecida, que é como é que a população percebeu de fato essa movimentação desse tamanho dentro da cidade de Aparecida. Então, eu acredito que é possível uma surpresa, é possível um resultado adverso considerando Aparecida. Por quê? Porque ouvindo algumas pessoas de lá, há um sentimento, um certo ressentimento de como a coisa foi conduzida, certo? Se esse ressentimento vai ser convertido em votos para A ou para B, é uma situação que a gente vai poder conferir no dia de hoje. Mas é uma situação importante de avaliar que Aparecida é uma cidade onde, se Goiânia está confuso, Aparecida é uma outra situação. Pode ser que a gente chegue no final do dia de hoje com um candidato já definido ou não.

Altair Tavares: E também porque, numa situação de apenas três candidatos, a margem de diferença do primeiro para o segundo, dependendo da votação do terceiro, pode ser pequena e dar voto. E dar uma definição de primeiro turno. E aí entra uma questão que a gente percebeu nos últimos dias, o tal do voto útil. Explorar o voto útil. Vamos terminar logo com essa história do primeiro turno. O que, na verdade, agride o interesse ou agride a discussão, ou não é interessante para o candidato William Panda. Mas ele pode ser descartado em prol do voto útil. É o que a gente percebe.

Mário Neto – Grupom: Ele pode ser vítima do voto útil, sim. Porque a gente já tem desenhado em Aparecida um perfil de segundo turno no primeiro. E lá, pelas tantas, o pessoal pode falar o seguinte.Cara, vamos resolver isso aqui. Vamos encaminhar da maneira que deve ser encaminhado para a gente acabar logo com isso. Então, isso pode acontecer, de fato.E aí vai entrar dentro do pacotinho de surpresas. Tem pesquisa que vai sair, tanto de Goiânia como Aparecida, que disseram um bocado de coisas em relação a isso. E aí a gente tem que esperar agora para ver o que é que realmente as urnas vão dizer.

Altair Tavares: E a outra surpresa, antes de a gente fazer o fechamento da nossa conversa, é a eleição que estava lá atrás garantida para Antônio Gomide em Anápolis. O Márcio Correia deu um cavalo de pau também. Saiu do MDB, foi para o PL. Saiu da base, digamos assim, de Daniel Villela. Foi para a base de Wilder Moraes. E esse movimento, com o 22, está chegando também nessa condição de ir para o segundo turno, ameaçando aquela situação lá atrás de provável vitória de Antônio Gomide, que chegou a ter 55%, quase 60% das intenções de voto na estimulada. Essa é uma outra surpresa desse processo eleitoral?

Mário Neto – Grupom: O crescimento do Márcio em Anápolis é um daqueles elementos que acontecem. Ele não saiu de uma condição tão ruim, por assim dizer, como Sandro Mabel aqui em Goiânia, mas ele teve uma jornada de crescimento de forma que foi significativa na cidade de Anápolis. Existe uma situação que tem que ser observada que Goiânia é muito menos do que outras cidades, mas, por exemplo, a cidade de Anápolis respira a dicotomia bolsonarismo-lulismo, vou colocar dessa forma, de uma forma muito mais evidente do que outras cidades. E é uma cidade que conferiu ao ex-presidente Bolsonaro uma votação expressiva, com quase 68% dos votos válidos da cidade. Se eu estiver da eleição de 2022 eu posso estar enganado, mas enfim. O que isso traz?O Márcio trouxe a discussão de 2022 para 2024 em Anápolis e funcionou, certo? E ali existe uma situação que sempre foi muito complicada, principalmente para o Antônio Gomi, que quando você força o processo da polarização, o Gomide, assim como a Adriana aqui em Goiânia, ele carrega a rejeição do PT. Então, o limitador do Gomide acaba sendo o partido dele. Então, por causa disso, ele tem, aquilo que a gente pode dizer assim, a margem que ele tem para trabalhar, se você olhar a votação que ele tem com os números de rejeição, está praticamente ali batendo. Ou seja, ele tem ali quase todos os eleitores que não vão votar nele, e os eleitores que podem votar nele. E é basicamente, você somar, é igual.Quase fecha o 100%. Então a margem do Antônio Gomi é muito pequena para trabalhar nesse sentido. E enquanto o Márcio, ele teria a gordura do bolsonarismo para trabalhar.Então, a situação de Anápolis nos leva a crer que haverá sim um segundo turno. A gente vai ter que esperar o que vai trazer. Mas vai ser, sabe aquela expressão bem local?É o beiço da pulga? Mas vai ser assim. Beijo de pulga.Quem vai estar na frente, quem vai sair primeiro ou no segundo turno, não dá para saber. Quando a gente olha para os números de Anápolis, do ponto de vista estatístico, há um empate. Não, o cara subiu, desceu, teve o X.Não, ali está tudo empatado. E ali é variação dentro da margem de erro. Não dá para…Não existe tendência. Então, ali, como disse, vão ter que acompanhar até o limite da apuração para saber o que realmente aconteceu ali na cidade.

Altair Tavares: Bom, Mário, tivemos um diálogo sobre as surpresas, as probabilidades. A gente vai ter que voltar a conversar a partir das confirmações. Ou seja, quando o voto sai da única, tivemos as estatísticas eleitorais, a votação definida. A gente tem novos cenários para analisar. E eu já te convido para nossos bate-papos aqui, posterior à eleição. Ficamos combinados aí com essa agenda, nessa parceria de Arte Goiás com Grupom, que é uma das grandes referências do nosso mercado na área de pesquisas eleitorais. Obrigado a você e até o nosso próximo encontro.

Mário Neto – Grupom: Eu agradeço, Altair. E vamos continuar conversando, porque nós temos, provavelmente, três cidades com o segundo turno. Então, a conversa continua.

Altair Tavares: E se a gente fosse conversar aqui cidade por cidade ia chegar a 245.

Mário Neto – Grupom: Aí é muita coisa.

Altair Tavares: É muito assunto. E as horas ainda vão acompanhar. Mas os resultados eleitorais trarão novidades para a gente analisar. Obrigado a você e até breve. Um grande abraço a toda a equipe da GRUPOM, em especial ao Big Master, Big Boss da GRUPOM, o Mário Filho. 

Mário Filho: Forte abraço, Altair. Obrigado. Até breve.


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