19 de novembro de 2024
Cidades

Espanhóis estão de olho no saneamento de cidades Goianas

A licitação de serviços de saneamento nas cidade de  Aparecida de Goiânia, Rio Verde, jatai e Trindade já tem interessados. Uma das empresas que quer administrar esse serviço é a companhia Águas de Barcelona (Agbar), empresa controlada pelo grupo Suez Environnement, conforme revela a reportagem do Jornal Valor econômico. Os contratos de subconcessão que estão sendo negociados, são combatidos pelo Ministério Publico do estado que considera a ação como uma forma de lesar os consumidores. O MP-Go é contra e aponta que os investimentos federais para universalizar a coleta e a distribuição de agua tratada em cidades goianas por meio do PAC Saneamento são exemplos de que não se poderia fazer essas subconcessão.

 

 

Valor Economico

Por Beatriz Cutait | De São Paulo

Após mais de quatro anos sem atuar no Brasil, a Águas de Barcelona (Agbar), empresa controlada pelo grupo Suez Environnement, voltou a operar de forma discreta no país em 2009 e apenas agora começa a colher os frutos de uma nova estratégia. Com a atuação mal sucedida na operação em Campo Grande (MS), de 2002 a 2005, a empresa retornou com o objetivo de se credenciar no mercado como prestadora de serviços de consultoria. O novo foco está na especialização de serviços tecnológicos, por meio de contratos estabelecidos com a marca Aqualogy.

“O negócio de saneamento no Brasil está mudando muito. Vimos há alguns anos uma demanda não tão grande por financiamentos ou construção em saneamento, mas por tecnologia de serviços”, afirmou ao Valor o diretor-geral da Aqualogy no Brasil, Jonás de Miguel. “É uma nova linha de negócios e é no Brasil que temos o maior desafio, já que a exigência é grande”.

Sem enfrentar as grandes empreiteiras, responsáveis pela atuação mais expressiva do setor privado de saneamento, a intenção da Aqualogy é atuar em conjunto com as empresas, numa atividade menos sujeita a riscos. “É assim que agregamos valor. Nosso interesse é sermos apenas parceiros tecnológicos”, disse de Miguel.

A atuação da Agbar no mundo tem duas frentes de negócios: a de concessões de água e esgoto e a de serviços tecnológicos. Com o faturamentoanual do grupo na casa dos € 2 bilhões, apenas € 400 milhões partem do segmento de tecnologia, mas a área tende a ser mais promissora. “A rentabilidade do negócio de tecnologia é maior, embora a receita com concessões seja mais alta. No curto prazo, poderá haver um equilíbrio no faturamento, o negócio está crescendo muito”, afirmou o diretor.

Na América Latina, a Agbar tem concessões no Chile, México, Colômbia e Cuba e agora está abrindo escritórios específicos para os negócios de soluções tecnológicas nos três primeiros países, estendendo a operação atual do Brasil, Peru e Estados Unidos.

Para de Miguel, a iniciativa de operar no Brasil no passado pode ter sido precipitada. “A concessão em Campo Grande não deu muito certo, chegamos antes do tempo. O Brasil demorou para colocar o saneamento na agenda. Viemos num momento de muito crescimento na América Latina e com uma má experiência na Argentina, e redução de alguns ativos”, disse.

Embora não considere a concorrência menor no campo, o diretor avalia que o grupo tem mais ferramentas para competir na área tecnológica. A Aqualogy atua como desenvolvedora de software, tecnologia para controle de perdas – especialmente de empresas públicas -, para tratamento de esgoto, contratos voltados à eficiência energética e serviços de engenharia.

A tecnologia ainda é produzida na Espanha, mas a empresa já considera ter uma fábrica no Brasil em dois anos, se a demanda maior se confirmar. “Demoramos para explicar nossa estratégia, fazer demonstrações, mas em 2012 começamos a ter um retorno. Nós próximos anos, o negócio deve ter uma curva ascendente”, afirmou de Miguel.

Os planos, contudo, ainda são modestos e muito voltados ao curto prazo. A expectativa é que a Aqualogy alcance um faturamento na casa dos € 20 milhões em dois anos, valor considerado representativo para um negócio de tecnologia, disse o executivo.

“O negócio sempre será menor. É uma mudança cultural para o próprio grupo, acostumado a grandes faturamentos”, afirmou.

Dentre os principais negócios em atividade, a Águas de Barcelona entrou em um consórcio da construtora Mendes Júnior para disputar serviços de esgotamento sanitário em quatro cidades de Goiás. Com a OAS, a empresa ainda concorre pela parceria público-privada (PPP) da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) referente aos serviços de esgotamento sanitário em 15 municípios do Estado. E também em Pernambuco, porém sozinha, a empresa está fechando um contrato com a Compesa para prestar serviços de engenharia para a região metropolitana de Recife.


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