Por Felipe Rosa Mendes
Foi um jogo de oito gols, virada no placar e lances inesperados. Tão improváveis quanto o gol contra sofrido pela Espanha no primeiro tempo e o gol de empate da Croácia nos acréscimos do segundo. Mas os espanhóis fizeram valer o peso da camisa nesta segunda-feira para superar os croatas por 5 a 3, na prorrogação, e avançar às quartas de final da Eurocopa. No tempo regulamentar, houve empate por 3 a 3 em Copenhague, na Dinamarca
Mais objetiva, a Espanha foi melhor durante a maior parte do jogo. Sofreu um gol contra incrível aos 19 minutos, mas virou para 3 a 1. E tinha a classificação quase certa até que a Croácia buscou o empate com gols aos 39 e aos 46 da etapa final. Na prorrogação, então, só os espanhóis marcaram, confirmando a vaga nas quartas. O próximo adversário vai sair do confronto entre França e Suíça, que jogam ainda nesta segunda.
Foi a partida com mais gols nesta edição Euro, e a segunda da história. A primeira foi o duelo de nove gols em 1960, que terminou em Iugoslávia 5 x 4 França. A Espanha se tornou a primeira seleção a marcar cinco gols em dois jogos seguidos na história da competição europeia.
Em seu último jogo, o time espanhol havia vencido pela primeira vez nesta Euro ao aplicar 5 a 0 na Eslováquia. Agora, ostenta o melhor ataque da competição, com 11 gols. E tal postura ofensiva ficou evidente contra a Croácia, quando os espanhóis mostraram maior objetividade em relação aos empates nas duas primeiras rodadas. Na estreia, foram quase 1000 passes e nenhum gol.
Nesta segunda-feira, a escalação das duas equipes refletiu o que foram os primeiros 15 minutos de jogo. Com três atacantes, a Espanha dominou com facilidade e passava mais tempo no campo do adversário do que no seu. Do outro lado, a Croácia jogava com apenas um atacante. Mas sua proposta de jogar mais recuada trazia uma dura consequência diante da alta marcação espanhola: Modric, principal jogador do time, precisava mais uma vez apoiar a defesa.
Neste cenário, a Espanha buscava o ataque, mas era pouco vertical. Quase não finalizava e, quando o fazia, errava o alvo. Mesmo assim, parecia questão de tempo para abrir o placar. Até que, aos 19, Pedri protagonizou um dos lances mais bizarros desta Eurocopa.
Fez um recuo de bola quase do meio-campo e pegou de surpresa Unai Simón. O goleiro falhou ao tentar dominar e viu a bola atravessar a área e morrer no fundo das redes. Por ironia, Pedri era dos que mais hesitavam em finalizar no ataque espanhol. Acabou “finalizando” quando não devia.
O gol deixou a partida aberta. Atrás no placar, a Espanha não podia mais vacilar no ataque. Os croatas também se animaram e tentaram atacar pela primeira vez na partida. Com mais espaço, a Espanha se arriscava mais. Até os laterais Azpilicueta e Gaya passaram a se aventurar no ataque, pela primeira vez.
Numa investida mais pesada, aos 37, os dois laterais participaram da jogada que resultou no empate espanhol. Depois de um bate-rebate na área, Sarabia bateu quase da marca do pênalti e igualou o placar.
Se no primeiro tempo a Espanha demorou para mostrar objetividade, no segundo precisou de apenas 11 minutos. Foi o tempo necessário para os espanhóis reafirmarem seu domínio em campo e agilizarem rápida jogada pela esquerda, com cruzamento de Ferrán Torres para cabeçada de Azpilicueta. O gol da virada foi o primeiro do lateral com a camisa da seleção.
Longe de repetir a falta de finalizações da etapa inicial, a Espanha era outra no segundo tempo. Mais vertical, buscava o gol a todo momento. Aos 26, balançou as redes com Morata, mas o lance foi anulado por impedimento. Aos 31, não houve qualquer irregularidade. Ferrán Torres recebeu na direita, aproveitou falha gritante de Gvardiol na marcação a bateu na saída do goleiro Livakovic.
Somente após levar o terceiro gol, a Croácia passou a contar com dois atacantes em campo. Parecia improvável buscar o empate para forçar a prorrogação. Principalmente porque Modric seguia atuando mais recuado, prejudicando a armação do time. Num raro momento em que buscou o ataque, o volante armou a jogada do segundo gol croata, aos 39.
E, quando o duelo parecia resolvido, a Croácia arrancou o empate aos 46 em bela cabeçada de Pasalic, aproveitando vacilo da defesa espanhola. O placar levou o duelo para a prorrogação, que manteve o confronto entre as duas seleções.
Desta vez, a Espanha não vacilou e definiu a vitória e a classificação ainda no primeiro tempo, em jogadas de Olmo, que havia entrado na etapa final do tempo regulamentar. Aos 9, ele cruzou para Morata, que anotou belo gol ao dominar com o pé direito e finalizar com a canhota, estufando as redes. Três minutos depois, Olmo deu assistência para Oyarzabal definir o jogo.
(Conteúdo Estadão)
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