Estabelecer novas dinâmicas, estimular o aluno a buscar soluções tecnológicas para problemas do cotidiano, colocá-lo desde cedo à par das metodologias científicas e projetos de pesquisa. São alguns dos objetivos que a Educação de Tempo Integral tem para Goiânia. São 149 escolas distribuídas em todo o Estado de Goiás em mais de 80 municípios e caso os pais tenham interesse em matricular seus filhos é necessário apenas procurar a coordenação regional ou ir ao site da Secretaria de Estado da Educação (Seduc).
O conceito de Educação Integral no Brasil ainda é novo e podem existir muitas dúvidas em torno do assunto por isso, equipes da Seduc, a partir da próxima semana estarão disponíveis para orientar as famílias interessadas e auxiliar na explicação da metodologia e vantagens adotadas nessas escolas. “As pesquisas mostram, que quanto mais tempo um estudante permanece na escola, mais tempo ele tem acesso às informações, aos conteúdos, melhor é a condição de vida deles, na fase adulta. Isso faz com que os países de maneira geral destinam na ampliação desse tempo de estudante na escola. E além do tempo a gente atrela a qualidade desse tempo, porque só manter o estudante sem pensar na qualidade não vai funcionar”, pontua a superintendente de Educação Integral do Estado de Goiás, Márcia Rocha de Souza Antunes, em entrevista concedida ao Diário de Goiás.
Quem ouve falar em escolas de tempo integral pode imaginar que a dinâmica se trata de um Colégio com matérias e disciplinas convencionais num período e no outro, atividades livres quando na realidade, a realidade não é bem essa. “São nove aulas por dia. E elas são divididas em, aulas do núcleo comum que são as disciplinas convencionais e aulas do núcleo diversificado que são desenhados pensando nas demandas do século 21. É lá que eu vou ter práticas de experimentos, pesquisa, eletivas que são escolhidas pelos estudantes, projeto que ele queira para a vida dela, o que ele quer para o futuro dele”, explica Márcia.
Trabalhos que envolvem produção teórica a mão na massa tecnológica
E é claro que tanto tempo na escola, acesso livre e facilitado aos professores será um ponto positivo para a educação do estudante. Márcia explica que é necessário converter essa quantidade considerável de tempo no Colégio em qualidade. A nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é um termômetro que reflete bem isso. Se o Ensino Médio da rede convencional tem 4.7 como nota, as escolas da rede integral têm 5.3. É a melhor nota do Brasil, diga-se de passagem.
“É nesse sentido que o Estado de Goiás tem investido nas escolas em tempo integral para que a gente tenha uma qualidade maior desse tempo que o estudante fica dentro dela, para que a gente tenha mais oportunidades de aprendizagem para esses estudantes. Essa diferença [a nota do Ideb] prova que de fato que os estudantes aprendem mais e os resultados de aprendizagem são melhores.”
E o que se vê numa Escola de Tempo integral de forma prática? “A gente trabalha muito com esses estudantes o empreendedorismo, como ele se posiciona frente às adversidades e as dificuldades que a vida impõe”, explica.
Projetos destaque mundo à fora
Há também o estímulo à outros cenários científicos e tecnológicos que a Escola de Tempo Integral tenta explorar no estudante. Márcia destaca que alunos dessas escolas são destaques em encontros científicos não só no Brasil mas pelo mundo à fora. “Trabalhamos com a perspectiva de projeto de ciências, de experimentos, projetos de pesquisa, muitos de nossos estudantes conseguem se destacar em feira de ciências, encontros de iniciação científicas não só no Brasil, mas no mundo, nós já tivemos estudantes tanto de Fundamental 2 indo para outros países com seus projetos de pesquisa.”
E por fim destaca um outro objetivo das Escolas de Tempo Integral. “É fazer com que esses meninos entendam qual é essa dimensão virtual para que ele consiga se articular bem com o mundo tecnológico. Vamos trabalhar a robótica e construir com esse menino um pensamento crítico, científico e esse pensamento tecnológico”
E para chegar lá, é preciso força de trabalho, professores atentos e dedicados. Márcia explica uma dinâmica existente na educação integral: a tutoria. “Nós temos uma metodologia que chama tutoria, então cada professor acompanha um grupo de estudantes. Como funciona esse acompanhamento? Ele olha todo o histórico desse estudante, vai verificar se ele está indo bem, se não está indo bem, se está promovendo algum foco de indisciplina na escola. E esse professor acompanhará de perto esse estudante. A gente entra em contato com a família, vamos conversar com o estudante, vamos ajudar a montar um plano de estudo para que ele melhore suas notas e performance na escola e principalmente, para que ele seja um estudante que tenha orgulho de sua trajetória.”
Campanhas educativas
Algumas famílias tendem a pensar que quanto mais cedo o filho entrar no mercado de trabalho, com condições muitas vezes insalubres e ganhando bem abaixo do que é pago numa tarefa, melhor será e mais cedo o jovem se “tornará alguém na vida”. Esse pensamento faz com que pouco-a-pouco, o aluno e as respectivas famílias não deem tanta importância aos estudos.
Márcia destaca que o conceito de educação integral está tão intrínseco em países desenvolvidos na Europa por exemplo, que lá sequer, existe a educação que chamamos de convencional aqui no Brasil, dada a importância de se investir em uma boa escola em sua base. Por isso, é preciso conhecer a proposta e o Governo do Estado tem procurado investir em “campanhas de conscientização” neste sentido.
“Nos países mais ricos, as escolas já funcionam em tempo integral. Justamente porque lá se entende que vamos conseguir um bom profissional, pessoas bem sucedidas, a medidas que elas estudam mais. Isso é um aspecto que a gente precisa investir em nosso estado”, explica.