O mercado goiano foi surpreendido, na última semana, com o anúncio de recuperação judicial da rede de farmácias Santa Marta. Um mês antes, em fevereiro, a Casa Goianita também teve o pedido de reestruturação acatado pela Justiça. De acordo com Victor Elias, advogado especialista em insolvência empresarial e administrador judicial, 2023 conta com o maior número de recuperação judicial dos últimos três anos, segundo dados do Serasa.
O motivo, conforme o especialista, são os resquícios da pandemia da Covid-19, iniciada em 2020. “Essa onda de recuperação judicial era esperada para 2023. As restrições durante a pandemia fizeram com que as empresas paralisassem ou reduzissem suas atividades por dias ou semanas, o que inibiu toda a cadeia consumidora, além da falta de insumos para que outras empresas produzissem”, explica.
O profissional também destaca a criação de linhas de crédito para a retomada das atividades, além da inflação, como fator contribuinte. “Naquela época a taxa de juros (Selic) chegou a 2% ao ano e hoje está em 13,75%, a maior taxa desde 2017. Com a alta da inflação no mundo todo e o consumo extremamente fraco, o empresário passa a não conseguir honrar com seus compromissos financeiros. É onde a gente diz que a conta da pandemia chegou”, salienta.
Segundo Victor, diante da incerteza econômica, empresas recorrem à justiça para ganhar tempo, “arrumar a casa” e preservar o seu negócio. “A recuperação judicial é o melhor caminho para o empresário. Desta forma, as empresas em dificuldades preservam suas atividades, e consequentemente, também os empregos, a circulação de bens e serviços, a geração de riquezas e o recolhimento de tributos, para honrarem seus compromissos com a proteção do judiciário. Através do pedido de recuperação judicial, é possível conversar com seus credores e apresentar a forma de pagamento com que consegue honrar para que não venha à falência”.
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