05 de dezembro de 2025
Segurança Pública

Entenda o que muda com o Projeto de Lei Antifacção enviado por Lula ao Congresso

Presidente Lula envia ao Congresso o Projeto de Lei Antifacção, que endurece punições e amplia instrumentos de combate ao crime organizado
Projeto de Lei Antifacção, assinado pelo presidente Lula chegou ao Congresso Nacional, nesta sexta (31), em regime de urgência. Foto: Ricardo Stuckert/PR.
Projeto de Lei Antifacção, assinado pelo presidente Lula chegou ao Congresso Nacional, nesta sexta (31), em regime de urgência. Foto: Ricardo Stuckert/PR.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Congresso Nacional, nesta sexta-feira (31), em regime de urgência, o Projeto de Lei Antifacção, que promete mudar o enfrentamento do Estado contra o crime organizado no país. A proposta foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União e é considerada uma das prioridades do governo federal na área da segurança pública.

Segundo Lula, o projeto busca dar mais força ao Estado para reprimir organizações criminosas que exercem controle sobre territórios e atividades econômicas. “Nós vamos mostrar como é que se enfrentam essas facções, que vivem de explorar o povo mais humilde desse país”, afirmou o presidente ao assinar a proposta.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, destacou que o texto “vai ao encontro dos anseios da sociedade e do Parlamento”. Veja abaixo os principais pontos e mudanças previstas no projeto:

Crimes cometidos por facções passam a ser hediondos

O projeto torna hediondos os crimes praticados por ordem ou em benefício de facções criminosas.

  • Homicídios nessas circunstâncias terão pena de 12 a 30 anos de prisão.
  • Para quem atua em facções com o objetivo de controlar territórios ou atividades econômicas por meio de violência, coação ou ameaça, a pena será de 8 a 15 anos.
  • O texto prevê aumento de pena se houver:
    • Ligação com outras organizações criminosas;
    • Comprovação de atuação transnacional;
    • Domínio territorial ou prisional pela facção;
    • Casos envolvendo morte ou lesão de agentes de segurança pública.

Investigações mais rigorosas e uso de tecnologia

O projeto amplia os instrumentos de investigação e responsabilização de integrantes de facções. Entre as medidas:

  • Infiltração de policiais e colaboradores em organizações criminosas;
  • Acesso a dados de geolocalização em situações de ameaça à vida ou integridade de pessoas — mediante autorização judicial;
  • Criação do Banco Nacional de Facções Criminosas, sob responsabilidade do Executivo, para mapear e monitorar as organizações.

Tolerância zero com servidores e empresas ligadas a facções

O texto também prevê afastamento de agentes públicos envolvidos com facções, mediante decisão judicial.
Além disso, o réu condenado por envolvimento com organização criminosa ficará impedido de:

  • Contratar com o poder público;
  • Receber incentivos fiscais por um período de 14 anos.

Estrangulamento financeiro das organizações

O projeto busca cortar as fontes de financiamento das facções, com medidas como:

  • Apreensão de bens e intervenção judicial em empresas utilizadas para a prática de crimes;
  • Bloqueio de operações financeiras suspeitas;
  • Suspensão de contratos com o poder público.

Controle dentro dos presídios

Para reduzir o poder de articulação das facções no sistema penitenciário, o texto autoriza:

  • Monitoramento de encontros entre membros de facções no parlatório;
  • Transferência imediata de presos entre estabelecimentos sem necessidade de autorização judicial prévia em casos de motim, rebelião ou grave perturbação da ordem.

Cooperação internacional e apoio do setor privado

O projeto prevê cooperação policial internacional, sob coordenação da Polícia Federal, e autoriza a participação do setor privado na busca por provas e informações relevantes às investigações.

Prioridade no Congresso

Lula pediu tramitação rápida do projeto no Congresso e afirmou que o texto oferece instrumentos para blindar os órgãos públicos contra a infiltração e influência de facções criminosas. “O Estado precisa se fortalecer para não ser refém do crime organizado”, defendeu o presidente.


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