23 de novembro de 2024
Destaque 2

Entenda como Goiânia irá armazenar as 17 mil doses da Pfizer

As substâncias produzidas pela Pfizer/BioNTech são feitas com base no RNA mensageiro e exigem uma refrigeração de 70 graus celsius negativos (-70ºC) (Foto: Divulgação)
As substâncias produzidas pela Pfizer/BioNTech são feitas com base no RNA mensageiro e exigem uma refrigeração de 70 graus celsius negativos (-70ºC) (Foto: Divulgação)

Goiânia receberá nos próximos dias 17 mil doses da vacina Pfizer/BioNTech com uma necessidade de maior campo para refrigeração, haja vista que os imunizantes precisam ser guardados em câmaras de 70 graus celsius negativos. Com capacidade limitada de armazenamento, a Universidade Federal de Goiás (UFG) aparece como alternativa. A UFG tem capacidade para  armazenar até 1 milhão de doses nos ultra-freezers de baixas temperaturas que tem à disposição.

Diferentemente das outras vacinas, as substâncias produzidas pela Pfizer/BioNTech são feitas com base no RNA mensageiro e exigem uma refrigeração de 70 graus celsius negativos (-70ºC). Esse tipo de refrigerador não é encontrado nas unidades de saúde convencionais e são de alto custo, por isso a parceria com a UFG poderá agilizar a vacinação da população neste momento de crise sanitária e evitar custos aos cofres públicos. A estimativa é de que cada um desses equipamentos seja comercializado entre 10 mil e 40 mil dólares, quando adquiridos para pesquisa e armazenamento de material.

O IPTSP é a unidade acadêmica que reúne as condições de armazenar maior quantidade de doses e contar com sistema de segurança, biossegurança, alarme de incêndio, câmeras de monitoramento do circuito interno e gerador elétrico com a potência necessária para suportar esse tipo de equipamento.

Segundo o diretor do IPTSP, José Clecildo Barreto Bezerra, “a estrutura da sala do Banco de Coleções Biológicas, no Centro Multiusuário de Pesquisa de Bioinsumos e Tecnologias em Saúde (CMBiotecs) comporta até oito freezers. Neste momento podem ser armazenadas cerca de 1 milhão de doses por vez”.  

O CMBiotecs também está disponibilizando outros oito freezers de -20ºC para quando for necessário iniciar o processo de distribuição de frascos da vacina para outros municípios goianos. Além dos equipamentos, a UFG, por meio do IPTSP, está cedendo o espaço físico de laboratório para organizar as partições dos frascos. 

Engenharia genética

Clecildo explica que a vacina utiliza a tecnologia chamada de mRNA ou RNA-mensageiro, diferente da CoronaVac/Butantã ou AstraZeneca/Oxford/Fiocruz, que utilizam o cultivo do vírus em laboratório. Os imunizantes são desenvolvidos pela replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética. Após esta produção da sequência genética capaz de induzir a formação de proteínas parecidas com a do novo coronavírus, o material genético é protegido por um “envelope” de partículas lipídicas, e estão prontas. 

“Este envelopamento torna a vacina sensível o que requer temperaturas baixíssimas para armazená-la. Apesar disso, seus resultados e forma de fabricação são eficazes, e realizam o transporte dessa sequência genética (vacina) para dentro das células da pessoa vacinada com grande eficácia no combate ao novo coronavírus”, pontua o professor.

CMBiotecs

O Centro Multiusuário de Pesquisa de Bioinsumos e Tecnologias em Saúde (CMBiotecs), no IPTSP, foi inaugurado em 17 de dezembro de 2020, abrigando diversos laboratórios nos quais é possível desenvolver atividades de pesquisa em bioinformática, bioquímica, biologia molecular, biotecnologia e também vacinas. “A nossa expectativa é a de inserir Goiás no cenário nacional e internacional de desenvolvimento e inovação na área de vacinologia”, declara Clecildo.

O edifício de quatro pavimentos ocupa uma área de 1.500 metros quadrados e foi construído com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (Finep/MCTI), da UFG e da  Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape). 

Parceria

Conforme noticiado pelo Portal UFG, em 22 de dezembro de 2020, o ultra freezer utiliza um gás diferente que permite chegar a temperaturas de até 80 graus celsius negativos (- 80ºC). Desde essa época, o reitor da UFG, Edward Madureira, e a Pró-Reitoria de Inovação e Pesquisa (PRPI) estão em contato com o Estado de Goiás e o Município de Goiânia por meio das Secretarias de Saúde para articular como essa parceria seria feita.

A UFG está firmando um acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) no qual a Universidade vai ceder a infraestrutura e a SES ficará responsável pela gestão das vacinas. Todos os espaços estão sendo cedidos para que seja feita a gestão pela própria SES. A logística do processo de vacinação contra a covid-19 em Goiânia está a cargo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

“Nós estamos mobilizados ao máximo para colaborar com as Secretarias de Saúde do Estado e do Município de Goiânia no sentido de oferecer aquilo que temos disponível para contribuir com esse esforço tão crucial para a sociedade goiana e goianiense”, ressalta o pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFG, Jesiel Freitas Carvalho.    


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