12 de setembro de 2024
Carnaval

Entenda a polêmica envolvendo políticos e policiais sobre fantasia de demônio da Vai-Vai

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu uma nota de repúdio contra a escola de samba
Ala da Vai-vai trazia pessoas fantasiadas do que seriam policiais com chifres. (Imagem: reprodução)
Ala da Vai-vai trazia pessoas fantasiadas do que seriam policiais com chifres. (Imagem: reprodução)

Apesar da escola de samba Vai-Vai ter se apresentado no último sábado (10), um detalhe no desfile acabou fazendo com que ela esteja entre os assuntos mais comentados da internet até então. Isso por que, em uma das suas alas, a escola optou por colocar pessoas fantasiadas do que seria uma mistura entre policiais e demônios, como mostrado na foto acima. Veja, também, algumas postagens abaixo.

A polêmica chegou a tal ponto que, nesta segunda-feira (12), o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu uma nota de repúdio a Vai-Vai. No comunicado, a entidade diz que o enredo apresentado no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, atuou com escárnio a figura de agentes da lei.

A ala se chamava “Sobrevivendo no Inferno”, que mostrou policiais com chifres “demonizou a Polícia” e foi motivo de “extrema indignação” por parte do Sindesp. “É de se lamentar que o Carnaval seja utilizado para levar ao público mensagem carregada de total inversão de valores e que chega a humilhar os agentes da lei”, consta na nota.

Em resposta, a Vai-Vai também se pronunciou e disse que o enredo do Carnaval deste ano foi apenas um “manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs”.

Além disso, a ala seria parte de uma “série de recortes históricos, como a semana de arte de 1922 e o lançamento do álbum Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MCs, em 1997”. “A escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o Carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais MCs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”, completa a escola.

De fato, a alegoria faz parte do samba-enredo chamado “Capítulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop: um manifesto paulistano”, que fez homenagem ao álbum “Sobrevivendo no Inferno”, do grupo de rap Racionais MC’s, lançado em 1997 e considerado um dos mais importantes do gênero.Uma das doze músicas do disco é “Diário de um detento”, que relata o dia de um preso na cadeia do Carandiru, na véspera da intervenção policial que deixou 111 detentos mortos, no dia 2 de outubro de 1992.

De toda forma, o assunto já chegou no Legislativo, já que o deputado federal Capitão Augusto e a deputada estadual Dani Alonso, ambos do PL, pediram que a Vai-Vai não receba dinheiro público no próximo ano. “Foi com grande consternação que presenciamos a escola de samba em questão retratar, de forma deliberadamente ofensiva, os policiais militares e outros agentes de segurança como figuras demoníacas em uma de suas alegorias”, diz o documento assinado pelos políticos.


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