05 de dezembro de 2025
CRISE INSTITUCIONAL

Enfim, Hugo Motta vai para o ataque contra Eduardo Bolsonaro: um deputado que articula nos EUA contra o Brasil

Presidente da Câmara condena postura de deputado bolsonarista, fala em proteger democracia e soberania junto com ações para reduzir impactos do tarifaço da Casa Branca
Hugo Motta reage às articulações de Eduardo Bolsonaro para prejudicar Brasil - Foto: Agência Câmara
Hugo Motta reage às articulações de Eduardo Bolsonaro para prejudicar Brasil - Foto: Agência Câmara

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez críticas ao deputado licenciado (cuja licença já venceu) Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que trabalha nos Estados Unidos para penalizar o Brasil com tarifas altas em troca de benefícios ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). Sobre a atuação de Eduardo, Motta afirmou nesta segunda-feira (11) em entrevista à revista Veja: “Ninguém pode concordar [com isso]”. O presidente da Câmara falou que é preciso salvar a economia e também preservar a democracia e a soberania brasileira.

Ele e o presidente do senado, Davi Alcolumbre (UB/AP), tinham virado até alvos de Eduardo também. Antes da repercussão dessa entrevista, o ataque a Alcolumbre se intensificou. Nesta segunda-feira foi divulgado que Eduardo vai se reunir nos EUA com autoridades para pedir retaliações ao presidente do Senado, e também ao ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) em reunião na quarta-feira. Não se sabe agora se Motta também entrará no rol de desafetos a serem perseguidos pela família Bolsonaro.

Eduardo articula incessante e publicamente para que o presidente Donald Trump sobretaxe as exportações brasileiras para os EUA e, a despeito de ser um deputado federal, já assumiu até que seja uma “vingança” pessoal. Isso em detrimento do setor produtivo que, ironicamente, tem grande participação bolsonarista na lista dos prejudicados. A moeda de troca é anistia ao pai, acusado no STF de tentativa de golpe de Estado.

Atitude de Eduardo é inadmissível, diz Motta

Na entrevista, Motta chegou a dizer que cada parlamentar tem sua autonomia e sua liberdade para agir de acordo com o que ele acha ser importante, mas depois foi direto ao ponto.

Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu país de origem e tragam danos à economia do seu país. Isso não pode ser admitido” – Hugo Motta

Ele deixou claro que pensa bem diferente do colega licenciado.

Temos uma posição contrária a esse tipo de comportamento. Nós temos de defender nosso país e eu penso que Eduardo Bolsonaro poderia estar defendendo politicamente algo que ele acredita, defendendo a inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas nunca atentando contra o país. Ninguém pode concordar em ter seu país sendo prejudicado pela atitude de um parlamentar” – Hugo Motta

O presidente da Câmara disse ainda que a Casa deve atuar para diminuir os efeitos do tarifaço da Casa Branca. “Estamos de prontidão para garantir que esses danos possam der diminuídos”, pontuou.

Corregedoria

A Corregedoria Parlamentar  da Câmara dos Deputados recebeu nesta segunda-feira (11) as denúncias da Mesa Diretora contra deputados de oposição que participaram de protesto que obstruiu o plenário por cerca de 30 horas. Agressivo, os oposicionistas impediram o início das sessões na Casa.

Como mostrou o Diário de Goiás no sábado, pelos menos 14 congressistas bolsonaristas, que são alvos de representações, poderão ter seus mandatos suspensos por até seis meses, além de uma deputada do PT colocada na lista, mas que não aparece fazendo tumulto. No Senado também houve protesto de bolsonaristas.

Além da anistia aos golpistas, entre as “exigências” desses parlamentares estão o fim do chamado foro privilegiado – muitos dos quais porque estão tentando escapar de julgamentos no Supremo sobre desvio de emendas parlamentares -, e também a votação do impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Intenção é resolver sem negociar a democracia e a soberania, disse Motta

Sobre esse clima de pressão sobre o Congresso Nacional, Motta afirmou: “O momento político é um dos mais complexos que estamos vivendo, por isso, temos de dialogar com ministro da Suprema corte, conversar com nossos colegas da casa vizinha, o Senado, e internamente para manter a Câmara dos Deputados funcionando, manter a pauta do dia a dia sendo feita com responsabilidade, com assuntos que sejam de interesse da população brasileira e, claro, sempre buscando através do diálogo e vencendo a crise institucional que o país atravessa. Vamos seguir sempre colocando os interesses do país em primeiro lugar, de não negociar nossa democracia, nossa soberania, proteger nossa indústria, nossos interesses e empregos.

Anistia ampla tem resistências

Na mesma entrevista, Motta foi questionado se é a favor ou não da anistia aos participantes da tentativa de golpe de Estado, mas ele tergiversou. Motta disse que sente dificuldade em relação ao tema na Câmara, mas que ele será amplamente debatido.

“O que eu sinto aqui dentro do ambiente que converso, com o contato que tenho com os parlamentares é que há uma certa dificuldade com anistia ampla, geral e irrestrita”, observou.


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