Um dos primeiros estados a implantar sistemas de geração de energia solar fotovoltaica em moradias de interesse social, Goiás teve a experiência com o projeto Casa Solar destacada em artigo assinado pelos diretores da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Ronaldo Koloszuk e Rodrigo Sauaia.
Eles sustentam que os exemplos da Agência Goiana de Habitação (Agehab), executora do projeto Casa Solar, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (SDUH) e do programa federal Minha Casa Minha Vida comprovam que, com apoio governamental, é possível a acessibilidade da energia solar fotovoltaica para famílias de baixa renda.
Segundo os autores do artigo, “é falso dizer que energia solar fotovoltaica é tecnologia apenas para os ricos”. Koloszuk e Sauaia afirmam que essa fonte de energia, ainda em processo de desenvolvimento no País, “é uma das mais democráticas e socialmente acessíveis para consumidores de todas as classes sociais”.
Os autores defendem a ampliação de programas como o adotado em Goiás: “Por isso, a tecnologia tem sido incorporada em casas populares, como nos programas habitacionais do CDHU-SP, Agehab-GO e no Programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, aliviando os custos da população mais vulnerável, para que possam melhorar a alimentação, saúde, educação, transporte e qualidade de vida”, argumentam.
Ronaldo Koloszuk é presidente do Conselho de Administração e Rodrigo Sauaia é CEO da Absolar, mestre em Energias Renováveis pela Loughborough University (Reino Unido), e doutor em Engenharia e Tecnologia de Materiais pela PUC-RS, com colaboração internacional na área de energia solar fotovoltaica realizada no Fraunhofer Institut für Solare Energiesysteme (Alemanha).
A íntegra do artigo está disponível no Portal da Absolar.
Modelo de sustentabilidade
Com dois prêmios conquistados pelo Casa Solar em 2017, um nacional (Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohabs) e um regional (Construir Mais–Sinduscon-GO), a Agehab quebrou paradigmas ao implantar projeto piloto de geração de energia solar fotovoltaica em 1,2 mil moradias distribuídas em quatro municípios (Pirenópolis, Alto Paraíso, Palmeiras e Caçu), com economia comprovada de até 60% na conta de luz das famílias. Os sistemas foram implantados com recursos do Cheque Mais Moradia, modalidade Melhoria, no valor de R$ 3 mil por unidade habitacional.
Para o presidente da Agehab, Cleomar Dutra, todos os gestores públicos devem assumir compromisso com o meio ambiente e a sustentabilidade. “A nossa meta é levar moradia digna e de qualidade para as famílias que mais precisam. Na área de habitação, a orientação do Governo do Estado é para que seja dada atenção especial à sustentabilidade dos empreendimentos, principalmente na questão energética”, assinala Dutra.
Energia tradicional X energia renovável
Publicado no Portal Solar, o artigo denuncia forte lobby de entidades que representam as distribuidoras de energia para impedir o crescimento da geração de energia solar fotovoltaica. De acordo com os autores, o crescimento do setor, que traz benefícios econômicos, sociais e ambientais importantes, está incomodando grandes grupos econômicos, tradicionais e conservadores no setor elétrico.
O motivo, ainda segundo eles, seria financeiro: “Ao empoderar os consumidores, tornando-os produtores ativos de sua própria energia renovável e mais independentes, a geração distribuída solar fotovoltaica ameaça as receitas e lucros de distribuidoras que não se adaptarem à nova realidade do mercado”. Os autores afirmam que a intenção do lobby é de mudar as regras, para que consumidores com geração distribuída paguem mais pelas redes de distribuição.
Eles dizem que a geração distribuída solar fotovoltaica coloca o consumidor no centro das decisões. Por isso, argumentam, nove em cada dez brasileiros quer gerar energia renovável em sua residência, conforme atesta pesquisa do Ibope Inteligência de 2018.
“É dever dos líderes públicos atender aos anseios da sociedade brasileira. O crescimento sustentável do Brasil será potencializado pelo uso da energia solar fotovoltaica como política pública estratégica para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, contribuindo para diversificar a matriz elétrica, gerando milhares de empregos, reduzindo a queima de combustíveis fósseis, ampliando a liberdade do consumidor, estimulando a cadeia produtiva, reduzindo perdas e trazendo economia para os cidadãos, as empresas e os governos”, afirmam.
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