22 de dezembro de 2024
Brasil

Enem tem de game a nióbio em prova de matemática e ciências

No entanto, o exame mantém penalização para quem ferir os direitos humanos. (Foto: Divulgação/Educa Mais)
No entanto, o exame mantém penalização para quem ferir os direitos humanos. (Foto: Divulgação/Educa Mais)

O Enem manteve neste domingo (11) a tradição de colocar temas da vida real na prova de matemática. As questões abordaram, por exemplo, o game Minecraft e propuseram problemas como cálculo de pena de um preso sem antecedentes criminais.

Já na parte de ciências da natureza (biologia, física e química), faltou aproximar o conteúdo do cotidiano dos alunos, avalia, Celso Tasinafo, diretor pedagógico do cursinho Oficina do Estudante.

“A prova de física foi muito direta, de analisar o gráfico e responder. Química até teve um esforço nesse sentido, mas mesmo que nos outros anos”, disse. “Ficou parecida com a Fuvest, mas no que ela tem de pior: a falta de contextualização”, afirmou Tasinafo.

A questão que mais chamou a atenção dos estudantes Dennis Aurélio e Arthur Fortunato, que fizeram a prova na Barra Funda (zona oeste de SP), foi a que citava o Minecraft. “Era uma pergunta de matemática, que falava sobre empilhar cubos. Achei engraçado, porque eu já joguei muito esse jogo”, conta Arthur.

Para o professor Felipe Freire, do COC, a prova de matemática teve dificuldade mediana na parte de cálculos, mas houve questões mais complicadas de interpretação de texto e gráfico. “Foi uma prova bastante visual, em que você se se embasava bastante no visual para responder.”

Alexandre Medeiros, 18, conta que esperava que as perguntas deste domingo (11) trouxessem mais temas atuais. “Depois da polêmica da questão do dialeto gay na semana passada, achei que hoje teria algo parecido”, diz.

A pergunta, cobrada na prova de linguagem da semana passada, gerou críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Ele disse na semana passada que, em seu governo, vai “tomar conhecimento” da prova antes de sua aplicação, o que desafia critérios técnicos e de segurança.

Isso porque para evitar riscos de vazamentos, pouquíssimas pessoas, todas da área técnica do Inep (instituto responsável pelo Enem), têm acesso ao conteúdo integral da prova. A lista dos que podem vê-la não incluem nem o ministro da Educação e nem o presidente da República.

Neste domingo (11), o ministro da Educação, Rossieli Soares, disse que não comentaria as críticas de Bolsonaro. “Cabe ao presidente eleito fazer a gestão do Brasil a partir do dia 1º de janeiro”, afirmou.

Entre professores e parte dos alunos, chamou a atenção o fato de a prova deste domingo ter mencionado temas caros ao capitão reformado, como o grafeno e o nióbio. Durante a campanha, ele mencionou a importância de manter reservas dos dois materiais.

Trata-se de coincidência, pois as questões do Enem são escolhidas com meses ou até anos de antecedência. Ainda assim, a abordagem desses assuntos foi vista por professores como uma prova de isenção do exame.

“Se alguém na semana passada achou que o Enem é ideológico ou partidário, fica essa prova de que ele não é. O Enem é um exame que mostra o que a sociedade está discutindo”, disse o professor de química Allan Rodrigues, do aplicativo Descomplica.

De acordo com o Inep, 1,6 milhão de pessoas faltaram ao segundo dia de prova. Isso representa um total de 29% dos inscritos.

‘Show dos atrasados’ perde espaço para apoio de voluntários

No segundo dia do Enem, o público que foi à porta do exame rir de alunos atrasados perdeu espaço para uma plateia de incentivo. Na Uninove Barra Funda, voluntários erguiam cartazes com dizeres como “boa prova” e “seu esforço não é em vão”.

Na semana passada, quando foi aplicada a prova de linguagens, ciências humanas e redação, houve gente que levou até cadeira de praia e bebida alcoólica para zombar de que quem perdeu a hora.

Já neste domingo (11) a única que chegou atrasada foi abraçada por um grupo de voluntários, que lhe disseram: “uma prova não te define”. (Folhapress) 

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