04 de dezembro de 2025
Investigação

Empresário assassinado em pastelaria era investigado por desvio de R$ 10 milhões da Saúde de Goiânia

A investigação do homicídio aponta que ele já vinha recebendo ameaças e havia tomado medidas de segurança pessoal
Empresário assassinado em Goiânia era investigado por desvio milionário na Secretaria Municipal de Saúde. Foto: Reprodução.
Empresário assassinado em Goiânia era investigado por desvio milionário na Secretaria Municipal de Saúde. Foto: Reprodução.

O empresário Fabrício Brasil Lourenço, de 49 anos, assassinado no último sábado (4) em uma pastelaria no Bairro Feliz, em Goiânia, era um dos investigados pela Operação Speedy Cash, deflagrada pela Polícia Civil em 2024 para apurar o desvio de R$ 10 milhões da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. A investigação do homicídio aponta que ele já vinha recebendo ameaças e havia tomado medidas de segurança pessoal. As informações são do Jornal Opção.

De acordo com o delegado Vinícius Teles, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), os criminosos monitoraram a rotina da vítima antes da execução. “Os assassinos sabiam dos passos dele e agiram de forma precisa. Há indícios de que ele vinha sendo ameaçado, pois havia se mudado para um apartamento e adquirido um carro blindado. Essa circunstância nos leva a crer que ele estava se precavendo de algum atentado”, afirmou o delegado.

A Polícia Civil trabalha com várias linhas de investigação, entre elas a possibilidade de o assassinato estar relacionado às ameaças que Fabrício vinha recebendo e aos desdobramentos da operação de desvio de recursos públicos.

Envolvimento na Operação Speedy Cash

Fabrício era conselheiro administrativo da associação União Mais Saúde, apontada como uma das principais envolvidas na Operação Speedy Cash. A ação, deflagrada em agosto do ano passado pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), teve como alvos o então secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, e o ex-secretário executivo, Quesede Ayres Henrique, suspeitos de integrarem um esquema de desvio de R$ 10 milhões por meio de um convênio entre a prefeitura e a entidade privada.

Segundo as investigações, Marcus Vinícius Brasil Lourenço, presidente da União Mais Saúde e irmão de Fabrício, transferiu cerca de R$ 6,4 milhões para uma empresa fornecedora de materiais hospitalares e outros R$ 2,6 milhões para contas da própria associação. Parte desses valores teria sido distribuída a outros investigados, entre eles Fabrício, conforme apuração da Polícia Civil.

Irregularidades e suspensão do convênio

Em setembro de 2024, o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) determinou a suspensão do convênio nº 259/2024, firmado entre a Prefeitura de Goiânia e a União Mais Saúde.
A decisão, assinada pelo conselheiro Fabrício Motta, apontou fortes indícios de irregularidades na celebração do contrato, que foi proposto pela própria entidade privada, sem processo público de seleção e executado em tempo recorde.

O TCM também determinou a indisponibilidade dos bens da União Mais Saúde para garantir o ressarcimento dos R$ 5 milhões já repassados pela Secretaria de Saúde. O Ministério Público de Contas e a Procuradoria-Geral do Município alertaram ainda sobre a ausência de critérios técnicos, falta de detalhamento do objeto e o caráter atípico da execução, que previa até R$ 3 milhões para despesas administrativas e advocatícias contrariando o caráter sem fins lucrativos da associação.

Execução

O homicídio ocorreu por volta das 21h30, quando Fabrício colocava sacos de lixo na calçada em frente à pastelaria de sua propriedade. Imagens de câmeras de segurança mostram dois atiradores se aproximando rapidamente e abrindo fogo contra a vítima, que não teve chance de reagir.

O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas ao chegar ao local encontrou o empresário já inconsciente e com múltiplos ferimentos. Ele não resistiu aos disparos.

O inquérito tramita sob sigilo, e a Polícia Civil busca novas imagens e depoimentos para esclarecer as circunstâncias da execução e apurar possíveis conexões entre o crime e o esquema milionário da saúde municipal. Até o momento, nenhum suspeito foi identificado ou preso.


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