Entre líderes políticos e empresariais de todo o mundo que se reúnem no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, marcado para entre 23 e 26 de janeiro, o brasileiro Carlos Pereira ganha destaque deste ano. Ele será o palestrante líder de uma mesa sobre inteligência artificial.
O empreendedor social é fundador do Livox, software de comunicação alternativa criado para se comunicar com sua filha Clara, que teve paralisia cerebral devido a um erro médico na hora do parto.
A jornada que começou há cerca de sete anos já levou o pernambucano para a Flórida, nos Estados Unidos, onde a ferramenta é utilizada em um hospital infantil. O aplicativo é ainda distribuído em Apaes paulistas, escolas no Recife e está em exibição no museu The Tech, dedicado às maiores inovações tecnológicas do mundo.
Pereira vê com grande responsabilidade a liderança da palestra sobre inteligência artificial. “É uma sensação de humildade para corresponder ao desafio”, disse o empreendedor. “Não existe nenhum evento com o tamanho do Fórum Econômico Mundial, com líderes de Estado, presidentes de várias empresas e a mídia do planeta inteiro”.
Ele ainda é membro da Rede de Empreendedores Sociais da Fundação Schwab, cofundada por Klaus Schwab, que também criou o fórum de Davos. O criador do Livox foi convidado após ter sido chancelado pelo Prêmio Empreendedor Social em 2016.
Inovações
O recente trabalho atrás de inovações realizado pelo Livox é um dos motivos que irá levar o pernambucano às gélidas montanhas suíças. O negócio social está trabalhando em duas frentes para facilitar a vida de pessoas com deficiências na fala: o início da conversa e a resposta mais rápida a perguntas.
“Existe um problema com todos os softwares de comunicação alternativa, chamado de lacuna de reciprocidade”, explica Pereira. “Até Stephen Hawking diz que é solitário porque as pessoas não têm paciência de esperar [as respostas].”
Para isso, o Livox investe com inteligência artificial e processamento natural da linguagem. Na primeira frente, o desenvolvimento em teste é para que a ferramenta identifique comportamentos e ofereça opções de acordo com eles. Por exemplo, ao chegar a um restaurante, já aparecem opções de comida.
Para o segundo entrave, uma função para fluir melhor a conversação de pessoas com deficiências foi desenvolvida utilizando palavras-chave. Assim como nos smartphones é possível dizer “hey, Siri” ou “e aí, Google” para iniciar um comando, será possível ensinar ao software uma palavra-chave.
“Recomendamos que seja o nome do usuário. Assim, as perguntas podem ser: ‘Você quer comer, Clara?’, e o aplicativo já mostra as opções ‘sim’ e ‘não'”, explica o empreendedor social. No momento, o banco já conta com 1,2 milhão de perguntas cadastradas em que as respostas podem ser “sim” ou “não”, com um índice de 85% de acerto.
Pereira contou que o Google fez uma pesquisa e identificou que nenhuma outra tecnologia no mundo está investindo nessas duas frentes.
“Estou usando diariamente com minha filha. Ela gosta demais, fica toda feliz”, disse o pai de Clara. “Dá uma sensação de alegria de vê-la crescendo e tristeza porque não pude fazer mais.” (Folhapress)
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