23 de dezembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 09:47

Em troca de proteção aos ‘dreamers’, Trump quer restringir imigração

O presidente Donald Trump disse aos líderes do Congresso americano que suas prioridades em matéria de imigração devem ser aprovadas em troca de proteção dos beneficiados pelo programa Daca, que protege cerca de 800 mil jovens que foram levados aos Estados Unidos de forma ilegal por seus pais.

A lista de demandas de Trump inclui uma reforma completa do sistema de “green card”, medidas severas para impedir que menores de idade entrem no país e a construção do polêmico muro na fronteira com o México, uma de suas mais populares promessas de campanha.

Em setembro, Trump anunciou o encerramento do programa Daca e deu ao Congresso seis meses para encontrar uma solução legislativa antes que os contemplados perdessem seu status legal no país e ficassem sujeitos à deportação. A decisão foi criticada por parte da população e pela comunidade internacional.

Trump sugeriu à época que estava ávido por um acordo com os parlamentares. “Eu amo essas pessoas e espero que agora o Congresso será capaz de ajudá-los e agir corretamente”, afirmou o presidente naquele momento.

O Daca permite que imigrantes que chegaram aos EUA com menos de 16 anos, vivem no país de forma contínua desde junho de 2007 e não tenham mais do que 30 anos quando o programa começou a valer, em 2012, sejam autorizados a viver e trabalhar nos EUA. Os beneficiados também não podem ter cometido nenhum crime grave.

Através do programa, os chamados “dreamers” podiam viver legalmente nos EUA por dois anos e ficavam protegidos da deportação. Ao fim desse período, era preciso renovar o pedido -foram 952 mil pedidos de renovação até hoje, com 93% das solicitações aceitas.

Grande parte das exigências feitas pelo governo são medidas que a oposição democrata já havia dito estarem fora de cogitação.

Já era esperado que Trump tentaria incluir na nova legislação sobre os “dreamers” uma previsão de fundos para a construção do muro na fronteira com o México, mas as exigências da Casa Branca foram muito além.

O governo quer uma reforma completa do sistema de “green card”, limitando a concessão do direito de residência permanente a cônjuges e filhos menores de idade de cidadãos americanos e residentes permanentes.

As medidas visam combater o que é chamado de “migração em cadeia”, quando a obtenção de uma autorização de residência permanente por um membro familiar viabiliza que os demais permaneçam no país de forma legal.

A Casa Branca também disse que quer aumentar as taxas cobradas nos postos de fronteira, contratar mais 10 mil agentes de imigração, facilitar a deportação de crianças desacompanhadas e de membros de gangues e reformar o sistema de concessão de refúgio.

“Essas prioridades são essenciais para mitigar as consequências legais e econômicas das bolsas e do status legal concedidos aos beneficiados do Daca, disse Marc Short, diretor de assuntos legislativos da Casa Branca.

A deputada democrata Michelle Lujan Grisham, representante do Estado de Novo México, declarou que “é imoral o presidente usar as vidas desses jovens como barganha para impor ao nosso país sua agenda cruel, anti-imigração e anti-americana”.

As exigências de Trump podem dividir os parlamentares de seu partido. Vários republicanos haviam proposto leis que criavam um caminho legal para que os “dreamers” fossem elegíveis à cidadania americana em troca de mudanças menos drásticas na política migratória. (Folhapress)

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