10 de agosto de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 09:36

Em trecho de gravação, executivos da JBS falam de propina a partidos

Foto: Danilo Verpa/Folhapress
Foto: Danilo Verpa/Folhapress

O diretor de Relações Institucionais do grupo J&F, Ricardo Saud, cita em conversa gravada com o empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo, o pagamento de propinas a partidos políticos, e as negociações com o PT e o PRB.

Joesley também diz que a verdade “dói, mas não ofende”, em relação à delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Afirmando que tudo que Machado disse é verdade.

No trecho, os dois executivos citam ainda Gilberto Kassab e o corretor de valores Lúcio Funaro.

Joesley: Você falou que eu te devo uma? [perguntando a Saud]
Saud: Ah é. Hoje eu tava fazendo a soma toda lá no Guarujá, sabendo que ocê tava pagando dinheiro pro PT. Você viu quanto eu economizei pro cê, seu..?
Joesley: Eu vi. Eu vi.
Saud: tá novinho, né?

Joesley: Agora que cê entendeu o que rolava, né?
Saud: O povo falava pra mim, eu até imaginava, mas não queria entender porque senão os caras…
Joesley: É. É melhor não entender.
Saud: Os caras metiam a faca em mim, eu dizia: Não, não quero falar com ele, não. ‘Não mandaram procurar o Joesley, mandaram te procurar, problema nenhum. Esse dinheiro não é seu não, Ricardo, para de segurar isso, não é seu não. Você está nos roubando, esse dinheiro é do PT’…. E hoje eu estava fazendo as contas lá. Então quer dizer que 39 milhões, lá? Eu mereço pelo menos 10%, né?
Joesley: Que que é esses 39?
Saud: Eu ficava puto com os caras, me roubavam, esses caras. Estão roubando todo mundo. Nesse dia o ‘coisa’ escreveu lá: ’15 milhões do PRB, tal, tal, tal’. Tá bom. A hora que eu dei pra ele, ele falou: ‘Oh, cara, só tem 3 milhões. Quer dizer: ‘Acho que digitei errado’. Falei: ‘Espera aí, deixa eu pensar aqui’. Aí vem lá no outro: ‘Kassab, tal, tal, tal, 40 e tantos. Uai Ricardo, está faltando 7 milhões. Não, desculpa, eu estou fazendo confusão’. Chegou no terceiro, ele falou assim: ‘Ricardo, acho que aquilo que o Joesley falou é verdade, você não sabia de porra nenhuma, você ficava puto de dar dinheiro pra esses caras e você babava para ajudar a empresa’.
Joesley: É isso. É isso. E cê sabe
Saud: Somando, você sabe quanto deu? 39 milhões. Deve ter ficado puto, deve ter ficado p
Joesley: E cê sabe que, de repente, se der pa classificar ocê como leniente, ué, também melhor ainda.
Saud: Quem, eu?
Joesley: É, ué. De dizer que você não sabia da transa.
Saud: Não tem como Não tô ligando para essa porra, não.
Joesley: Não, eu tô dizendo o seguinte: no contexto, entendeu? No contexto
Saud: Eu não tenho chance. Todo mundo vai me delatar. A hora que a coisa começar a cair(risos). Nós fizemos a conta lá, são 172, eu e o Marcello fizemos a conta lá. Será quantos vão falar de mim?
Joesley: Esse que é o ponto, é melhor falar
Saud: Agora, nós entregarmos
Joesley: Igual esse negócio do SIF (Serviço de Inspeção Federal). Ninguém queria falar, ninguém, ninguém Ainda bem que nós falamos… Tá vendo, como é que é?
Saud: Velho, te juro, aquilo ali deu segurança pra esse caso aí. Eu não quis falar isso pro Marcello pelo telefone. Não falei, não, aquilo ali deu segurança: ‘Marquinho, amanhã, quando o doutor chegar aí, cê cuida dele, viu? Ele gosta de massagem’.

Joesley: Pega o Sérgio Machado, o Renan esbraveja, todo mundo esbraveja, mas cê acha que alguém tem genuinamente raiva dele [Sérgio Machado]? Não tem. Porque o que ele falou foi verdade.
Joesley: Mesma coisa do Lúcio [Funaro]. O Lúcio tá preso lá. Por que ele nunca delatou? Porque ele sabe o ele fez.
E Joesley chega a profetizar: “É bíblico, a verdade te liberta. Eu tô dormino mais agora do que antes”.

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