Durante a posse da nova Diretoria de Administração Penitenciária de Goiás, o secretário de Segurança Pública de Goiás, Ricardo Balestreri, fez um discurso em tom de desabafo, em relação a situação do sistema prisional no estado. O secretário declarou que as rebeliões são fruto de uma ação orquestrada do Primeiro Comando da Capital Paulista (PCC) que vê em Goiás um fértil campo para expandir ações, por conta da localização geográfica. Ricardo Balestreri ainda criticou a falta de investimentos por falta do governo federal.
O secretário disse que ao longo dos anos se tornou um especialista em rebeliões orquestradas pelo crime organizado no Brasil. Ele destacou que o crime hoje é diferente, e não como 20 anos atrás. Balestreri ressaltou que o crime organizado é a atividade “mais lucrativa do planeta” e declarou que o Brasil é um importante componente no “jogo” do crime organizado.
Balestreri afirmou que o PCC fez um estudo sobre ampliações das ações criminosas, incluindo a distribuição de armas e drogas. Ele destacou que o estado é favorável a expansão de negócios ilícitos do grupo, por conta da localização geográfica, na região central do Brasil e ainda por conta da proximidade com o Distrito Federal, área que o PCC também tem intenção de expandir negócios.
O secretário destacou que há dois adversários a enfrentar, um é o grupo oponente do Rio de janeiro, que disputa mercado. Ricardo Balestreri disse que a disputa começa dentro da cadeia, e os presos não deixam de ser negociantes. Ele afirmou que o outro oponente do PCC é o Estado que tem “atrapalhado” as ações criminosas.
“O segundo oponente é o estado, pois o estado atrapalha seus negócios. Hoje o estado que mais atrapalha o crime organizado no Brasil é o estado de goiás. Somos o estado brasileiro que há 18 meses vem derrubando os índices criminais. São quatro meses derrubando todos os índices criminais. Isso é aberto, transparente”, destacou.
O secretário argumentou que as quedas não são reflexo de subnotificações de dados, mas sim de um trabalho realizado pelas forças de segurança. “Não há subnotificações em latrocínios, homicídios, não há subnotificação de roubos de veículos. Nós incomodamos profundamente os negócios do crime organizado. A resposta nós temos no sítio mais frágil que o sistema prisional, que é o Calcanhar de Aquiles”, ressaltou.
Governo Federal
Um dos pontos mais centrais das críticas feitas por Ricardo Balestreri é a cobrança por mais ações e investimentos por parte do governo federal. Ele apoiou ações do governador Marconi Perillo (PSDB), que têm cobrado apoio da União em Goiás na área penitenciária. Balestreri até disse que nem mesmo no período que esteve à frente da Secretaria Nacional de Segurança Pública, houve um efetivo apoio as unidades da federação.
“Nós não temos a política do avestruz. O nosso governador tem cobrado nacionalmente as responsabilidades do governo federal. O governo federal nunca ajudou profundamente os estados. Nem no período que estive lá. Nós arcamos com os ônus dos presos federais e o governo federal não corresponde”, disse.
Sobre os R$ 32 milhões enviados pelo governo federal para desenvolvimento de ações no sistema penitenciário, o secretário rebateu críticas do ministro da Justiça Torquato Jardim e destacou que os recursos estão sendo utilizados dentro do prazo estipulado em lei.
“Os R$ 32 milhões enviados pelo governo federal estão sendo muito bem utilizados dentro do prazo legal. As obras começamos em julho e está mais adiantado do que o que foi informado pelo governo federal. A quantia de R$ 32 milhões ajuda, não somos ingratos, mas pouco dá para se fazer. É preciso que se diga isso para colocar “os pingos nos is””, completou.
Ricardo Balestreri finalizou dizendo que o problema no sistema penitenciário não é local e sim nacional. “O abacaxi fica exclusivamente para os governos estaduais. Não estou fugindo da raia, estamos modificando o que é possível. Em outro momento o secretário disse “Deixamos a discussão rasteira”, ressaltou.
Veja vídeo:
{youtube}eCatmAY1Wv8{/youtube}
Leia mais sobre: Crise no Sistema Penitenciário / Ricardo Balestreri / Cidades