Tão elogiado por seu futebol bonito e agressivo, o Flamengo acabou sendo vítima da coragem de atacar do Fluminense que usou uma estratégia eficiente na parte final do clássico Fla-Flu, disputado pela terceira vez na história na cidade de São Paulo, neste domingo, na Neo Química Arena, pela nona rodada do Campeonato Brasileiro. Refém do contra-ataque tricolor, o Flamengo levou o gol aos 45 minutos do segundo tempo, marcado por André.
Fruto de seu próprio modo de jogar, o Flamengo ainda não empatou em sete jogos, agora com três derrotas e quatro vitórias. Com 12 pontos ainda segue distante dos ponteiros, embora tenha dois jogos a menos. O estratégico Fluminense vinha de derrota humilhante para o Athletico-PR, por 4 a 1, e se reabilitou em cima d seu maior rival. Não vencia há quatro jogos, mas agora aprece com 13 pontos.
O Flamengo foi melhor no primeiro tempo, com grande volume de jogo e finalizações, mas o Fluminense se deu melhor na etapa final quando imprimiu velocidade e movimentação no ataque. Além disso, fez o gol no final, sem tempo de reação do rival. Rogério Ceni, com muitos desfalques, só fez três trocas, enquanto Roger Machado aproveitou seus jovens talentos para usar a regra e trocar cinco jogadores. Com isso, ganhou força, velocidade e saiu de campo vitorioso.
Além da temperatura fria de 16 graus, os cariocas também desdenharam do estádio paulista. O goleiro Diego Alves, do Flamengo, considerou o campo escuro, pediu para acender os refletores e foi atendido. Vários jogadores do Fluminense desaprovaram as condições do gramado, que teria sido judiado com o jogo da noite anterior, entre Corinthians e Internacional, que terminou empatado por 1 a 1.
Ainda sem seus selecionáveis – Éverton Ribeiro, Gabriel, Arrascaeta e Isla -, o Flamengo também ficou sem o capitão Diego Ribas, fora por lesão por mais duas semanas. Willian Arão, que vinha sendo improvisado na defesa, enfim, voltou à função de volante ao lado de João Gomes, titular após a ida de Gerson para o Olympique. O técnico Rogério Ceni manteve Vitinho no meio de campo, com Michael e Bruno Henrique ladeando no ataque o avançado Pedro.
No Fluminense, o técnico Roger Machado optou por não usar Nenê desde o começo, com Cazares em seu lugar. Mas manteve a linha ofensiva com Caio Paulista, Fred e Gabriel Teixeira, montando o time no 4-3-3 clássico.
Mesmo com as mudanças, o Flamengo não abriu mão de sua vocação de atacar. Nos primeiros 15 minutos acuou o Fluminense em seu campo defensivo, com uma posse de bola em torno de 70%. O Fluminense fez o papel de time reativo, na esperança de contra-atacar. Mas não evoluía com velocidade e não levava perigo.
O Flamengo poderia até ficar na frente no placar aos dez minutos, quando Michael, fazendo às vezes de armador, fez passe diagonal para Bruno Henrique do lado esquerdo. Ele invadiu a área, chutou cruzado e o goleiro Marcos Felipe saiu como um goleiro de futebol de salão, com as pernas e os braços abertos. A bola bateu no seu pé esquerdo, depois na sua cabeça e saiu de lado.
Pela distribuição dos jogadores, o Fluminense só chegaria ao gol num lance isolado. Foi o que aconteceu aos 19 minutos, quando Egídio fez o levantamento em direção à área. O experiente Fred subiu entre dois defensores Gustavo Henrique e Filipe Luís e cabeceou, mas Diego Alves estava bem colocado e encaixou a bola
O grandalhão Gustavo Henrique, com seus 1,96 metro, virou arma nas jogadas de bola parada no ataque – faltas e escanteios. O seu primeiro acerto quase foi fatal aos 33 minutos. Vitinho cobrou falta da intermediária em direção ao segundo pau, onde apareceu Gustavo Henrique para cabecear bem. A bola bateu no travessão de Marcos Felipe que só olhou e torceu. A bola caiu na pequena área e acabou aliviada por Egídio.
Nem Rogério Ceni, do Flamengo, nem Roger Machado, do Fluminense, promoveram mudanças para o segundo tempo, sinalizando a aprovação do que viram na etapa inicial. Somente aos 21 minutos se iniciou a rotina de trocas pelo lado do Fluminense. Nenê e Lucca entraram, respectivamente, nas vagas do apagado Cazares e do cansado Fred.
Dois minutos depois a dupla entrou em ação. Nenê, no campo defensivo, lançou Lucca nas costas da defesa do Flamengo. Em disparado se livrou de Diego Alves, que saiu mal no gol, e chutou cruzado, porém, devagar. A bola ia em direção ao gol, mas Willian Arão salvou.
O Fluminense melhorou sua movimentação no ataque e exigiu duas boas defesas de Diego Alves em chutes de Lucca e Luiz Fernando, que tinha substituído Caio Paulista. Rogério Ceni tentou responder colocando Rodrigo Muniz e Thiago Maia nos lugares de Vitinho e João Gomes. Mas levou contra-ataque perigoso aos 31 minutos, aliviado por Michael com um chutão na grande área.
No final, o Fluminense marcou seu gol em jogada totalmente por garotos formados na base do clube, em Xerém. Luiz Henrique passou por Gustavo Henrique na linha de fundo e rolou para o meio da área, onde estavam três companheiros. Mas a bola sobrou para André que chutou no alto, aos 45 minutos. Ele tinha substituído Martinelli quatro minutos antes. Se tornou um predestinado.
Pela 10.ª rodada, o Flamengo vai enfrentar o Atlético-MG, nesta quarta-feira, às 19 horas, no Mineirão. Na mesma noite, o Fluminense recebe o Ceará, às 21h30, no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro.
FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 0 x 1 FLUMINENSE
FLAMENGO – Diego Alves; Matheuzinho, Rodrigo Caio, Gustavo Henrique e Filipe Luis; Willian Arão, João Gomes (Thiago Maia) e Vitinho (Rodrigo Muniz); Pedro, Bruno Henrique, Pedro e Michael (Max). Técnico: Rogério Ceni.
FLUMINENSE – Marcos Felipe; Samuel Xavier, Nino, Luccas Claro e Egídio; Martinelli (André), Yago Felipe e Cazares (Nenê); Gabriel Teixeira (Kayky), Fred (Lucca) e Caio Paulista (Luiz Henrique). Técnico: Roger Machado.
GOL – André aos 45 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – João Gomes e Vitinho (Flamengo); Nino (Fluminense).
ÁRBITRO – Luiz Flávio de Oliveira (Fifa-SP).
RENDA E PÚBLICO – Jogo com portões fechados.
LOCAL – Neo Química Arena, em São Paulo (SP).
(Conteúdo Estadão)
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