O governador e candidato à reeleição Marconi Perillo (PSDB) foi o entrevistado da Rádio CBN Goiânia nesta segunda-feira (13). O tucano, que disputa o segundo turno com Iris Rezende (PMDB), foi sabatinado e questionado sobre Segurança Pública, funcionários ficha limpa e investimentos.
De acordo com o governador, não houve maiores investimentos em infraestrutura no Estado antes de seu primeiro mandato. Marconi também critica os ataques de Iris.
Leia a entrevista na íntegra concedida aos jornalistas Fabiana Pulcinelli e Luiz Geraldo:
Luiz Geraldo: A área de Segurança Pública continua dominando o debate neste segundo turno. O senhor já disse que faltam recursos federais e também cobrou alteração nas leis que garantem a efetiva execução penal no país, em caso de uma próxima gestão. O que o senhor pretende mudar na área da gestão da segurança pública, diretrizes e rumo para o enfrentamento da violência?
Marconi Perillo: Estamos investindo este ano 9% do orçamento do Estado com Segurança Pública. Isso significa um valor superior a R$ 1,500 bilhão, mas concordo que a gente precisa de mais dinheiro ainda. Esse dinheiro tem que vir do governo federal, afinal de contas 72% de todas as receitas do Brasil ficam com o governo federal. O presidente, espero que seja o Aécio Neves (PSDB), tem que enviar um projeto de emenda à Constituição Federal, alterando, vinculando recursos do governo federal, dos governos estaduais e municipais, pra formar um Fundo de Segurança Pública no país. Além disso, considero imprescindível alteração no Código Penal, que é de 1940. As leis precisam ser mais duras em relação aos criminosos mais perigosos e reincidentes. Enfim, tenho falado disso e da necessidade de ter uma política mais firme, de combate à entrada de drogas no país. Cerca de 80% dos crimes, especialmente os homicídios, estão vinculados, de alguma maneira, ao contrabando de armas e, principalmente, ao tráfico de drogas, que vem de países vizinhos. Defendo que o Brasil tenha uma política mais firme, mais rígida em relação a esses países que permitem a entrada de drogas aqui. O Brasil empresta muito dinheiro a juros, subsidiado do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), para países como a Bolívia. É preciso restringir esses créditos e definir política diplomática mais dura. Em minha opinião, deveria até cortar relações, porque essa questão da droga é fundamentalmente um dos grandes motivos para o momento da violência do país.
Fabiana Puccinelli: Seu adversário tem batido na tecla dos gastos de R$ 550 milhões com publicidade neste governo. O senhor já disse que 1% disso é com campanhas educativas, com informações a população, mas o restante foi feito com propaganda de obras e benefícios. Além disso, o governo gastou também mais de R$ 60 milhões com shows. A Saneago, por exemplo, vive com dificuldades com fornecimento de água e esgoto. Em um possível próximo governo, o senhor vai reaver essas prioridades?
Marconi Perillo: Já enviei um projeto de lei, igual ao que foi aprovado recentemente, de iniciativa do deputado Symeizon (Silveira), limitando os investimentos na área de publicidade. Já expliquei várias vezes que 75% desses gastos foram feitos com campanhas educativas, algumas inclusive obrigatórias. Existem recursos que vem do governo federal, especialmente do Ministério da Saúde, destinados exclusivamente à campanhas de combate e prevenção à dengue, à AIDS e outras doenças. Elas precisam ser feitas. Por outro lado, a Constituição determina que os governos devem prestar contas e informar à sociedade sobre o que está sendo realizado. Agora, meu adversário, faz uma campanha de baixíssimo nível, parece que está às vias do desespero. Ele fala dos outros, mas não diz o que gastou, quando foi prefeito de Goiânia, com publicidade. Ele gastou muito, temos todos os levantamentos. Foram dezenas de milhões de reais. Proporcionalmente, o que ele gastou como prefeito é maior até do que gastamos no governo do Estado. O que estamos fazendo é de forma transparente, colocando no Portal de Transparência, de acesso à informação. Essas informações só chegaram porque hoje tudo que é feito no Estado é disponibilizados na internet. De qualquer maneira, com esse projeto de lei que limita os gastos com publicidade, nós vamos ter essa questão regulamentada em definitivo.
Fabiana Puccineli: E sobre os gastos com shows?
Marconi Perillo: Se você fizer uma enquete em uma cidade de interior, que não tem lazer, esporte, cultura (e a maior parte das cidades do interior são assim), 90% das pessoas querem algum tipo de show ou atrativo. Esses shows no interior, foram feitos em função das emendas dos parlamentares. Eu diria que 90% desses gastos com shows, foram feitos para pagar emendas que os deputados fazem ao orçamento estadual.
Luiz Geraldo: Nas propostas apresentadas no plano de governo, disponível na página do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás (TRE-GO), não há projetos específicos para o enfrentamento da questão da água e período de seca. O que o senhor pensa neste setor, inclusive de investimentos necessários?
Marconi Perillo: Investimos neste governo R$ 3 bilhões em saneamento básico, água e esgoto. Temos contratados, em parceria com o governo federal através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais R$ 4 bilhões já licitados. Em relação à água, temos dois dos maiores projetos do Brasil em andamento, em fase de conclusão no Estado. Um deles é Sistema Produtor João Leite, que agora denominados de Sistema Produtor Mauro Borges. Ele está ficando pronto e vai ser suficiente para abastecer uma população de até 3 milhões de pessoas em Goiânia e Região Metropolitana. Esse projeto vai resolver definitivamente a questão da água. O custo total da construção da barragem e de todas as outras obras adutoras, fora as estações de tratamento de água bruta, é superior a R$ 500 milhões. Além disso, investimos em esgoto. Só na Região Noroeste de Goiânia estamos investindo em construção de mais de 600 quilômetros de redes coletoras de esgoto. No Entorno do Distrito Federal estamos, junto com o governo de Brasília, construindo o Sistema Produtor Corumbá IV, que vai resolver o problema da região sul de Brasília e do entorno sul de Goiás. Investimentos foram feitos no Estado inteiro em relação à água tratada e esgoto. Antes de eu ser governador pela primeira vez, Goiás tinha 12 estações de tratamento de esgoto, não tinha nem em Goiânia. Construímos 70 e estamos concluindo mais 12. Os governantes anteriores, inclusive o meu adversário, não investiam em saneamento básico, achavam que investir dinheiro em construção de rede de esgoto era desperdiçar, porque não eram obras visíveis. Uma rede coletora de esgoto fica debaixo do asfalto, ninguém vê. Uma estação de tratamento de esgoto também fica longe do centro da cidade. Esse tipo de político antigo, atrasado, gosta de fazer obras visíveis, não faziam essas obras que são obras imprescindíveis.
Fabiana Puccineli: O senhor tem agora, na campanha de 2014, uma coligação grande e no segundo turno tem recebido apoio de ex-candidatos e aliados de ex-candidatos, e provavelmente feito compromissos também. Em uma nova gestão, o senhor terá essas amarras, dificuldade para definição de equipe, de estrutura de governo?
Marconi Perillo: Ninguém tem condições de governar sem alianças e sem considerar as forças representativas dos partidos e da sociedade. É impossível governar sem considerar a Assembleia Legislativa, a força do Congresso Nacional, a importância dos senadores e deputados federais, porque senão você perde a governabilidade. Posso dizer a todos que neste governo, se considerarmos superintendentes e diretores, temos um numero superior a 70% de pessoas, que são técnicas. E um numero aproximado de 30% de pessoas que são políticos, com capacidade de gestão. Para esse próximo governo, não tenho compromisso com ninguém, com nenhum partido. Vou fazer duras reformas a partir do período da eleição. Já fizemos algumas reformas, e até o final do ano teremos eliminado 3.300 cargos comissionados. Vamos avançar no sentidos de enxugar cada vez mais a máquina, mas repito que não tenho compromisso com ninguém em relação a cargos em um eventual próximo governo.
Fabiana Puccineli: O perfil do secretariado vai mudar muito caso seja reeleito?
Marconi Perillo: Vou priorizar mais ainda o perfil técnico e o das pessoas que são boas em gestão. Não significa que uma pessoa técnica seja boa como gestor e nem que o politico que não seja técnico seja bom como gestor. Tem muito político que é bom gestor e vou procurar aproveitar os melhores gestores técnicos ou políticos.
Luiz Geraldo: Há forte cobrança na área da logística do Estado e de infraestrutura. Hoje temos um parque industrial, pelo menos os parques industriais nos Estados estão cheios, que não tem mais como investir. Outras regiões do Estados, que não têm parques industriais, podem ser beneficiadas?
Marconi Perillo: Neste governo, autorizamos a viabilizações de parques industriais, aquisição de terrenos em cerca de 20 municípios. Em Goiânia, por exemplo, autorizei a aquisição de terrenos e a viabilização de mais um parque. E a mesma coisa em Nerópolis e em vários outros municípios. Em Aparecida de Goiânia, estamos entregando agora um Complexo Municipal Metropolitano (CIMEL), um Distrito Industrial, e pretendo adquirir, se for reeleito, mais terrenos na cidade, para que possamos ter mais parques industriais. Já fiz um compromisso de criar o DAIA II em Anápolis, além de aumentar o DAIA I. Em relação à logística e infraestrutura, conseguimos reconstruir quase cinco mil quilômetros de rodovias, que estão ficando de alta qualidade. Estamos duplicando seis rodovias importantes e estratégicas para o Estado. Acho que todas com iluminação e a maioria com ciclovias. Estamos investindo na construção de mais de dois mil quilômetros de rodovias novas, importantes para região nordeste e norte do Estado. Enfim, pra todas as regiões do Estado, vamos continuar esses projetos. Já disse à minha equipe que, se for reeleito, vou priorizar, como fiz agora, a conclusão das obras iniciadas ou a realização de obras já licitadas, para depois começar projetos novos. Em relação à energia, com esse acordo realizado entre a Celg e a Eletrobrás, já estão no caixa do tesouro da Companhia, cerca de R$ 500 milhões para investimentos em novas subestações e em linhas de distribuição. Por outro lado, Celg Geração e Transmissão, que é 100% do governo do Estado, terão investimento desde o início deste governo, em parcerias para entrar de novo na geração de energia. Hoje temos 30 megawatts de energia na CelgG e T. Estamos investindo também, em parceria com outras grandes empresas, como Cemig, na construção de linhas de transmissão. Estamos entrando, inclusive, em leilões da Aneel, para consolidação e viabilização da CelgG e T. Na área de energia não tenho dúvida de que vamos ter muitos investimentos daqui pra frente.
Fabiana Puccineli: Voltando à questão da equipe, o senhor disse em entrevista ao O Popular que nenhum investigado irá ocupar o secretariado, cargo de primeiro escalão no governo. No entanto, o senhor nomeou o José Gomes da Rocha, na Saneago, que é investigado em mais de dois processos, como também foi condenado. Isso vai voltar a se repetir?
Marconi Perillo: Acho que houve um equivoco. Em relação à questão de investigado e condenado, quase todo mundo é investigado em alguma coisa, principalmente, quem está na política. Eu criei a Lei da Ficha Suja em Goiás, com o presidente do Senado em exercício. Aprovei a Lei da Ficha Limpa, que foi rigorosamente observada neste governo. Todas as pessoas que entraram tiveram que passar por um crivo da Controladoria-Geral do Estado de Goiás. Em relação a José Gomes, quando ele veio para o governo investigado, porque gastou dinheiro com o time de futebol da cidade dele, o Itumbiara, ele investiu recursos da Prefeitura há 20 anos, mas não havia sido condenado. As informações que eu recebi é de que ele poderia, sim, participar do governo, com base na Lei da Ficha Limpa. Depois ele mesmo pediu para sair, incomodado com esse tipo de crítica. Quero afirmar aqui: nenhuma pessoa vai entrar, se eu for reeleito, se for enquadrado na ficha limpa.
Leia mais sobre: Política