21 de novembro de 2024
Sabatina • atualizado em 05/09/2024 às 15:30

Em sabatina, Adriana Accorsi destaca propostas para resolver déficit de Cmeis e da Saúde

A candidata a prefeita de Goiânia destacou também os planos para saúde, entre eles a construção de um Hospital Municipal e projetos para revitalizar o Centro da capital
Adriana Accorsi detalhou propostas para a capital. Foto: Divulgação
Adriana Accorsi detalhou propostas para a capital. Foto: Divulgação

A sabatina realizada pela Rádio Bandeirantes em parceria com o Diário de Goiás recebeu, na manhã desta quinta-feira (5), a candidata à prefeitura de Goiânia, Adriana Accorsi (PT). A entrevista contou com mediação do editor-chefe do DG, Altair Tavares, e dos apresentadores da Rádio Fred Silveira e Larissa Dourado. A candidata focou nas propostas políticas ligadas ao déficit de vagas em Cmeis e na saúde da capital.

Adriana afirmou que ser prefeita de Goiânia é um sonho pessoal e que está plenamente preparada para os desafios. A candidata prometeu que, se eleita, vai trabalhar para reduzir o déficit de vagas nos Cmeis da capital e construir um Hospital Municipal, de modo a suprir parte das demandas de saúde da cidade.

Accorsi detalhou ainda os projetos para revitalização e reocupação do Centro da cidade e destacou a parceria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como um diferencial para concretização dos programas junto ao Governo Federal.

Confira abaixo a entrevista com Adriana Accorsi na íntegra:


Larissa Dourado: Gostaria que você trouxesse para a gente a questão do trabalho referente vagas de Cmeis. Como que isso pode ser planejado e solucionado?

Adriana Accorsi: Essa é realmente uma prioridade para mim, tanto que foi objeto do programa de TV que passou ontem à noite. Então, eu convido as pessoas a acompanharem agora, às 13 horas, esse programa de TV que vai falar justamente sobre essa questão específica dos Cmeis. Porque esse é um grande desafio da nossa cidade, como você muito bem colocou, que vem ao longo dos anos se agravando e chegou ao ponto de termos hoje 10 mil crianças na fila de espera. Isso atinge as famílias de uma forma muito grave e, principalmente, as mães. As pesquisas nos indicam que quem deixa de trabalhar para cuidar da criança é a mãe. Então, isso atinge a questão da economia da família, da dignidade da vida da família, que poderia estar bem melhor, mas também é um direito da criança.

Porque o Cmei, gente, não é só estar ali depositada a criança. Ela está ali com a alimentação balanceada, ela está tendo o seu desenvolvimento sendo provido por pessoas qualificadas, está sendo verificado se ela tem algum problema de visão, de audição. Ou seja, é um cuidado completo em auxílio à família. A nossa intenção é realmente, principalmente, sendo a única candidata mulher, é priorizar essa questão. Nós precisamos retomar imediatamente as obras paradas de Cmeis em Goiânia. Eu estou visitando todas elas, inclusive gravei em uma dessas obras no Setor Grande Retiro, onde, somente lá são mais de 250 vagas que seriam geradas com a finalização da obra. Existem várias dessas em Goiânia. Mas o principal é retomar, através de um planejamento sério e responsável, a construção de Cmeis. E isso, nós temos recurso federal para isso. Inclusive, a Prefeitura atual poderia ter inscrito no último Pacto de Projetos para vários Cmeis, não o fez, não escreveu nenhum. E nós vamos trazer esse recurso e construir.

Mas, emergencialmente, eu quero também utilizar as escolas estaduais que foram fechadas no município. Nós estamos catalogando, fazendo uma parceria com o Governo do Estado para emergencialmente iniciar os trabalhos de Cmeis dessas escolas.

Altair Tavares:  Os Cmeis têm muito vínculo de construção com o Governo Federal. A gente sempre ouve essa justificativa. Eu não me recorto que o Governo Bolsonaro tenha autorizado os Cmeis para Goiânia.

Adriana Accorsi:  Eu acredito que nenhum foi feito nesse período.

Altair Tavares: Nós estamos agora com um déficit maior? Não, por causa de agora, por causa de um tempo. Aconteceu alguma coisa. O que é que aconteceu, na sua visão? E por que é que toda eleição o assunto vaga de Cmeis está desse jeito?

Adriana Accorsi: Infelizmente, eu acredito que um dos motivos é de que essa é uma pauta muito feminina. E nós nunca tivemos uma prefeita em Goiânia. Porque nós, mulheres, sabemos onde o calo nos aperta. Nós sabemos que a saúde da mulher em Goiânia está totalmente abandonada. Tanto que as maternidades estão aí nessa crise infindável. O transporte público são as mulheres que utilizam, infelizmente, qualidade sofrível em Goiânia e muitas outras políticas. Então, para mim, um dos principais motivos é de que este, que é um problema que atinge principalmente as mulheres. Lembrando que em Goiânia, acima da média nacional, tem 40% de famílias chefiadas por mulheres. Então isso nos atinge profundamente.

Nós precisamos buscar esses recursos, terminar essas obras. Você veja que os demais candidatos não estão visitando essas obras paradas, não estão falando em terminá-las, porque sequer têm esse conhecimento. E nós estamos realmente comprometidos com esta questão das vagas. Falar que aí eu vou chegar e vou zerar, isso também, gente, é falácia. Tem que ter responsabilidade, ter planejamento. Vocês viram essa semana. As crianças estão sendo mandadas para casa mais cedo por falta de profissionais da educação. Saiu ontem na capa do Jornal Popular. Isso não é questão de que não pode convocar agora, em razão das eleições, é falta de planejamento. Precisa ter planejamento e nele incluir os direitos das mulheres e das crianças.

Fred Silveira: Candidata, a senhora falou sobre o fato de ser mulher, em caso eleita, seria a primeira mulher na história da capital. Goiânia não é uma cidade fácil de administrar, é uma cidade que tem muitos problemas a serem resolvidos, a questão de vagas de creche, a questão de infraestrutura, a questão de trânsito, a questão de saúde, de educação. A senhora está preparada para assumir um problema tão grande que é a capital de Goiás?

Adriana Accorsi: Eu quero dizer a você e a todos que estão nos acompanhando, eu nunca me senti tão preparada para enfrentar esse desafio e merecer essa confiança de Goiânia. Vocês sabem que eu já fui candidata por duas vezes e como minha mãe costuma dizer, Deus sabe de todas as coisas. E eu acredito que hoje, realmente, eu estou preparada para cuidar da nossa cidade.

Eu não vejo como problema, eu vejo como um trabalho. Vocês sabem o quanto atuei como delegada, como chefe da Polícia Civil. Nunca tive medo de desafios. Na verdade, eles me dão força para prosseguir e trabalhar ainda mais. Então, estou preparada, com conhecimento e com disposição para, de fato, enfrentar esses problemas junto com a nossa população.

Altair Tavares: Dentro da perspectiva das prioridades que a senhora coloca, das críticas que fez à questão da fila de procedimentos na área da saúde, tenho analisado na área da saúde, Goiânia é a 135ª cidade do estado de Goiás em percentual do orçamento investido em saúde. Em 2023, o Balanço da Prefeitura aponta 20,95%. Mas já esteve pior, já esteve em anos anteriores, em 2017, em 18,05%. Qual é o compromisso que a senhora faz? Eu quero chegar no número. Porque, no geral, se esse número não mudar, o resultado na ponta não muda.

Adriana Accorsi: A saúde, hoje, é a maior angústia, a maior preocupação da população de Goiânia. As pesquisas da imprensa local têm demonstrado isso e as nossas também. E esses números que eu tenho colocado, para mim, eles são gravíssimos. 160 mil pessoas aguardando uma consulta. A vida dessas pessoas está em risco. E tanto é que nós já tivemos morte, inclusive, de uma criança deste ano aguardando atendimento. Então, isso não pode acontecer.

A capital tem que ser a referência. Você veja que Aparecida tem um hospital de referência. Como uma cidade como Goiânia não tem um hospital municipal? Isso precisa ser buscado. Eu tenho o compromisso do presidente da República para a construção e manutenção do hospital. Nós faremos esse hospital em Goiânia, porém, também se faz necessário a descentralização dos atendimentos com a política das policlínicas, que você veja que faz parte do PAC, que tem um recurso federal, para que a gente faça no Sede de Distritos Sanitários de Saúde em Goiânia.

Precisamos investir também na saúde da família, que é uma saúde preventiva, principalmente no caso de crianças, de pessoas idosas. São muitas enfermidades que nós podemos evitar que aconteçam com o trabalho preventivo. Mas também, eu quero dizer, precisamos de mais pessoal. Eu quero fazer aqui um compromisso. Primeiro, com responsabilidade fiscal e econômica. Isso tem que estar na prioridade do próximo prefeito ou prefeita. Nós temos uma cidade que está acumulando dívidas. Então, nós precisamos ter responsabilidade. Dentro dessa responsabilidade, gradativamente, vamos aumentar o investimento na saúde.

Mas vamos buscar recurso federal para isso, porque as demais cidades buscam. O HMAP (Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia) que, aliás, ganhou um prêmio há duas semanas, o segundo melhor hospital do Brasil na área de pediatria, e nós, aqui em Goiânia, sofrendo com a questão da pediatria de forma tão grave, é um hospital que foi construído, e eu estive na inauguração, com uma maioria de recurso federal. Então, nós vamos buscar, e por isso a importância da parceria com o governo federal para Goiânia.

Altair Tavares: Mas Goiânia já não tem hospital demais?

Adriana Accorsi: Não, o suficiente, tem um, tem um igual. Esses hospitais são estaduais, são regulados pelo governo estadual. Goiânia não tem um hospital municipal, está padecendo desses atendimentos. Então, claro que existe a parceria com a Universidade Federal de Goiás, o HC, que é federal.

Nós temos essa parceria e ela precisa ser ampliada. Mas nós não temos o hospital de referência, onde a pessoa fala, “esse é o hospital da minha cidade”. Como foi construído e aparecido agora, a população, ela aprova, e também é aprovada em nível nacional. Você veja o que estamos passando com a questão da pediatria, que não há uma referência. Ou seja, precisa descentralizar serviços e precisa ter uma referência. Isso é o que está sendo feito em todo o Brasil, e precisa ser feito na capital, até porque, muita gente vem do interior, pelo menos era o costume.

Vir do interior para algum caso mais sério, hoje não. Porque, infelizmente, nem ganhar neném aqui, dar à luz, as mulheres de Goiânia estão podendo. Então, isso é muito grave. A falta dessa continuidade do pré-natal, você dar à luz no hospital onde você fez todo o atendimento, isso aumenta a mortalidade materna e infantil. E também é causa e fator de prematuridade. Então, nós precisamos ter esse cuidado com as nossas maternidades. Eu, como deputada federal, trouxe recursos para a ampliação da Maternidade Célia Câmara, e estou muito triste em ver que não está funcionando tão bem como deveria.

Larissa Dourado: Adriana, eu gostaria de te trazer aqui em pauta um dos temas do seu plano para a Prefeitura de Goiânia, que é a questão da cultura. E aí eu gostaria de levar isso lá para o centro de Goiânia. Como podemos ver isso de uma forma realmente efetiva que vai acontecer, caso você seja eleita?

Adriana Accorsi: Ainda na administração Darci Accorsi há 30 anos, esse debate se inicia. Eu me lembro dele convidar os comerciantes, empresários para começar a discutir. Tinha esse sonho de reativar, de reiluminar o nosso centro. Isso de fato é necessário. Mas eu vejo de uma forma diferente de todos os demais que têm trabalhado até hoje. Eu acredito que nós só vamos conseguir, de fato, reativar o centro de Goiânia com moradia, com pessoas vivendo lá. Porque você traz comércio, você traz atividades, mas, por exemplo, você mora ali no Goiânia Viva. Ali tem todos os comércios. Você não vai sair de lá para comprar alguma coisa no centro como era antigamente.

Eu, quando criança, lá no Jardim Novo Mundo, a gente falava assim, “vamos lá em Goiânia comprar alguma coisa”, porque a gente ia ao centro comprar, era tipo uma viagem. Era uma coisa emocionante, assim. E, na verdade, hoje os bairros têm os seus comércios muito consolidados. Então, o que eu acredito, e já estou fazendo como deputada, levar moradia para o centro. Daqui a alguns dias nós vamos inaugurar o primeiro Retrofit do centro de Goiânia, deputada Adriana, deputada Bia de Lima e governo federal.

O Retrofit é, justamente, uma reforma em um prédio antigo do centro para se transformar em moradia. Então, aquele prédio, que era a Caixa Econômica Federal na 2, com a Goiás, vai ser o primeiro a receber moradias populares do Minha Casa Minha Vida Entidades. É um prédio federal, a Superintendência de Patrimônio da União está disponibilizando, será reformado pela Caixa Econômica e ali serão 52 moradias. Nós faremos isso nos 15 prédios do INSS, do centro de Goiânia e muitos outros. Nós vamos fazer esse trabalho em todos os prédios públicos e áreas públicas federais. Então, esse é um dos sentidos.

Mas é preciso ter iluminação e segurança. Não adianta você fazer eventos culturais ali se você não tem segurança para os jovens virem. É preciso que o transporte público funcione até mais tarde para que eles possam voltar para casa e também é preciso trazer com incentivos restaurantes, bares, comércios. E também utilizar prédios que estão ali e apoiar para termos indústria limpa, para termos comércios, para termos outras questões que tragam pessoas. Mas eu quero aqui fazer o compromisso da segurança e que o Centro está incluído na questão do vídeo monitoramento. Goiânia tem cerca de 3 mil câmeras, muitas delas não têm muita qualidade, mas nós temos. Nós precisamos dobrar esse número. João Pessoa, que é menor que Goiânia, tem 6 mil câmeras de qualidade com inteligência artificial que avisa quando há um movimento brusco, um acidente de trânsito, uma agressão para que a gente possa ter mais segurança na nossa cidade, tudo isso com uma central de inteligência.

Altair Tavares: Projetos são importantes. Como a senhora vai envolver, principalmente o setor empresarial, nessa perspectiva?

Adriana Accorsi: Eu vejo que a capacidade de articulação política, ela é fundamental para uma administração que consiga colocar os projetos em prática. Hoje em dia, não é possível dizer que a administração vai fazer as coisas sozinha. Ela precisa da Câmara Municipal, nós estamos vendo aí embates importantes acontecendo. Ela precisa da participação de todos os setores da sociedade. Por isso, ela precisa ter essa capacidade de diálogo. Com o setor produtivo, por exemplo, eu acredito que há muito nós não temos essa voz, essa ligação.

Eu estou propondo a criação da Secretaria de Indústria e Comércio na Prefeitura de Goiânia para retomar essa capacidade de desenvolvimento econômico, financeiro, pensar essa questão da geração de emprego e renda com o setor produtivo também, pensar a capacitação profissionalizante dos trabalhadores e trabalhadoras, sobretudo jovens, mas também mulheres e todos que quiserem, enfim, que a gente tenha um desenvolvimento planejado e muito dialogado em Goiânia. E para isso, é preciso essa capacidade de diálogo, de chamar para conversar, de ter as portas abertas e acredito que essa é uma característica importante da próxima prefeitura.

Altair Tavares: Falamos dos Cmeis e do Centro também nessa abordagem, e aí o desafio é, afinal de contas, quem é que realmente vai tocar isso? Como é que isso vai se viabilizar? Quando é que vai sair do discurso de campanha para a prática?

Adriana Accorsi: Acredito que quando nós tivermos de fato uma prefeita que tem esse objetivo, esse propósito de ser prefeito de Goiânia. Não que está fazendo um sacrifício, não que está fazendo outra coisa e na hora vaga é candidato a prefeita, não. Esse é o sonho da minha vida, inspirada na administração do meu pai, que para mim foi uma administração exemplar, que eu acompanhei de perto. Esse é o sonho da minha vida e eu peço essa oportunidade para que a gente de fato consiga melhorar, transformar, avançar na nossa cidade.


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