O governador Ronaldo Caiado se reuniu na noite desta segunda-feira (18) com prefeitos de 32 cidades de Goiás, nas quais a Covid-19 gera maior preocupação, seja pela contaminação avançada ou por serem destinos turísticos, e ouviu dos gestores municipais, por quase cinco horas, discursos que defenderam, em sua maioria, a flexibilização das atividades econômicas em suas cidades.
Os prefeitos expuseram as realidades locais, com número de leitos disponíveis e ocupados, além do quadro de contaminação e a preparação de cada uma para enfrentar a doença causada pelo coronavírus. No entanto, poucos sugeriram medidas.
O prefeito de Anápolis, Roberto Naves, e de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, segunda e terceira maiores economias do estado, defenderam a flexibilização feita em suas respectivas cidades. Eles argumentaram que há leitos de UTI e respiradores suficientes para atender a população. Em ambas as cidades, conforme os gestores, há atualmente um baixo índice de internação e planos para, caso a hospitalização suba, o endurecimento automático das restrições.
“Se chegarmos a 70% dos leitos ocupados, vou fechar todos os estabelecimentos comerciais da cidade. Vou manter a flexibilização, mas com olhar atento sobre os números”, afirmou Mendanha. Em Rio Verde, Paulo do Vale destacou que a epidemia está controlada, com baixíssimo número de casos ativos, e citou a construção de um hospital de campanha com recursos do município para manter atividades econômicas funcionando. O gestor pontuou que os comerciantes têm sido responsável e colaborado com a fiscalização.
O prefeito Zé Antônio, de Itumbiara, defendeu uma flexibilização maior ainda da economia. “Temos de pensar na preservação da saúde e dos empregos. Decidimos pela verticalização (do isolamento) há 30 dias e a situação não se agravou”, afirmou. Caiado mostrou certa irritação com a colocação. “A responsabilidade é sua e respeito 100%. Os casos de Itumbiara estão sob a sua tutela. Não cabe a mim interferir. O que não pode é se o paciente morre, dizer que é responsabilidade do governo”, respondeu o governador.
O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, manteve o alinhamento com o decreto estadual, que liberou poucas atividades, como construção civil, salões de beleza, mineração, além de cultos e missas com regras. Conforme o gestor, a decisão de seguir o decreto estadual na íntegra tem mitigado a contaminação na capital. “Com a ação do Estado e da prefeitura, estamos conseguindo conter o avanço dessa doença, desse vírus. Estamos de mãos dadas, irmanados com o governo estadual”, disse. Prefeitos de Araçu, Aragarças e Alto Paraíso também relataram estar seguindo a normativa estadual integralmente, sem maiores flexibilizações.
Ao ser questionado, o governador reafirmou a sua decisão de continuar a valer em Goiás o decreto publicado em 19 de abril. Pela normativa, o Estado impôs protocolos rígidos para a reabertura gradual do comércio, mas, compartilhou a decisão sobre o que flexibilizar com as prefeituras, seguindo o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a definição é prerrogativa também dos municípios.
“O Estado se propõe a auxiliar os prefeitos naquilo que cada um entender que é o melhor para a população local, desde que tenham um plano de contingência e outro epidemiológico capazes de dar atenção aos pacientes contaminados”, assegurou Caiado.
Preocupação com o Entorno
Os representantes do Entorno do Distrito Federal, região que sempre mereceu atenção devido à vulnerabilidade social da população, discorreram sobre os principais problemas que enfrentam no combate ao coronavírus, um deles, o grande fluxo de pessoas que trabalham em Brasília. A prefeita de Luziânia, Edna Aparecida, sugeriu que seja feita uma negociação junto à Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) para que os ônibus não saiam das cidades rumo à capital federal tão cheios. O prefeito de Valparaíso compartilhou da ideia.
Caiado, diversas vezes na reunião, se mostrou preocupado com a região, pelo contato com Brasília e a carência hospitalar. O governador também colocou à disposição os efetivos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para auxiliarem os prefeitos na fiscalização do cumprimento dos decretos municipais.
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