28 de dezembro de 2024
Brasil

Em reunião anti-Renan, senadores sugerem que Tebet troque de partido por apoio

(Reprodução/TV Senado)
(Reprodução/TV Senado)

Na reunião do grupo de sete candidatos à presidência do Senado que faz frente à candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL), nesta quinta-feira (31), senadores sugeriram a (MDB-MS) que trocasse de partido para facilitar apoio a ela na eleição que está prevista para esta sexta-feira (1º).
No MDB, ela terá que enfrentar Renan na disputa interna que será travada a partir das 17h desta quinta.
Na reunião desta manhã, a segunda da semana, participaram os candidatos Tebet, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Major Olímpio (PSL-SP), Alvaro Dias (Pode-PR), Angelo Coronel (PSD-BA), Esperidião Amin (PP-SC) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), além dos senadores eleitos Eduardo Girão (PROS-CE), organizador do encontro, Juíza Selma Arruda (PSL-MT) e Soraya Thronicke (PSL-MS).
Segundo relatos de dois participantes do encontro, a proposta de troca de partido foi apresentada a Tebet porque alguns deles veem dificuldade em compor com o MDB. Uma alternativa apresentada para receber a senadora foi o Podemos.
A reportagem abordou Tebet na saída do encontro, em um hotel em Brasília, mas ela não quis se manifestar.
No senado desde 2015, Tebet era líder do MDB até o início da semana e sustentava que a presidência do Senado tinha que ficar com o partido por ser a maior bancada, com 13 senadores. Na Casa, a tradição é que o comando fique sempre com a maior bancada e a eleição costuma ser protocolar, o que, até o momento, não é o caso desta vez.
Simone Tebet renunciou à liderança do partido depois de ter sido vencida num debate interno sobre votação aberta na eleição para presidente da Câmara. A maioria da bancada do MDB optou por votação secreta, o que favorece Renan, já que muitos senadores dizem ter dificuldade de apoiar o alagoano publicamente por causa da pressão nas bases de cada um.
Como nenhum dos participantes do encontro aceitou abrir mão de suas candidaturas, ficaram de conversar com suas bancadas e realizar um novo encontro ainda nesta quinta.
Fora do governo e sem ter conseguido reeleger nomes como o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), e o presidente da sigla, Romero Jucá (RR), o MDB tem nesta eleição sua principal perspectiva de manutenção de poder.
Nas duas últimas eleições, o partido havia chegado à véspera da disputa com consenso na bancada. Primeiro, Renan foi o presidente e Eunício o líder da bancada. Depois, eles inverteram as funções. Agora, não há previsão de nada parecido.
Além dos participantes da reunião e de Renan, há a candidatura do senador Reguffe (sem partido-DF). O senador Fernando Collor (AL), que nesta semana trocou o PTC pelo Pros, não admite candidatura, mas é dado como candidato por outros senadores.
Renan tem a seu favor a habilidade política de ter sido presidente do Senado quatro vezes e a postura de firme na defesa dos seus pares diante da Justiça.
Apesar de agora se dizer um liberal e favorável às reformas, contra Renan há desconfiança do governo Jair Bolsonaro, além da pressão popular que cobra renovação e levanta bandeira anticorrupção. O senador tem no currículo 18 inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal), nove deles arquivados.
Tebet abraçou a bandeira da renovação política, que garantiu a reeleição de apenas oito senadores e trouxe 46 novos nomes para o Congresso.
Ela também aposta nas mobilizações #foraRenan e na resistência de outras legendas em apoiar o emedebista.
Mas Tebet perdeu força pela derrota na bancada no início da semana.
Não está descartado o adiamento da votação desta sexta.
Adversários de Renan querem usar as votações de questões de ordem para avaliar as chances do senador e, diante da perspectiva de sucesso dele, não descartam esvaziar a sessão e postergar a eleição. (DANIEL CARVALHO, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)


Leia mais sobre: Brasil