SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dono da construtora Delta Engenharia, o empresário Fernando Cavendish negocia um acordo de delação premiada em que promete detalhar suposto esquema de pagamento de propinas a políticos do PSDB e do PMDB, de acordo com informações do jornal “O Estado de S. Paulo”.
Um dos beneficiados pelo esquema seria o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB). Cavendish também mencionou irregularidades no Rio de Janeiro. Sua relação com o governador Sérgio Cabral (PMDB) e desvios teriam garantido contratos -entre eles, a participação no consórcio que reformou o Maracanã.
A proposta de delação, que foi apresentada para o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e para a Procuradoria-Geral da República, acontece no âmbito da Operação Saqueador, que investiga irregularidades em repasses de recursos públicos e fraudes nas obras da empreiteira.
Cavendish foi alvo da operação em junho, quando ele e o empresário Carlinhos Cachoeira foram presos preventivamente. Ambos receberam habeas corpus do STJ (Superior Tribunal de Justiça) em agosto e cumprem prisão domiciliar.
Ainda segundo o jornal, Cavendish deve detalhar pagamentos indevidos de R$ 71 milhões na obra de ampliação da Marginal Tietê, realizada entre 2009 e 2011 por meio de um convênio firmado entre o governo do Estado, então nas mãos de José Serra (PSDB), e a prefeitura, que era governada por Gilberto Kassab (PSD).
Quanto ao Rio de Janeiro, os documentos apresentados por Cavendish comentariam em detalhes sua relação com o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB).
A Delta teria praticado desvios para obter contratos de obras como a reforma do Estádio do Maracanã e do Parque Aquático Mária Lenk, sede da Olimpíada Rio-2016, e a transposição do rio Turvo.
GOIÁS E DNIT
Além das irregularidades em São Paulo e no Rio, o acordo de delação citaria desvios de ao menos R$ 276 milhões em Goiás, tanto em contratos com o governo de Marconi Perillo (PSDB) quanto em acordos com municípios.
Cavendish também apresenta, na proposta de colaboração, detalhes sobre pagamentos indevidos relacionados a contratos firmados com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para obras em ao menos quatro rodovias federais.
OUTRO LADO
Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o senador Aloysio Nunes Ferreira negou ter relações com Cavendish. Sério Cabral, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que não vai fazer comentários, assim como o advogado Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, que defende Cavendish. Perillo negou as acusações. A Procuradoria-Geral da República informou que não comenta negociações para delação.
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