Diante de mais de 2.000 pessoas, a cantora Anitta encerrou sua palestra na última quinta (16), em São Paulo, no Conarh (Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas) com um conselho aos gestores: ouçam menos aquilo que é dito em reuniões e passem mais tempo nas ruas, no metrô e nas festas -ou onde seu público estiver.
“Quase nunca o que eu via na rua era o que ouvia nas reuniões, porque as pessoas dizem ali dentro o que é interessante para elas. Você tem que ser inteligente para filtrar essas informações”, afirmou.
Observar mais as pessoas é um jeito de descobrir novos projetos que valem o risco, em vez de apostar apenas nas últimas tendências do mercado.
“Quando a pessoa se prende nos limites daquilo que já foi feito antes, cria barreiras para crescer”, disse.
Anitta citou como exemplo sua aposta, mesmo sem muito apoio das rádios e de sua gravadora, nos lançamentos com Maluma e J. Balvin, cantores colombianos de reggaeton.
No primeiro caso, ela aumentou o investimento em divulgação, com capital do seu escritório, para vencer a resistência das rádios em colocar no ar a música “Sim ou Não”, por causa dos trechos em espanhol.
Para recuperar rápido o dinheiro, sua equipe passou a caçar parcerias nas quais Anitta usava sua audiência nas redes sociais para impulsionar outros cantores, que custeavam o resto da divulgação.
“Passei algum tempo sem lançar singles só meus, mas economizei e pude lançar ‘Paradinha'”, disse a cantora, que falou por uma hora e 15 minutos para o auditório lotado -parte do público acompanhou a conversa sentado no chão.
Já com o single “Downtown”, com J. Balvin, os executivos da gravadora diziam que aquele tipo de música não estava na moda e não seria bem aceita pelo público. “Consegui fazer do meu jeito, mas com a minha grana.”
Isso não significa, diz Anitta, que vale bancar qualquer ideia sem muita reflexão. “Converso com outras pessoas para saber se não estou viajando, porque ousadia é bom, mas preciso saber onde coloco a mão”, afirmou.
Para discutir essas questões com sua equipe, a cantora diz não gostar de reuniões e preferir áudios enviados em aplicativos de mensagem.
“Me incomoda ter que decidir tudo nesses encontros. Vamos ser práticos, ninguém precisa de tanto protocolo para fazer as coisas”, disse.
No final do bate-papo, o mediador Ricardo Mota, superintendente da ABRH-Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos), selecionou perguntas que a plateia, composta por executivos de RH jovens e veteranos, enviou antes da conversa.
Leia mais sobre: Notícias do Estado