13 de agosto de 2024
Brasil

Em nota, Rede Sustentabilidade diz que declarações de Kátia Abreu são preocupantes

O Partido Rede Sustentabilidade divulgou nota de repúdio a algumas declarações da recém empossada ministra da Agricultura, Kátia Abreu. A peemedebista concedeu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo e, entre tantas falas polêmicas, disse que “não existe mais latifúndio no Brasil”.

Não contente com a declaração da ministra, o Rede Sustentabilidade afirma, em nota, que o posicionamento de Kátia Abreu é preocupante, por “negar realidades sociais dramáticas, como a divisão desigual do solo” e outros aspectos históricos brasileiros.

Confira a nota na íntegra:

Rede Sustentabilidade repudia declarações da ministra Kátia Abreu

Em entrevista recente, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, declarou que não existe mais latifúndio no Brasil, assim como responsabilizou os índios pelos conflitos que anualmente ceifam inúmeras vidas, já que, em suas palavras, eles “saíram da floresta e passaram a descer para as áreas produtivas”.

Tais declarações são extremamente preocupantes, já que negam realidades sociais dramáticas, como a divisão desigual do solo, historicamente construída através de privilégios e grilagem, assim como o morticínio de populações indígenas, de suas culturas, de ambientalistas e de agricultores familiares. Elas também não encontram suporte nos dados técnicos oficiais do próprio governo, que apontam que as maiores porções de terras em todos os biomas nacionais são ocupadas por latifúndios, que 40% deles são improdutivos e que, enquanto o número destes latifúndios cresce exponencialmente, nunca se fez tão pouca reforma agrária quanto no último governo.

O assassinato de indígenas é uma realidade cruel que cresceu alarmantes 270% nos últimos 12 anos. Tudo isto num contexto onde a bancada ruralista, ligada à ministra, apresenta no Congresso propostas que põem em risco as demarcações de terras indígenas futuras e passadas, terras de quilombos e unidades de conservação, como a PEC 215.

Ainda, na mesma entrevista, a ministra afirma que os cortes orçamentários atingirão apenas o que chama de “carne podre”, logo após uma Medida Provisória promover perdas de direitos sociais, deixando muito claro o que a ministra considera prioridade.

A Rede Sustentabilidade repudia veementemente declarações desta natureza, ainda mais chocantes quando vindas do alto escalão do Executivo Federal e manifesta preocupação de que esta seja a perspectiva adotada pelo governo para as questões do campo e dos povos indígenas. A reforma agrária continua sendo urgente e necessária, assim como o reconhecimento e o combate aos crimes cometidos sistematicamente contra milhares de indígenas e o meio ambiente.


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